Em distância percorrida a Suíça leva o ouro. Portugal, só mais ou menos: seleção já fez 3.589 quilómetros no Europeu
Peter Summers
A melhor forma de superar os meses sem viagens a que a pandemia obrigou, é participar num campeonato da europa entre 11 cidades. As seleções da Suíça, Polónia e Bélgica que o digam, uma vez que juntas percorreram mais de 28 quilómetros na fase de grupos do Euro 2020
Rita Meireles
Tem a máquina de calcular na mão? Calma, as contas dos jogos de quarta-feira estão fechadas e, ainda que Portugal tenha passado pelos quatro lugares do grupo em 90 minutos, a terceira posição no Grupo F veio para ficar. Mas daqui a umas semanas chegam os Jogos Olímpicos, daqui a uns meses o mundial de futsal e, porque de 2020 o Euro só tem o nome, o campeonato do mundo de futebol é já no próximo ano. A tendência é só uma, por isso o melhor é não perder a prática. Façamos contas.
Antes mesmo da pandemia, o Euro 2020 já estava desenhado para ser diferente. A UEFA trocou o habitual formato - que reúne em apenas um país europeu as seleções finalistas - por uma edição comemorativa do 60.º aniversário da competição, realizada em 11 cidades: Amesterdão, Baku, Bucareste, Budapeste, Copenhaga, Glasgow, Londres, Munique, Roma, São Petersburgo e Sevilha. Mas, se para uns países a festa foi logo ali ao lado, para outros, as distâncias não foram tão simpáticas e, aos minutos em jogo, este ano acrescentaram-se as horas no avião.
Ao longo da fase de grupos, a Suíça foi a seleção com o pior plano de viagem e, por isso, o menos recomendado para a vida pós-vacina, se estiver a tirar notas. A única equipa a ultrapassar a marca dos 10 mil quilómetros percorridos ficou instalada em Roma, Itália, mas jogou dois dos três jogos em Baku, Azerbaijão. Ao todo foram cinco viagens e 10,012 quilómetros. A primeira com partida em Berna e chegada a Roma e depois duas idas e duas voltas entre a cidade italiana e Baku.
Não muito longe disso ficou a Polónia, do Grupo E, que dividiu os jogos entre Sevilha e São Petersburgo. A opção da seleção polaca de montar o 'quartel-general' no seu país, em Sopot, obrigou os jogadores e equipa técnica a percorrer maiores distâncias. Para o primeiro jogo a viagem foi para São Petersburgo, o segundo em Sevilha e no terceiro de novo a cidade russa. No fim, a equipa somou um ponto e 9,457 quilómetros.
A Suécia, no mesmo grupo, também percorreu um número elevado de quilómetros. Os dois jogos em São Petersburgo não foram um grande problema, mas os 5.967 quilómetros percorridos para o jogo com a Espanha, em Sevilha, aumentaram as contas da equipa. No total, foram 8.729 quilómetros, a quarta maior distância.
A fechar o pódio das distâncias percorridas está a Bélgica, adversária de Portugal nos 'oitavos'. A clara prejudicada do grupo B no que às viagens diz respeito, fez mais 6 mil quilómetros do que qualquer uma das outras três seleções (Dinamarca, Rússia, Finlândia). Também aqui, a equipa escolheu ficar no seu país ao longo da competição, em Tubize, o que não ajudou nas contas, uma vez que os jogos foram entre São Petersburgo e Copenhaga. Foram 3.814 quilómetros para disputar o primeiro jogo, 1.529 para o segundo e para o terceiro repetiu-se a primeira dose. Um total de 9.157 quilómetros.
Para o jogo frente a Portugal a viagem tem como destino Sevilha, e de novo a Bélgica estará em desvantagem, ainda que a diferença não seja muito grande.
Portugal vai encontrar a Bélgica na próxima fase da competição
Isosport/MB Media
Com mais de sete quilómetros ficaram, ainda, outras duas equipas: Turquia e País de Gales, ambos do Grupo A. Os jogos foram entre o Estádio Olímpico de Roma e o Estádio Olímpico de Baku, e as duas seleções escolheram Baku como “casa” para este europeu. Com a viagem de Cardiff para Baku e a deslocação a Itália para um dos jogos, foram 7,287 quilómetros percorridos pelo País de Gales. Para a Turquia o cenário foi o mesmo, com a diferença que a partida foi de Istambul, alterando o número final para 7,971 quilómetros.
Menos é mais
As cidades-sede acabaram por dificultar a vida a umas seleções, mas facilitar a outras. A Itália jogou as três partidas do Grupo A em Roma e, uma vez que a equipa ficou alojada em Coverciano, Florença, estava apenas a 270 quilómetros de distância. O mesmo aconteceu com a Dinamarca no Grupo B, mas entre Helsingor e Copenhaga a distância é ainda mais curta (44 quilómetros).
No Grupo C a sorte calhou aos Países Baixos, que fizeram os três jogos em Amesterdão, a apenas 57 quilómetros de Zeist, onde está a equipa. Wembley, que irá receber a final da competição, foi onde Inglaterra jogou a fase de grupos, a 215 quilómetros da base, em Burton-upon-Trent. Espanha optou por permanecer na capital, a uma distância de Sevilha de cerca de 500 quilómetros. Por fim, a Alemanha disputou os jogos em Munique e permaneceu em Herzogenaurach, a uma distância de 194 quilómetros.
Das seis seleções que mais tempo estiveram a bordo de um avião, quatro passaram para a fase seguinte e duas ficaram pelo caminho (Polónia e Turquia). Por outro lado, as seis que jogaram em casa, e estavam mais perto dos estádios, foram todas apuradas para os oitavos-de-final. Se as viagens tiveram ou não influência na competição ainda é algo para descobrir mais tarde, mas a verdade é que a seleção mais prejudicada nesse aspeto foi a Suíça - e ainda continua em prova.
Quanto a Portugal, ficou no 'mais ou menos'.
Do grupo F foi a segunda seleção que mais quilómetros percorreu, sendo que até nisto a França ficou em primeiro, e no quadro geral, ficou na 13.ª posição. Os ainda campeões da Europa foram de Lisboa para Budapeste, onde a seleção permaneceu durante a fase de grupos e disputou dois dos jogos do grupo.
Pelo caminho houve ainda uma deslocação a Munique, para o jogo com a Alemanha. 3.589 foi o número de quilómetros que a seleção nacional percorreu até ao final da fase de grupos. A próxima viagem do grupo português é de Budapeste para Sevilha e depois para Lisboa, quer ganhe ou não, uma vez que a Cidade do Futebol vai receber a equipa para o resto da competição.