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Das camisolas sem mangas aos músculos à Nadal: a transformação física do adolescente Carlos Alcaraz para “ficar cómodo”

Das camisolas sem mangas aos músculos à Nadal: a transformação física do adolescente Carlos Alcaraz para “ficar cómodo”

Estrela do ténis espanhol, de apenas 18 anos, surgiu no Open da Austrália com (muito) mais massa muscular e arrasou os seus dois primeiros adversários em Melbourne Park. Estatísticas não mentem e mostram como 2021 foi um ano de sonho para o jovem de Murcia. Objetivo para o final de 2022? Entrar no top 15 ATP

Lembra-se quando o espanhol Carlos Moya usava camisolas sem mangas em campo no início dos anos 2000? E, mais tarde, quando o compatriota Rafael Nadal optou pelo mesmo estilo em vários torneios em que participou — alguns deles muito recentemente? Há uma nova estrela do ténis espanhol a seguir o mesmo rumo a nível estético. Carlos Alcaraz tem apenas 18 anos, já figura no 31.º lugar do ranking mundial — a sua melhor classificação de sempre — e surgiu em court esta semana, no Open da Austrália, a vestir um equipamento sem mangas e a impressionar pela sua dimensão física, estando já a ser alvo de comparações com Nadal, algo que sempre quis evitar.

Em apenas dois meses,  a jovem estrela do ténis mundial colocou os treinos um pouco de lado para se dedicar às sessões de ginásio e aumentar significativamente a massa muscular. Optou por não disputar qualquer torneio de preparação para o Open da Austrália para trabalhar mais a parte física. E o ténis portentoso que apresentava tornou-se ainda mais possante. A exibir-se em Melbourne Park como o tenista mais jovem do evento australiano, o jogador natural de Murcia cilindrou na primeira ronda o chileno Alejandro Tabilo, 136.º do ranking e oriundo da fase de qualificação, por 6-3, 6-2 e 6-3, em menos de duas horas de embate. E na madrugada desta quarta-feira neutralizou por completo o ténis do sempre perigoso sérvio Dusan Lajovic, 39.º do mundo, vencendo por 6-2, 6-1 e 7-5 rumo à terceira eliminatória.

“É muito importante para mim e para a minha equipa trabalhar a componente física. Sabíamos que esta temporada eu ia jogar grandes torneios, contra grandes jogadores e encontros muito duros. Sentir-me bem fisicamente era fundamental para estar cómodo. Nesta pré-temporada focámo-nos muito nisso e já tinha sido assim em 2021. Tive uma grande mudança física e isso deixa-me muito contente”, confessou Alcaraz em conferência de imprensa, depois do triunfo inaugural na Austrália.

Já com duas vitórias no bolso, Carlos Alcaraz vai agora protagonizar um dos encontros mais aguardados da terceira ronda, tendo pela frente o “martelo” italiano Matteo Berrettini, número sete ATP. Mas logo com o triunfo na primeira eliminatória Alcaraz consolidou uma estatística interessante do seu currículo: nunca perdeu na primeira eliminatória de um torneio do Grand Slam — os números mostram um registo de cinco triunfos e nenhuma derrota. Aliás, a nível estatístico, está a comportar-se como gente grande, melhor até do que campeões como Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic. Aos 18 anos, oito meses e 12 dias, Alcaraz é cabeça de série de um torneio do Grand Slam pela primeira vez — mais cedo do que qualquer um destes três heróis do ténis mundial. 

Números são apenas números e estatísticas à parte, certo é que há já um objetivo definido para o final da temporada de 2022: entrar no top 15 do ranking mundial e garantir uma vaga nas Nitto ATP Finals, torneio que reúne os oito melhores da época. “O ano passado foi um grande ano para mim, quando me consolidei como um dos melhores do circuito. Estou quase no top 30 e é muito bom quando outros jogadores te conhecem verdadeiramente. Têm sempre um pouco mais de respeito por nós”, confessou o espanhol, em declarações ao site do ATP World Tour. E até onde chegará Carlos Alcaraz no Open da Austrália? Espera fazer melhor do que no Open dos Estados Unidos, no qual atingiu os quartos de final da prova. 

Carlos Alcaraz tem 18 anos e nunca perdeu à primeira ronda de um torneio do Grand Slam ( Foto: Julian Finney/Getty Images)

Um salto repentino no ranking

O objetivo de Carlos Alcaraz de vir a ser top 15 do ranking mundial no final de 2022 começou a pairar na sua cabeça no final da época de 2021, mas logo no início do ano passado já se mostrava dentro do top 150 ATP. Uma subida vertiginosa de 109 lugares na classificação — de 141.º para 32.º — em apenas uma época. 2021 foi mesmo o ano de sonho para o espanhol, que culminou com a vitória nas Next Gen ATP Finals, evento que junta os oito melhores teenagers da época. 

Além disso, o jovem de Murcia também surgiu, em 2021, na lista de jogadores que foram campeões de torneios do circuito principal ATP pela primeira vez, tendo erguido o troféu na terra batida do bonito evento de Umag, na Croácia, tornando-se o tenista mais jovem a conquistar um torneio ATP desde o japonês Kei Nishikori em Delray Beach, nos Estados Unidos, em 2008. 

Mas, já em 2020, Alcaraz começou a dar cartas no circuito principal, tornando-se, com apenas 16 anos, no Rio de Janeiro, o mais jovem jogador a vencer um encontro numa prova ATP desde o chileno Cristian Garín, em 2013. Quem se mostrou visivelmente satisfeito foi o seu treinador, que conta com um currículo invejável no mundo do ténis: o também espanhol Juan Carlos Ferrero, campeão em Roland Garros em 2003 que se tornou número um mundial pouco tempo depois de Alcaraz… ter nascido, nesse mesmo ano.

De pequenino se torce o pepino

Começou a jogar ténis aos quatro anos com o pai, também Carlos, e sempre a querer acompanhar a carreira de Rafael Nadal, seu ídolo. Alcaraz nunca escondeu também o gosto pelo golfe e pelo futebol nos tempos livres, acompanhando igualmente a sua equipa preferida, o Real Madrid. É fã de música reggaeton e, no que toca ao cinema, o seu filme preferido é o “Rocky Balboa”, não deixando escapar qualquer filme em que esteja presente o seu ator favorito: Will Smith. 

Já no ténis, a sua pancada preferida é a direita — e que potente direita — e, apesar de a cidade de que mais gosta ser Nova Iorque, nos Estados Unidos, o torneio em que prefere jogar é Roland Garros. Será que vai seguir as pisadas do seu ídolo e vencer tantos títulos em Paris como ele? Só faltam 13…

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