• Expresso
  • Tribuna
  • Blitz
  • Boa Cama Boa Mesa
  • Emprego
  • Expressinho
  • O Mirante
  • Exclusivos
  • Semanário
  • Subscrever newsletters
  • Últimas
  • Classificação
  • Calendário
  • Benfica
  • FC Porto
  • Sporting
  • Casa às Costas
  • Entrevistas
  • Opinião
  • Newsletter
  • Podcasts
  • Crónicas
  • Reportagens
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • RSS
Tribuna ExpressoTribuna Expresso
  • Exclusivos
  • Semanário
Tribuna ExpressoTribuna Expresso
  • Últimas
  • Classificação
  • Calendário
  • Benfica
  • FC Porto
  • Sporting
  • Casa às Costas
  • Entrevistas
  • Opinião
  • Newsletter
  • Podcasts
Exclusivo

Bola de Berlim

Lok vs Chemie: as cicatrizes da reunificação no dérbi de Leipzig

No meio dos adeptos do Lokomotiv Leipzig, durante um dérbi contra o Chemie no Bruno-Plache-Stadion.
No meio dos adeptos do Lokomotiv Leipzig, durante um dérbi contra o Chemie no Bruno-Plache-Stadion.
Tiago Carrasco
Duas guerras mundiais, uma ditadura férrea e a uma reunificação cheia de falhas: o Lokomotiv e o Chemie foram obrigados a mudar várias vezes de nome e de cores, mas sobreviveram para contar a sofrida história de Leipzig, a única cidade da ex-Alemanha de Leste com um estádio no Euro 2024. Uma rivalidade talhada nessa Alemanha comunista e que hoje ainda se manifesta em confrontos entre grupos neonazis e antifascistas. Este é o quinto texto da ‘Bola de Berlim’, série de reportagens feitas nas regiões e cidades-sede do Euro 2024
Lok vs Chemie: as cicatrizes da reunificação no dérbi de Leipzig

Tiago Carrasco

Jornalista

Estádio: Red Bull Arena (ex-Zentralstadion)

Região: Saxónia

Grande parte dos 74 anos de vida de Rainer Lisiewicz foram limitados por um muro. O Muro de Berlim. Ouviu falar dele pela primeira vez quando, aos 11 anos, regressava à Saxónia de umas férias com a família nas praias do Mar Báltico, e lhe explicaram que o país seria dividido entre o Oeste, dominado pelas democracias ocidentais, e o Leste, sob influência do regime comunista da União Soviética. Apesar de, naquele momento, estarem no lado capitalista, voltaram para Oschatz, perto de Leipzig, onde residiam. “Não posso dizer que me arrependo, mas recordo-me de ter saudades de comer chocolates e pastilhas elásticas, que passaram a escassear na República Democrática Alemã [RDA, também denominada Alemanha de Leste]”, diz Lisiewicz, à Tribuna Expresso.

Aos 18, já era um médio-ofensivo muito talentoso. Jogava no BSG Chemie Leipzig, a que chegou por intermédio do tio, Klaus, que também alinhava no clube que o regime socialista tinha emparelhado com a empresa química da cidade. Contudo, Lisiewicz chateou-se: não gostou que os dirigentes tivessem forçado o seu tio a cumprir o serviço militar. Observado pelos olheiros do maior rival, o Lokomotiv Leipzig (Lok), tutelado pela empresa de caminhos de ferro, o médio acabou por trocar de camisola: “Não havia dinheiro envolvido nas transferências”, sublinha o antigo jogador. “Troquei porque o dono de um restaurante, que era fã do Lok, me prometeu que podia passar a comer e beber ali gratuitamente.”

Lisiewicz tornar-se-ia numa lenda do emblema “ferroviário”: enquanto jogador, fez parte da equipa que chegou às meias-finais da Taça UEFA, em 1973/74, e que conquistou uma Taça da RDA, em 1976, e como treinador, entre 2004 e 2009, obteve quatro subidas de divisão. Os fãs veneram-no. Na sua melhor campanha europeia, marcou um inesquecível golo em Düsseldorf, do outro lado do Muro, num período em que as vitórias das equipas da RDA perante as suas congéneres ocidentais eram celebradas com orgulho patriótico, bem como usadas pelo SED, o partido único no poder, como exemplo da superioridade do comunismo sobre o capitalismo.

A transferência do médio ajudou a inflamar a rivalidade entre o Lok e o Chemie. Em 1963, o poder central, que tudo decidia, resolveu mover os melhores jogadores da região para o Lok, procurando transformar o clube na grande potência de Leipzig, de forma a potenciar as hipóteses de competir contra os clubes de Berlim e de Dresden. Os atletas menos dotados foram distribuídos pelos outros clubes, nomeadamente o Chemie. Contra todas as previsões, os “químicos” sagraram-se campeões na temporada seguinte, o único título nacional do seu palmarés.

