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Àlex Corretja vê Alcaraz bem mas “dizer que Djokovic não é candidato no Open da Austrália é como afirmar que a Terra não é redonda”

Àlex Corretja vê Alcaraz bem mas “dizer que Djokovic não é candidato no Open da Austrália é como afirmar que a Terra não é redonda”
Jean Catuffe

Antigo n.º 2 mundial e duas vezes finalista de Roland-Garros, o catalão tem-se dedicado na última década ao comentário de ténis, na Eurosport e em outros canais. No primeiro torneio do Grand Slam do ano, que arranca já neste domingo de madrugada, espera ver uma “versão muito boa” de Carlos Alcaraz, mas avisa que o espanhol terá de “gerir bem a sua energia”. Corretja deixa também elogios a Nuno Borges e fala do adeus de Nadal e da falta que o compatriota vai fazer: “Rafa dava ao ténis o que eu amo: o trabalho, a ética, a educação, a entrega”

Este é um torneio do Grand Slam importate para Carlos Alcaraz, porque não tem sido muito feliz no Open da Austrália, mas também porque pode tornar-se no mais jovem de sempre a fazer o Grand Slam de carreira. Vê o Alcaraz mais pressionado ou tranquilo?
Para mim é estratosférico tudo o que está a conseguir alcançar com a idade que tem. Às vezes parece que nos esquecemos que só tem 21 anos e, tu mesma estavas a dizer, já conseguiu Roland-Garros, já conseguiu Wimbledon duas vezes, já conseguiu o US Open, dos grandes só lhe falta mesmo o Open da Austrália e o Masters. Pelo que soube nestes últimos dias, está a treinar muito bem, está com muita vontade, muita confiança, chegou à Austrália com tempo suficiente para fazer um par de encontros e encontrar o ritmo. Espero uma versão muito boa do Carlos. É um jogador muito agressivo, explosivo, que quando não está fresco mentalmente nota-se muito. Porque ele não ganha pelo trabalho, por aquela coisa do “vou meter a bola dentro e vou ganhar”. Ele ganha porque é diferente dos outros, porque tem uma grande explosividade. E quando é assim, se a tua cabeça não está fresca é muito difícil que tomes as decisões corretas. Com o Carlos aconteceu tudo muito rápido, em 2022 ganhou o US Open, depois teve ali uma quebra, depois ganhou Wimbledon e aconteceu um pouco o mesmo, mas acho que a temporada de 2024 dele é espetacular. O que acontece é que às vezes esquecemo-nos que é muito jovem e que o circuito é muito exigente. Eu não sei se é tão importante assim este torneio do Grand Slam para ele. É importante para que mantenha a ideia de que pode continuar a ganhar torneios importantes, mas não olho para este torneio como crucial.

Tem muito tempo para o ganhar…
Claro, claro. Não é que tenha 29 anos e que tenha perdido quatro finais em Melbourne. Não tenho dúvidas que mais tarde ou mais cedo vai ganhar o Open da Austrália. E não vejo nenhum motivo para que não possa ser este ano, sinceramente.

Olha para o duelo Jannik Sinner - Carlos Alcaraz como a final mais provável ou vê outros jogadores com hipóteses?
O Alcaraz tem um quadro bastante mais duro, poderá apanhar o Djokovic nos quartos de final e ficaria surpreendido se o Zverev não chegasse às meias-finais, porque tem estado sempre nestes momentos e vejo-o cada vez mais perto dos jogaodres do topo e a melhorar o seu jogo. E por isso o Alcaraz tem um torneio muito exigente pela frente. Espero a sua melhor versão, mas ao mesmo tempo acredito que terá de gerir muito bem a sua energia, o torneio vai ser duro, vai ter de jogar muitas vezes à noite, que faz, penso, com que o seu jogo não seja tão eficaz: a direita entra um bocadinho menos do que ele gostaria, o serviço também, o 2.º serviço também... penso que as condições de Melbourne à noite não são as mais perfeitas para o seu estilo. Mas não quer dizer que não possa ganhar porque tem capacidade para ganhar em qualquer lado.

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