Bierhoff: “Oferecemos-lhes o golo de bandeja”

O manager da Alemanha falou sobre a derrota com a França e o futuro de uma federação que vive e respira organização
O manager da Alemanha falou sobre a derrota com a França e o futuro de uma federação que vive e respira organização
Mariana Cabral, enviada ao Euro 2016
Jornalista
Não é estranho serem eliminados depois daquela 1ª parte muito boa? Torna as coisas ainda mais difíceis, porque não perdemos contra um adversário que tenha sido melhor do que nós. Mas foram mais espertos, apesar de nós sermos mais completos. Fizemos outra vez um penálti estúpido e ali perdemos algum fulgor. E infelizmente acabámos eliminados. Mas estou muito satisfeito com a equipa, que tem muitos jovens interessantes, mas também é verdade que pagámos pela ausência de alguns jogadores importantes.
Os alemães sabem lidar com a derrota melhor do que os outros? Acho que a pressão nos grandes países com tradição futebolística é sempre muito alta. Nós temos uma história de sucesso. Desde 2006 estivemos sempre nas meias-finais das competições e a verdade é que perder com o anfitrião não é assim tão mau. Acho que não haverá muitas críticas ao que fizemos, mas é evidente que iremos analisar bem o que se passou para perceber por que razão não conseguimos ir até à final. Mas penso que, de momento, o futebol alemão está num nível muitíssimo bom.
A Federação mantém o plano que traçou, independentemente de haver alguns resultados menos positivos pelo caminho. Claro, porque temos muitos jogadores jovens com muito talento que foram formados com esse plano e as coisas têm corrido bem assim. Esta noite dominámos a selecção francesa e acho que a certo momento conseguia-se sentir que os franceses não sabiam bem o que fazer, mas também foram perigosos quando chegaram à nossa baliza em contra ataques rápidos.
Foi o penálti a mudar o jogo? Nestes jogos as coisas pequenas mudam o jogo. Em 2012 perdemos com a Itália, que não foi melhor do que nós, mas cometemos dois erros e pagámos por isso. Infelizmente esta noite aconteceu o mesmo com o penálti e também com o segundo golo. Oferecemos-lhes o jogo de bandeja.
Mesmo perdendo, continuam fiéis à vossa ideia de jogo? Sim, claro. Isto não é pôr a mão no ombro de um jogador e a partir daí tudo passa a correr bem. É a conjugação de muitos factores importantes. Quando falhámos em 2000, investimos muito dinheiro nas infra-estruturas, na educação dos jovens jogadores e na formação dos treinadores. Por isso é que agora temos tantos jogadores talentosos, que jogam na Bundesliga com infraestruturas de topo. Claro que alguns saem do país, mas isso talvez também seja uma vantagem, porque isso quer dizer que os clubes tem de arranjar outros jogadores. E depois, desde a chegada de Jürgen Klinsmann ao banco, creio que demos à selecção uma atmosfera de muito orgulho e organização. Ou seja, uma história de sucesso tem talento, muita qualidade, mas também uma boa organização e uma boa atmosfera de grupo.
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: mmcabral@expresso.impresa.pt