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Para o comissário da NBA, a regra que impede Kyrie Irving de jogar em Nova Iorque “não faz muito sentido”

Para o comissário da NBA, a regra que impede Kyrie Irving de jogar em Nova Iorque “não faz muito sentido”

Kyrie Irving continua certo da sua decisão de não se vacinar contra a covid-19 e continua a jogar num regime de part-time pelos Brooklyn Nets. A restrição em vigor impede que pessoas não vacinadas entrem em recintos desportivos fechados, mas, no caso dos jogadores, só se aplica aos que jogam por equipas ‘da casa’. Algo que deixou confuso o comissário da NBA

Quando o tema são as vacinas contra a covid-19, levantam-se vozes contra e a favor em várias modalidades. É difícil chegar a um acordo quando existem tantas pessoas envolvidas, mas a NBA esteve lá perto, com cerca de 97% a 98% dos jogadores vacinados. Da pequena percentagem de não vacinados, assim como no ténis ou no surf, há um jogador a assumir o protagonismo em relação ao tema: Kyrie Irving. Mas, para Adam Silver, comissário da NBA, ele não se encontra numa situação justa.

Para contextualizar o tema, ao declarar publicamente não estar vacinado, nem ter intenções de o fazer, Irving acabou impedido de jogar pelos Brooklyn Nets, uma vez que no estado de Nova Iorque não é permitida a entrada em recintos desportivos fechados a pessoas não vacinadas e a equipa abdicou de utilizá-lo por não o poder ter a tempo inteiro. Com o aparecimento de novos casos positivos, o jogador foi chamado para ajudar a equipa apenas nos encontros fora de casa. Neste momento continua a jogar nesse regime de “part-time”.

O que leva Silver a defender a posição de Irving é o facto desta regra só se aplicar aos atletas que vivem no estado de Nova Iorque. Se forem de uma equipa visitante e não estiverem vacinados, têm permissão para jogar.

“Sobre esta lei em Nova Iorque, o estranho para mim é que só se aplica aos jogadores da casa. Penso que se, em última análise, essa regra é sobre a proteção das pessoas que estão na arena, não faz muito sentido que um jogador de fora que não esteja vacinado possa jogar no Barclays, mas o jogador da casa não pode. Para mim, essa é uma razão pela qual eles deveriam dar uma vista de olhos a essa regra”, afirmou o comissário, durante a participação no programa “Get Up” da ESPN.

Com escritórios da NBA situados em Nova Iorque, Silver tem vivenciado estas restrições no seu dia-a-dia, confessando mesmo que há uma “sensação” diferente na cidade. O Barclays Center, pavilhão dos Nets, está localizado em Brooklyn, que na altura em que as restrições foram aplicadas tinha uma situação política diferente. Talvez agora as coisas possam vir a mudar.

“A minha opinião pessoal é que as pessoas devem ser vacinadas e tomar a dose de reforço. Posso imaginar um cenário em que Brooklyn, como parte da cidade de Nova Iorque, com um novo presidente da câmara, Eric Adams, que não estava no lugar quando essa regra foi posta em prática, possa decidir mudar e dizer que já não é necessário ter um requisito de vacinação obrigatória, particularmente um que afeta apenas os jogadores da casa”, afirmou o comissário.

Ao mesmo tempo, e já durante uma conferência, Silver mostrou-se hesitante em relação a qualquer mudança na situação de Kyrie Irving por causa da mensagem que pode mandar cá para fora: “Ter esta cidade fechada de novo mantém-me acordado à noite. A regra foi posta em prática, começar a mudá-la agora penso que enviaria mensagens confusas. Por isso, estou a debater-me com a ideia, para ser honesto convosco”, disse.

Antes do jogo dos Nets frente aos New York Knicks, na quarta-feira, Steve Nash, treinador da equipa de Brooklyn, também abordou o assunto e mostrou-se confiante numa possível mudança nas regras.

Em conversa com os jornalistas em Miami, no passado sábado, Irving expressou a esperança de que o mandato fosse anulado, permitindo-lhe jogar em casa. Para Irving, tudo isto são apenas “circunstâncias da vida real” que o afetam a ele e outras pessoas na cidade onde essa restrição está em vigor. “Não sinto culpa”, disse Irving. “Sou o único jogador que tem de lidar com isto em Nova Iorque, porque jogo lá. Se eu estivesse noutro lugar, noutra cidade, então provavelmente não seriam as mesmas circunstâncias”, afirmou.

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