Depay fez muita fita e Weghorst resolveu com o próprio estilo o Polónia-Países Baixos
BSR Agency
Começaram bem, mas não materializaram. Revolucionaram o ataque e o golo decisivo lá apareceu. Os Países Baixos foram obrigados a completar uma reviravolta para se estrearem a vencer (2-1) no grupo D. Buksa marcou para a Polónia, mas depois de Gakpo tanto agitar e de Depay errar o alvo, Wout Weghorst, o avançado pinheiro – uma espécie de Éder –, deu a grande alegria ao pomar de adeptos neerlandeses
Memphis Depay desfilava no campo como o bad boy para quem regras são castigos. Jogou com uma fita no cabelo à Allen Iverson, antigo jogador de basquetebol conhecido por The Answer, estilo próprio de alguém peculiar no jogo, autor de piruetas entusiasmantes. Se Memphis se quis distinguir pela aparência, outros fizeram-no através das características. Weghorst não tem a fita de um jogador de basquetebol, apenas a altura de um. Farol dentro de área, não havia como não ver que estava a ali a solução para uma boa estreia dos Países Baixos no Euro 2024. Todas as equipas precisam de alguém que, mesmo sem brilhantismo, se mostre disponível 24 horas por dia para resolver problemas.
Julian Finney
Hamburgo tornou-se o local de acolhimento de laranjas que as árvores desistiram de segurar. O tom fluorescente das camisolas podia ser enganador, mas, ignorando a mancha e contando as cabeças, os adeptos dos Países Baixos eram de facto muitos. Isto excluindo os bustos dos campeões europeus de 1988 que pelo meio daquele sumo de pessoas navegavam.
A situação descambou quando a polícia disparou contra um homem em St. Pauli, um bairro da cidade. O indivíduo ameaçou os agentes com um machado e com engenhos pirotécnicos e as autoridades responderam com um tiro na perna face à falta de cooperação da pessoa que acabou ferida.
Foram circunstâncias alheias à obrigação que os Países Baixos tinham de, na estreia no grupo D, se imporem a uma Polónia desfalcada. Robert Lewandowski esteve no banco, mas só para ter lugar na fila da frente. O avançado do Barcelona está lesionado e sabia-se que não podia ir a jogo. Ronald Koeman também tinha limitações, especialmente ao nível do meio-campo. Frenkie de Jong e Koopmeiners caíram de uma convocatória que já estava carente de Marten de Roon. Para suprir as ausências foram chamados Ian Maatsen (lateral-esquerdo) e Zirkzee (avançado).
Marvin Ibo Guengoer - GES Sportf
Incongruências à parte, o onze dos Países Baixos escolhido para iniciar o jogo com a Polónia fez, na teoria, todo o sentido. Sem um lateral-esquerdo puro, Nathan Aké poupou Cody Gakpo ao trabalho de defender. O jogador do Liverpool salvaguardou esforços para outras ações, em especial para encarar Frankowski e acelerar. Memphis Depay aparecia no centro-esquerda para procurar associações. Dumfries, no flanco canhoto, tinha livre-trânsito para subir e descer as vezes que entendesse.
Tudo espremido, o sumo produzido era algum. Memphis Depay teve duas claras oportunidades na primeira parte. De melhor posição, não finalizou tão bem como Gakpo que conseguiu fazer um remate cheio de grumos passar pela peneira. Foi assim que os Países Baixos empataram. Empataram, porque, antes dos neerlandeses pintarem o domínio com as suas cores berrantes, a Polónia usou esse jogo dentro do jogo chamado bolas paradas para se adiantar via cabeçada de Buksa, antecipando-se a Van Dijk que foi o primeiro a marcar.
A disciplina dos três médios, Reijnders, Veerman e Schouten, implacáveis na pressão à construção contrária, asfixiava a Polónia de Michal Probierz. Assim, Wout Weghorst fez o empate após assistência de Nathan Aké, que subiu como um verdadeiro lateral. O estímulo da reviravolta neerlandesa motivou uma reação final dos polacos. Swiderski colou na mão do guarda-redes Bart Verbruggen a hipótese do empate.
Alex Livesey
Ronald Koeman esteve perdido na complexa busca pela coerência na hora de fazer a convocatória. Também não acertou à primeira nas características a dar ao ataque. Só quando mudou o perfil do avançado e dos extremos – lançou Frimpong e Malen na reta final do encontro – é que os Países Baixos, ainda aos apalpões, trouxeram de volta a aura que os persegue. Veremos se veio para ficar.