Esta quarta-feira, Portugal disputa a sétima meia-final de uma grande competição de futebol na sua história.
Nas seis vezes anteriores, em três delas fomos eliminados pela França (Europeu 84, Europeu 2000, Mundial 2006), uma pela Espanha e outra pela Inglaterra (Europeu 2012 e Mundial 1966).
Só numa ocasião dessas seis ocasiões Portugal conseguiu dar o pequeno salto adicional e decisivo e chegar a uma final (todos sabem qual foi, e de má memória).
Esta quarta-feira, em Lyon, voltamos a estar à beira, à beirinha, do jogo decisivo. À beira da suprema glória.
O mérito vai, inteirinho, para Fernando Santos.
Tem óptimos jogadores mas não tem uma grande, grande equipa (como em 66 ou 2000). E, provavelmente, o futebol apresentado, num país que venera o jogo de praia e a técnica e o brilhantismo, é provavelmente o pior de qualquer das vezes em que chegámos a uma meia-final. Exagero? Veja: não jogamos como em 66, nem como em 84, nem como em 2000, 2004, 2006 ou sequer 2012.
A verdade é que chegámos aqui.
Fernando Santos pegou há dois anos numa equipa partida e desarticulada (tinha vindo de um Mundial péssimo e de uma estrondosa derrota por um a zero frente à Albânia no lançamento da qualificação deste Europeu). Num somatório de estrelas sem nexo nem união nem espírito de equipa.
O historial desde então é claro. Vitórias, vitórias e mais vitórias, até chegarmos a esta competição.
E, aqui chegados, sempre o necessário para seguirmos em frente. Sem deslumbrar. Sem nos fazer acreditar que éramos os melhores do mundo. Até porque de cada vez que nos passaram essa ideia, o embate foi doloroso. Não somos os melhores do mundo, longe disso.
Desta vez, preferimos a eficácia e a competência. A política do passo a passo. Sem deslumbrar, sem ilusões, mas também sem comprometer. Não somos os melhores do mundo mas podemos ser muito bons e lutar contra quem vier.
Antes éramos os melhores a jogar à bola. Agora chegou a hora de jogar futebol, e a sério!
Esta quarta-feira, o jogo é com a hipermotivada Gales de Bale.
Hoje, antes da entrada em campo, é altura da Federação Portuguesa de Futebol anunciar que Fernando Santos passa a ter um contrato vitalício como selecionador. Agora é que é altura de lhe agradecer por tudo o que fez e de mostrar que, por nós, Fernando Santos fica quanto tempo quiser. A seleção ainda só está nas meias-finais mas o selecionador português já ganhou o título. O título de merecer ser o nosso líder.
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