“Embora esse momento tenha sido marcante, o antagonismo entre os dois clubes remonta a finais do século XIX e tem uma base política”, diz Bastian Pauly, 38 anos. O ex-jornalista e influente sócio do Chemie aponta para os primórdios do futebol na cidade e para a fundação dos clubes antecessores do Lok e do Chemie. “Ao passo que o VfB Leipzig, antecessor do Lokomotiv, era um clube da burguesia, os grupos que deram origem ao Chemie, da zona operária, eram frequentados por operários”.

Traçar a linhagem dos emblemas de Leipzig é tão complexo como recuar na árvore genealógica de uma família da realeza: há inúmeras fusões, falências, revoluções e guerras a transformar nomes, símbolos e equipamentos dos grupos desportivos. A cidade, crucial para a eclosão do futebol alemão, foi, em 1900, berço da Federação Alemã de Futebol (DFB). O VfB Leipzig (antecessor do Lok) foi também o primeiro campeão nacional, em 1903, repetindo o feito em mais duas ocasiões, 1905/06 e 1912/13. Quando rebentou a Primeira Guerra Mundial, nenhum outro clube tinha tantos troféus.

SubscreverJá é Subscritor?Faça login e continue a ler
Inserir o CódigoComprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler
Relacionados
  • Um novo muro em Berlim: o choque entre clubes judeus e árabes na capital do Euro 2024

  • Golo? Golo diz-se “Tor”: os 60 anos da emigração portuguesa na Alemanha do Euro 2024

  • Mais verde que a relva: a luta de uma região do Euro 2024 por um futebol ecológico

  • Euro 2024: a Baviera de pitões afiados contra a recessão

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt

Bola de Berlim

  • Bola de Berlim

    Punk, política e futebol: o St. Pauli entre a Bundesliga e a crise da esquerda

    Tiago Carrasco

  • Bola de Berlim

    Düsseldorf: Como o trauma da Segunda Guerra Mundial chegou à bola…e não só

    Tiago Carrasco

  • Bola de Berlim

    Colónia: a cidade do Europeu que está de braços abertos para os futebolistas ucranianos

    Tiago Carrasco

  • Bola de Berlim

    Borussia e cerveja: os dois amores de Dortmund (onde Portugal vai jogar) vêm do mesmo barril

    Tiago Carrasco

+ Exclusivos
+ Artigos
  • Opinião

    Lago de tubarões

    Tomás da Cunha

  • Ciclismo

    Contar com a ajuda da equipa, ser forte no contrarrelógio, rematar na última montanha: como pode João Almeida dar a volta a 48 segundos?

    Pedro Barata

  • Ciclismo

    João Almeida já se imaginou a ganhar a Vuelta? Já. Mas atenção: “Imaginar e fazer são coisas diferentes. As pernas é que vão decidir tudo”

    Pedro Barata

  • Crónica

    Contra os espanhóis, marchar, marchar!

    Bruno Vieira Amaral

+ Vistas
  • Ciclismo

    Contar com a ajuda da equipa, ser forte no contrarrelógio, rematar na última montanha: como pode João Almeida dar a volta a 48 segundos?

  • Ciclismo

    Vuelta. No monte dos vendavais, João Almeida teve instinto de sobrevivência. Faltou o de matador

  • Crónica de Jogo

    O talento de João Cancelo silencia o ruído húngaro

  • Tribuna 12:45

    João Almeida a segundos de entrar no Olimpo

  • Futebol internacional

    A guerra de bastidores escalou. Como Nuno Espírito Santo não conseguiu ficar em silêncio, o enfurecido dono do Nottingham Forest despediu-o

  • Basquetebol

    Passem a bola a Luka Dončić, o monstro que fez dieta resolve

  • A casa às costas

    “Aos 12 anos, os meus pais foram para Penafiel e decidi ficar com a minha família adotiva, só com eles poderia ser jogador de futebol”

  • Futebol nacional

    Futebolista de sete anos morre em treino do Boavista

+ Vistas
  • Expresso

    Polónia vai invocar o artigo 4º da NATO: Tusk alerta para conflito militar "mais próximo do que nunca desde a Segunda Guerra Mundial"

  • Expresso

    Ministro da Educação deve demitir-se ou pedir desculpas ao Reitor do Porto, defende ex-presidente da Comissão de Acesso ao Ensino Superior

  • Expresso

    E ao quarto dia Fux votou pela absolvição e Bolsonaro respirou fundo

  • Expresso

    System of a Down entram em digressão na Europa com os Queens of the Stone Age: veja as datas dos concertos

  • Expresso

    “Divirtam-se, façam o que entenderem, mas deixem-me fora disso. Este filme é para os fãs do meu pai que ainda vivem enfeitiçados”

  • Expresso

    Donald Trump anuncia morte de Charlie Kirk: influencer conservador seu aliado foi baleado em universidade do Utah

  • Expresso

    Donald Trump anuncia morte de Charlie Kirk: influencer conservador seu aliado foi baleado em universidade do Utah

  • Expresso

    Os polícias dizem-lhe “vai-te embora para a tua terra”, Adilson responde “a minha terra é aqui”: nos ensaios da ópera de Dino D’Santiago