Vista de longe, a postura de João Félix antes de bater o penálti contra a França não desagrada Geir Jordet. O norueguês, professor e investigador de psicologia no desporto, estudou a fundo cada desempate de penáltis que se disputou em Europeus, Mundiais e Liga dos Campeões desde 1976, tendo um olho especialmente treinado para ler os sinais mentais que o corpo transmite. Através dessa lente, os gestos do português dão-lhe boas indicações.
Félix “passou algum tempo a acomodar a bola na marca de penálti, o que mostra segurança e até paciência”, diz Geir Jordet à Tribuna Expresso. Mas o escrutínio das câmaras, ao fazerem zoom na cara do criativo, transparece “ansiedade e nervosismo”, diz o norueguês. Há outro sinal que também não é positivo: “Antes do remate, ele inspirou e expirou, mas não profundamente. Foi assim algo rápido, o que é um evidente sinal de stress e intranquilidade”, descreve o norueguês que já trabalhou como consultor com o Liverpool, Chelsea, Arsenal, Ajax ou Bayern.
O remate de João foi ao poste e não entrou, no único penálti da série entre Portugal e França que não deu golo. Assim se decidiu o confronto de Hamburgo, o segundo de três desempates que houve em seis dias de Euro 2024.
Nas meias-finais, o Espanha-França (terça-feira, 20h, RTP1) e o Inglaterra-Países Baixos (quarta-feira, 20h, SIC) poderão ser decididos através da marca dos 11 metros, tal como a final de Berlim, dia 14. Após lançar o livro “Pressure: Lessons from the psychology of the penalty shootout”, Geir Jordet fala-nos sobre as tendências, virtudes e defeitos dos remates que ajudaram a decidir o Portugal-Eslovénia, o Portugal-França e o Inglaterra-Suíça.
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