Euro 2016

Contra os franceses, 'marchons, marchons'

Contra os franceses, 'marchons, marchons'
Alex Livesey

Se já é difícil ficar indiferente ao épico hino francês num jogo normal, então numa meia-final de um Europeu em França, com o Vélodrome a abarrotar, é praticamente impossível. Especialmente para os onze franceses que já entravam em campo motivados pelo festival ofensivo que protagonizaram contra a Islândia, vencendo por 5-2.

Foi assim, a todo o gás, que os franceses começaram a meia-final, empurrando a Alemanha para a área e assustando Neuer com - quem mais? - Griezmann. O pequeno francês de avô português é, de longe, o melhor jogador da França neste Europeu e, provavelmente, o melhor jogador de qualquer seleção neste Euro, não só - mas também - pelos seis (!) golos que já marcou.

Hoje foram mais dois do pequeno avançado do Atlético de Madrid, mas a verdade é que, na 1ª parte, ninguém diria que a Alemanha ia acabar a perder. É que os alemães - ainda que sem Hummels, Gómez e Khedira - dominaram por completo o jogo nos primeiros 44 minutos, mostrando uma qualidade ofensiva do melhor que já se viu neste Euro. Tabelas com Müller, remates de Can e Schweinsteiger, cruzamentos de Kimmich - foi quase tudo bem feito.

Quase, porque faltou o golo, num jogo em que os primeiros 20 minutos foram frenéticos e tiveram mais remates à baliza do que 90% dos jogos de um Euro que tem sido mais defensivo do que ofensivo. Só aos 45 minutos houve golo, mas do lado que ninguém esperava. Canto para a França e o capitão Schweinsteiger praticamente imita o desastrado penálti de Boateng contra a Itália, acabando por tocar com o braço na bola em disputa com Pogba.

Mesmo antes do intervalo, a França apanhava-se a ganhar com um golo praticamente caído do céu e nem a reação alemã foi suficiente para penetrar na densa organização defensiva francesa, que foi sempre fechando o corredor central de forma exímia. A Alemanha ainda tentava entrar pelos corredores laterais, onde eram Kimmich (que ainda mandou um remate ao poste) e Hector a dar largura, com os extremos Özil e Draxler a aparecerem por dentro, mas nenhum dos laterais era especialmente versado nos duelos individuais e faltava à Alemanha a referência na área, até porque Müller ainda não tinha conseguido marcar neste torneio.

Já depois de Didier Deschamps assumir plenamente a postura mais cautelosa, tirando Payet e pondo em campo Kanté, Boateng lesionou-se e Löw colocou em campo Mustafi, não mexendo na estrutura da equipa. E foi Mustafi que foi enganado por uma finta de Pogba, que meteu a bola na área e - depois de uma saída pouco feliz de Neuer - Griezmann voltou a desequilibrar: 2-0.

Os alemães ainda lá foram, mas houve pouca pontaria e muito Lloris a travar os campeões mundiais. François Hollande bem tinha dito que a final que queria era um Portugal-França e foi feita a sua vontade. Domingo, no Stade de France, lá estaremos - onde tudo começou, há dois anos: no primeiro jogo de Fernando Santos, a seleção portuguesa perdeu com a francesa, por 2-1. Vamos mudar a história?

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