Exclusivo

Euro 2020

Totem e tabu (por Pedro Boucherie Mendes)

Os portugueses têm todas as qualidades do mundo exceto saber perder e tentar perceber porque perdem. No fundo, o que nos surpreende é não vencermos todas as competições em que entramos. Só azar, árbitros, cansaço ou trapaça nos batem, nunca os adversários. E quando não é isso, é porque a FIFA ou a UEFA (ou os dois) conspiram contra nós

No país do pensamento simultaneamente único e mágico, só as conspirações contra nós são conspirações. Aquela mão do Abel Xavier no Euro 2000 foi marcada porque alguém mexeu os cordelinhos (ainda que tenha sido mão, mas isso é um detalhe irrelevante). Aquele penálti sobre Chalana em 1983, que o árbitro se enganou a marcar e nos deu apuramento para o primeiro Europeu onde estivemos, não foi nada, porque nunca se fala disso. Também se fala quase nada de termos sido campeões da Europa vencendo apenas um jogo nos 90 minutos, o que interessa é a cara dos franceses no fim. Antes disso falava-se muito de termos perdido o Euro caseiro de 2004 contra os chatos dos gregos, que jogavam um futebol tão feio que quase se fez uma petição para lhe tirar a taça (estou a inventar, mas talvez não por muito).

Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt