

Guia do Euro 2024 (parte I): tudo sobre os grupos A e B
Guia do Euro 2024 (parte II): tudo sobre os grupos C e D
Grupo E
Bélgica
Selecionador: Domenico Tedesco
Melhor resultado: 2.º lugar em 1980
Sobram poucos da geração de ouro belga que não foi capaz de traduzir toda a qualidade individual em títulos. Cabe, por isso, ao novo treinador Domenico Tedesco a tarefa de renovar a equipa sem que com isso comprometa o estatuto conquistado pelo anterior selecionador.
Tedesco mudou o sistema de jogo anterior, passando a atuar com uma linha de quatro defesas. O 1-4-3-3 é o sistema preferencial, apenas alterado pelo movimento dos jogadores no meio-campo. A equipa já não é, do ponto de vista ofensivo, tão paciente a elaborar os seus ataques; optando preferencialmente por ações de definição mais rápida, e maior incidência no jogo direto. Ao contrário do que vimos nos últimos anos, é uma equipa mais talhada para aproveitar todos os espaços do que para orquestrar os seus ataques de forma mais pausada. Ainda assim, a estrutura que adota no meio-campo ofensivo é bastante interessante pelas trocas de posição entre médios e extremos, e por vezes entre laterais e extremos.
Quando a equipa está em posse da bola, à entrada do meio-campo ofensivo, um dos laterais fica mais baixo (normalmente o do lado da bola, para dar uma saída segura em largura e atrair o extremo adversário) e outro coloca-se, em largura, próximo da linha defensiva do adversário. Disso resultam o posicionamento mais interior do extremo do lado contrário, e a largura e profundidade do extremo do lado da bola. Os médios têm liberdade para se movimentarem, desde que mantenham a sua posição central. O que acaba por criar uma grande concentração de jogadores belgas nesse espaço, bem como uma reação do adversário no sentido de fechar o bloco para não permitir situações de ataque belga por esse espaço.
A ideia é utilizar as variações longas de corredor, por o adversário ficar concentrado no lado da bola e fechar dentro. Doku e Trossard são os jogadores alvo dessas variações, e é por eles que muitos dos lances de ataque da Bélgica terminam dentro da área depois de situações de um contra um, ou contra dois. Além dos extremos, há ainda Kevin de Bruyne - talvez o melhor definidor em passe e re-mate do mundo. A capacidade que ainda tem para perceber o espaço, imaginar o passe e o executar à tempo útil, não deixa de surpreender. E se pensarmos que o faz com os dois pés, tal como no remate, é verdadeiramente espantosa a dimensão individual que ele ainda carrega.
O conforto defensivo que Tedesco quer é conseguido em bloco médio baixo. Os jogadores de cada setor estão muito próximos, e o avançado também participa jogando poucos metros à frente da linha média. É uma espécie de 1-4-1-4-1, ou 1-4-4-2 quando um dos médios se junta à linha de Lukaku para pressionar. É interessante o ajuste posicional que o médio defensivo faz quando se coloca na posição do defesa central que sai para pressionar a bola. Contudo, nesse momento falta que os outros médios baixem, juntem mais, e defendam o espaço à frente dos defesas.
Se a equipa conseguir recuperar a bola nesse momento, os extremos disparam para a profundidade, sem grandes preocupações com a largura, e o portador da bola tenta imediatamente aproveitar o espaço nas costas dos defesas. Raras são as situações em que a Bélgica usa a transição ofensiva para passar para ataque organizado. Não sendo já considerada como uma das favoritas, o modelo que Tedesco tenta implementar pode resultar muito bem nesta competição de curta duração.
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