Já ganhou 11 títulos no Benfica, incluindo quatro ligas. Qual o segredo?
Nunca há uma fórmula mágica. O futebol é feito de muito trabalho e é importante juntar vários fatores: a aposta que o Benfica fez, estruturando o projeto à volta da formação, com treinadores da casa e departamentos que já havia no masculino e se introduziram no feminino. Há sempre momentos de insucesso, mas interessa manter o mesmo percurso. E nisso o Benfica tem muito mérito, porque, apesar das entradas e saídas, continuamos o projeto e mantemos a coesão do grupo.
Sente a necessidade de ir arranjando estímulos novos para não haver comodismo?
É essencial inovar e introduzir coisas novas. Mas não é difícil fazê-lo pela responsabilidade que é estar aqui. O nosso presidente costuma dizer que não há créditos, e é verdade. Quando começa uma nova época, o que está para trás acabou. Se um jogador, uma jogadora, um treinador ou uma treinadora não encontrarem motivações para continuar a ganhar, então não estão no clube certo.
Como é que essa fome se estimula no dia a dia?
É a exigência que colocamos dentro do projeto. Eu sou assim e elas [jogadoras] também: se nós podemos fazer melhor, não vamos fazer pior. No dia a dia, a exigência que colocamos dentro de tudo o que fazemos — e elas saberem que são atletas 24 horas, não só oito ou 12 — ajuda a que se consiga atingir esses objetivos.
Nos plantéis que tem tido, vê-se sempre forçada a deixar jogadoras internacionais ou muito cotadas no banco. Isso é uma dificuldade ou é um desafio para criar essa tal competitividade diária?
É uma realidade e o futebol é feito de realidades, umas mais duras, outras menos duras, e os jogadores e as jogadoras têm de estar preparados para isso. Temos uma época longa, com vários jogos, temos de gerir o plantel. Todas contam e, para isso, não podemos ter receio, caso uma jogadora esteja menos bem ou condicionada, tomar esse tipo de decisões por elas serem mais ou menos internacionais. Isto também leva à tal coesão de grupo, porque um grupo trabalha sempre melhor na justiça. E a justiça é o trabalho diário.
A eliminatória com o Hammarby, que ditou o afastamento precoce da Liga dos Campeões, ainda está muito atravessada?
Foi uma fase da época complicada para todos, por aquilo que o Benfica coloca em cima de si próprio. Foi um insucesso para nós? Foi, e nós dizemos isso claramente. Doeu, mas todos os erros e tudo o que corre mal só servem para melhorar e nos tornar mais fortes para o futuro. Serve para crescermos, melhorarmos, remodelarmos. E essas transformações não ocorrem mais quando se está a ganhar, é quando as coisas correm menos bem. É importante não nos desviarmos do nosso caminho. Pensamos nisso como uma motivação extra, porque não queremos passar novamente por isso.
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