Há não muito tempo, o panorama do futebol espanhol parecia pouco animador. Escrever isto na ressaca da chegada da seleção masculina à final do Europeu, um mês depois dos triunfos do Real Madrid na Liga dos Campeões masculina e do Barcelona na feminina e 11 meses depois da vitória da equipa feminina no Mundial parecerá desfasado da realidade. Mas era a realidade.
Espanha vinha de várias más fases finais. Em 2014, 2016, 2018 e 2022 não conseguiu passar qualquer eliminatória, sendo que, nos dois últimos Mundiais, cair frente a Rússia e Marrocos foi visto quase como uma humilhação no país vizinho. A exceção, que não serviu para dar a volta à onda negativa em torno de la roja, foi o Euro 2020.
Institucionalmente, entrara-se num ciclo de crises consecutivas. Da crise da saída de Julen Lopetegui em cima do Mundial 2018 para a crise do regresso de Luís Enrique e consequente saída de Robert Moreno, da turbulência à volta das transmissões no Twitch do selecionador no Catar para as suspeitas em torno do negócio que levou a Supertaça para a Arábia Saudita.
E, claro, a maior crise de todas, a provocada pelo beijo não consentido de Luis Rubiales a Jenni Hermoso. Há não muito tempo, o futebol espanhol era como uma novela de episódios intermináveis. Subitamente, tudo mudou. Porquê? Porque os resultados fazem com que tudo mude.
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