O Tratado de Düsseldorf, conhecido assim por nesse local ter sido assinado por Inglaterra e Suíça, incluía um equilíbrio de forças que limitava as duas potências à utilização mediana do seu poder se fogo. Tenhamos em conta o rácio expectativa antes do torneio/desempenho durante o mesmo. A aritmética da Inglaterra dá valores negativos. No caso da Suíça, o oposto. Uma vez chegados aos quartos de final, os dois países posicionaram-se em níveis semelhantes.
Os helvéticos, que deram tão boa conta de si durante o torneio, retraíram-se perante a possibilidade de atingirem pela primeira vez as meias-finais da competição. O dia menos bom apareceu na altura errada. Ao contrário do que aconteceu com a Inglaterra, equipa que viveu na fase de grupos o seu momento de iminente catástrofe, a Suíça cedeu ligeiramente já no mata-mata. Os penáltis não ligam ao passado e, depois do empate (1-1) permanecer inalterado após o prolongamento, a seleção dos Três Leões seguiu em frente (5-3).
O fenómenos táticos proporcionaram um encaixe que não levou o jogo para uma toada pachorrenta que ia bem com a modorra da tarde. Houve quem se empenhasse bastante para ser protagonista. Bukayo Saka, até quando o faziam contornar uma rotunda de defesas por via de uma trajetória que por pouco não calcava a linha de fundo, arranjava espaço para manobrar. Os cruzamentos atrasados iam sendo intercetados por um formigueiro de defesas suíços.
Gareth Southgate, o selecionador inglês, traumatizou-se com o momento de apreensão vivido nos oitavos de final quando estava virtualmente eliminado até aos minutos de compensação. No centésimo jogo a liderar o conjunto dos Três Leões, ajustou a equipa com a atribuição a Saka da tarefa de escorregar pelo flanco direito todo, tornando-se no quinto defesa quando a Inglaterra montava a estrutura com que se organizava defensivamente. O extremo acabou por não ser demasiado exposto e o posicionamento que ocupou permitiu a Phil Foden ser médio em full-time.
A Inglaterra não jogou tudo o que pode e o melhor é talvez começarmos a esquecer que o desempenho ideal possa surgir durante o Euro 2024. De qualquer modo, foi competente para impor ao adversário momentos de maior instabilidade do que aqueles que provocou a si mesma. Há inclusivamente algum mérito acrescido por jogar contra um rival que se tem equiparado aos grandes nomes e isso incluiu eliminar a Itália.
Murat Yakın dava aos seus centrais exteriores a liberdade para perfurarem no bloco defensivo contrário. Ricardo Rodríguez tentou uma série de cruzamentos perto do bico da área. Fabian Schär, dessa mesma zona, mas do lado oposto, introduziu a bola na diagonal curta de Dan N’Doye e o avançado rematou. A intenção de Stones aliviar o lance foi frouxa. Embolo, com uma tenacidade contrastante, fez o golo ao segundo poste.
O sentido de urgência de Southgate voltou a ser acionado. Afinal, faltavam 15 minutos para se encerrar a contagem dos golos. Entraram Luke Shaw, Eberechi Eze e Cole Palmer e a Inglaterra que forçou o prolongamento tinha já uma nova roupagem. Antes de se perceber qual o pendor da transfiguração, Bukayo Saka, dono do papel tático mais diferenciador no jogo, deu à bola o jeito indicado para poder receber o epíteto de arqueiro que descobriu maneira de deixar o empate na baliza de Yann Sommer.
No prolongamento, a intenção de procurar as balizas, nunca materializada em grande plenitude, praticamente desapareceu em definitivo. Declan Rice teve um remate de fora de área que obrigou o guarda-redes helvético, Yann Sommer, a atravessar paralelamente ao chão, suspenso no ar, para travar. Jude Bellingham, a quem foi atribuído um jogo de castigo a cumprir numa data a determinar depois de um gesto obsceno no jogo com a Eslováquia, deu a Rice o peito para repousar.
Por cada vez que Southgate fazia substituições – aos 115 minutos, ainda lançou Trent Alexander-Arnold –, os peões rodavam. Era difícil pedir aos jogadores que aquecem o lugar. A Suíça, mesmo mudando características, manteve-se mais estável. Xherdan Shaqiri, um dos trunfos lançados por Murat Yakın a partir do banco, tentou um canto direto que quase furou a bola no bico formado entre o poste e a trave.
A Inglaterra chegava aos penáltis, situação na qual perdeu a final do último Europeu. Bukayo Saka, que nessa ocasião falhou, mostrou um lustroso sorriso quando, desta vez, converteu. A seleção dos Três Leões já estava com o apuramento encaminhado. Akanji permitiu a defesa a Pickford, momento que fez a diferença para que Trent Alexander-Arnold dispusesse da possibilidade de fechar o desempate em 5-3. Ficou adiada a história da Suíça e a Inglaterra, passinho a passinho, está de volta às meias-finais.