“Não sou Deus, não posso ganhar todos os jogos. Lutei por cada ponto”: a campeã Osaka caiu na 3.ª ronda na Austrália mas está “orgulhosa”
Naomi Osaka teve dois match points no terceiro set, mas não conseguiu fechar o jogo. Amanda Anisimova, a 60.ª do ranking WTA, cresceu e bateu a tenista japonesa, que conquistou este torneio em 2019 e 2021. “Foi divertido jogar”, disse, ela que vai cair do top 80 do ranking feminino
Depois de perder com Leylah Fernandez, em setembro de 2021, na terceira ronda do US Open, Naomi Osaka anunciou uma pausa. Não sabia quando voltaria a jogar ténis outra vez. A vitória já não trazia alegria, mas mero alívio. E a derrota empurrava-a para baixo, afundava-a. A tenista japonesa – que já fora uma das campeãs da saúde mental quando, antes dos Jogos Olímpicos, inaugurou a frase “É OK não estar OK” na capa da “Time” – admitiu que não achava isso “normal”. E parou. Afinal, chegara a um ponto em que precisava de saber o que queria.
O regresso, pouco glamoroso, aconteceu num torneio menor na Austrália, nos primeiros dias de 2022. No Melbourne Summer Set alcançou as meias-finais, mas nunca chegou a defrontar a russa Veronika Kudermetova, culpa de uma lesão no abdómen.
E chegou o Open da Austrália. Começou bem, com uma vitória contra a colombiana Camila Osorio, na primeira ronda, com um duplo 6-3. “É sempre especial voltar aqui, tenho muitas boas recordações. Sinto-me bem, certamente graças ao público acolhedor”, disse depois do debute. Osaka ganhou duas edições do Open da Austrália, em 2019 e 2021, ao que junta ainda dois triunfos no Open dos Estados Unidos (2018, 2020).
Na segunda ronda, Osaka, a 14.ª tenista do ranking WTA, despachou a norte-americana Madison Brengle, com os parciais de 6-0 e 6-4, em pouco mais de uma hora.
Com Amanda Anisimova pela frente, uma tenista que ocupa o 60.º lugar do ranking, a cavalgada triunfal que quem sabe muitos imaginavam foi interrompida na terceira ronda. A norte-americana bateu Osaka, que até ganhou o primeiro set, com os parciais de 4-6, 6-3 e 7-6. Anisimova teve de salvar dois match points no terceiro set.
Amanda Anisimova, a 60.ª do ranking WTA, depois de vencer Naomi Osaka (Clive Brunskill/Getty Images)
“Definitivamente, eu penso que lutei por cada ponto e não posso estar triste com isso”, refletiu no fim, a tenista, de 24 anos, que agora vai sair do top-80. “Não sou Deus. Não posso ganhar todos os jogos. Por isso, só tenho de ter isso em conta e saber que seria bom ganhar o torneio, mas isso, quer dizer, é muito especial.”
Naomi Osaka admitiu que a velocidade da bola de Anisimova a surpreendeu e que “foi divertido jogar”, o que pode ser importante para a reserva de ânimo que carrega. “Eu sei que há dias em que vou ter maus dias e dias em que vou ter ótimos dias. É sempre aleatório, e eu nunca sei. Mas, independentemente do que me aconteça, eu quero sair do court sabendo que lutei por todos os pontos.” Reconhecendo que houve coisas no seu jogo que devem melhorar, sente-se “orgulhosa” por, “mesmo com isso”, ter beneficiado de dois match points.
Na sexta-feira, Naomi Osaka já admitira do que se trata este regresso ao lago dos tubarões. “Só quero entrar neste ano sabendo que vou jogar o ano inteiro e que vou ter a melhor atitude de sempre. Vou lutar por cada ponto e, mesmo que ganhe ou perca, vou sair do court sabendo que dei o meu melhor. E ninguém pode esperar mais nada de mim porque viram como lutei arduamente.”