A estação de comboios de Leipzig é uma pequena cidade. Lá é possível comer comida do mundo inteiro, fazer as compras do dia, abrir uma conta bancária ou comprar aquela pecinha de roupa que está a faltar. E, claro, também apanhar comboios.
A Alemanha tem a maior rede ferroviária da Europa, com quase 40 mil quilómetros de carris, e neste Euro não têm faltado notícias de horror de comboios atrasados, transfers que não aparecem, adeptos empilhados em estações, gente a fazer quilómetros e quilómetros a pé até ao estádio porque os transportes falharam. Leipzig parece, por estes dias, a um mundo de distância dessa realidade. A estação local é a maior da Europa em termos de área, com quase 8500 metros quadrados, e apesar de estarmos no dia seguinte ao jogo de estreia de Portugal, frente à Chéquia (vitória por 2-1), reina uma relativa calma, como se o mito da eficiência alemã não estivesse minimamente beliscado por estas bandas, onde tudo, de facto, funcionou sem espinhas.
É hora de partida, a história deste Europeu segue agora para oeste, e o comboio com destino a Estugarda parte às 12h38. Aparece no cais ainda antes da hora prevista, já vindo de Dresden, e sai de Leipzig à hora certa. A viagem até Dortmund, onde Portugal defronta a Turquia no sábado, tem duração de cinco horas, menos uns minutinhos.
Cinco horas é muito tempo. Não há muitos óbvios adeptos de futebol pelas carruagens, mas há quem comente o jogo de terça-feira, a curiosidade de Francisco Conceição ser filho de Sérgio Conceição, que ainda jogou com Cristiano Ronaldo. Na verdade, Sérgio e Cristiano nunca jogaram na mesma equipa, já que a estreia de Ronaldo na seleção A coincide com as últimas chamadas de Sérgio, mas estiveram em campo ao mesmo tempo, durante apenas alguns minutos, na 3.ª eliminatória de acesso à Liga dos Campeões, entre o Sporting e o Inter, em agosto de 2002.
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