

Guia do Euro 2024 (parte I): tudo sobre os grupos A e B
Grupo C
Inglaterra
Selecionador: Gareth Southgate
Melhor resultado: 2.º lugar em 2020
Há alguns anos que a Premier League é o melhor campeonato de clubes do mundo e tal não levou a que a seleção inglesa conseguisse resultados consistentes nos torneios em que participa. É certo que houve uma mudança importante para um perfil mais técnico dos jogadores que hoje compõem o quadro dos selecionáveis por Inglaterra, pese embora isso não se tenha, ainda, traduzido numa grande vitória inglesa. Gareth Soutgate, polémicas com convocatórias à parte, não tem sido capaz de criar um registo tático que se superiorize aos desafios que a equipa enfrenta nas fases finais das competições, e disse em conferência de imprensa que sairá caso a equipa não consiga vencer a prova.
Não é de estranhar essa posição do treinador que trabalha com a seleção desde 2016, não só pelos oito anos sem títulos mas porque Inglaterra tem hoje ao dispor qualidade individual para responder às exigências táticas de qualquer treinador do mundo. Do mais ofensivo ao mais conservador, há qualidade extra para escolher e em quantidades pouco habituais para os britânicos. Para isso, basta olhar para o grupo de jogadores de alto nível que ficaram de fora dos convocados.
Depois de muito tempo a jogar com três defesas, Southgate parece querer estabilizar a equipa em 1-4-2-3-1. Mas constrói e cria com um lateral baixo - normalmente, Kyle Walker do Man. City -, dá profundidade ao lateral do lado esquerdo, e com isso liberta Phil Foden para aparecer no espaço entre linhas - onde pode ser mais decisivo. Lá encontrará Bellingham e Kane muitas vezes, com Bukayo Saka a tomar conta do corredor direito. Esse envolvimento facilita as combinações nos espaços curtos, mas nem por isso retira peças importantes para o momento de atacar a finalização, uma vez que são todos muito rápidos a aparecer para finalizar. Inclusivamente Kane que aparece muito no passe atrasado.
A transformação para uma equipa de dominante em posse trouxe desafios para superar blocos baixos e compactos a que a equipa não tem conseguido dar resposta, bem como dificuldade na resposta aos contra-ataque e ataques rápidos adversários com a pouca argúcia nas abordagens individuais dos defesas ingleses. Porém, o aparecimento em grande forma de Belligham, Foden e Kane podem ser uma ajuda preciosa no último terço para que a equipa consiga ameaçar de dentro e fora da área.
No momento defensivo a pressão inglesa costuma funcionar bem. Recuperam a bola em poucos passes do adversário ou provocam o erro. E o terem ataques tão prolongados também retira possibilidades ao adversário de chegar próximo da sua baliza. Não obstante disso, a equipa sente di-ficuldade em bloco baixo. A pouca cultura defensiva dos jogadores da frente torna-se mais evidente e os defesas são expostos com situações de vantagem para o adversário próximo da sua baliza e desmarcações adversárias nas suas costas. É legitimo que sintam dificuldade em resolver essas situações por não ser fácil hierarquizar para cada lance a importância de defender a bola, a desmarcação, ou dividir a atenção entre ambas.
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