Entrevista a Morten Thorsby, o jogador ativista ambiental: “O futebol é o maior fenómeno social do planeta, tem um poder gigantesco. O futebol pode salvar o mundo se tomar uma posição sobre a crise climática”
O médio da Sampdoria, a quem os colegas chamam “Greta Thunberg”, criou uma plataforma de donativos para que futebolistas combatam a crise climática, ajudou a melhorar a pegada ecológica de um estádio, já teve reuniões com políticos e luta para “colocar mais gente dentro do barco” da causa. O norueguês, em conversa com a Tribuna Expresso, alerta para o “dinheiro sujo” que há no futebol e acredita que a mensagem climática deveria ser mais simples: “Queremos ar limpo, água limpa e comida limpa”
Há frases curtas que dizem muito, conjuntos pequenos de palavras que, usadas com certas intenções, conseguem ferir muito. Quando um jogador ousa sair da monotonia das frases que nada dizem, do discurso cheio de ideias pré-fabricadas, as frases acima colocadas logo são prontamente utilizadas, quase como se botões de silenciar se tratassem.
O “Stick to football” é dito quando Marcus Rashford ousa lutar para que crianças possam ter comida para comer ou livros para ler; quando Raheem Sterling se atreve a falar da sub-representação de dirigentes ou treinadores negros na Premier League; quando Megan Rapinoe comete o pecado de falar de machismo ou de tratamento desigual entre jogadores e jogadoras.
E é, também, dito a Morten Thorsby. Aos 25 anos, o norueguês tem consolidado a sua carreira na Sampdoria, sendo presença habitual nos relvados da Serie A e na seleção do seu país. O trajeto futebolístico deu ao médio uma “grande plataforma”, que ele pretende usar “de maneira positiva, para o bem”. Nos últimos anos, Thorsby tem-se dedicado a lutar contra a crise climática, através de ações concretas ou da tentativa de alertar consciências alheias para a urgência do problema.
Com a “We Play Green”, plataforma que criou em 2020, Morten angaria fundos e alia-se a outras entidades para espalhar a sua mensagem. Porque “este é um trabalho que tem de ser feito em conjunto como sociedade, não é um combate que se possa ganhar sozinho”, diz o jogador. Numa longa chamada telefónica com a Tribuna Expresso, na qual revela uma clareza argumentativa e domínio do tema própria de quem reflete e age muito sobre a questão, Thorsby explica como o jogo que “ama” pode fazer a diferença.
Como é que te defines: um jogador de futebol que é um ativista ambiental, ou um ativista ambiental que é um jogador de futebol? Sou um tipo normal que joga futebol e, também, um ativista ambiental. Tenho a sorte de poder jogar futebol de maneira profissional, esse é o meu trabalho e felizmente trabalho em algo que amo. Ao mesmo tempo, tenho uma enorme paixão na luta pelas questões climáticas e ambientais.
Quando é que te começaste a informar pelas questões climáticas e a tentar realizar algumas ações? Começou quando eu tinha 15 ou 16 anos, por volta de 2011. Comecei a ler e a recolher informação sobre o que estava a acontecer e a aperceber-me que tínhamos um enorme problema entre nós, mas que ninguém fazia nada para o resolver. O meu envolvimento com as questões climáticas começou por aí, porque passei a querer fazer alguma coisa quando entendi que não se falava muito do tema ou não se fazia nada de verdadeiramente relevante. Então, comecei a usar a minha voz. Ao mesmo tempo, a minha carreira no futebol levantou voo, fui para os Países Baixos e ganhei notoriedade. É como se a minha carreira no futebol e a minha ligação ao ativismo ambiental andassem de mãos dadas, tem sido uma viagem conjunta, em que o facto de ir crescendo na minha carreira como jogador e ganhando mais notoriedade também me ajudou a ter a visibilidade necessária para que a minha voz fosse ouvida nas questões climáticas.
Numa outra entrevista, disseste que, a certa altura, quando ainda eras muito novo, pensaste deixar o futebol perante a tomada de consciência da gravidade da situação climática. Como é que isso se deu? Foi um período difícil, eu tinha 18 ou 19 anos e considerei seriamente retirar-me porque achava que, havendo problemas tão graves em relação aos quais tínhamos de fazer algo, o futebol era um projeto egoísta. Como podia justificar jogar futebol quando havia tantos problemas? Os meus pais, na altura, foram visitar-me, falámos sobre isso e chegámos à conclusão de que, se eu continuasse a jogar futebol, teria uma plataforma para falar sobre estes problemas e aumentar a consciencialização sobre estas questões. E é o que tenho feito desde aí. A minha maior motivação para jogar e fazê-lo cada vez melhor é continuar a fazer com que a minha voz seja mais ouvida. Sempre que estou a jogar bem, tenho a possibilidade de falar sobre estes temas. É mais difícil falar quando estou a jogar mal ou a equipa está a perder, mas quando as coisas correm bem, toda a gente está mais recetiva a ouvir-nos. Essa é uma grande motivação para mim.
Quando um futebolista opina de outros temas que não futebol, há aquela clássica frase que lemos: “stick to football”[limita-te ao futebol]. Como é que reages quando te dizem isso? Essa é uma opinião completamente fora de moda. Nós somos jogadores de futebol, mas também temos o poder de influenciar, somos pessoas importantes para as quais muita gente olha, particularmente os mais novos. Temos uma grande plataforma e deveríamos usá-la de maneira positiva, para o bem. Há sempre a escolha de usar essa plataforma de maneira negativa ou positiva, e julgo que temos uma enorme chance de usá-la para o bem. Normalmente, tento separar falar de política de falar sobre direitos humanos ou a crise climática. Para mim, direitos humanos ou a crise climática são temas indiscutíveis, que nos unem a todos, não são política, é simplesmente fazer o que está certo e garantir um futuro bom para os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos. Para mim, isso não é político, é algo em que todos devemos concordar.
Voltando ao começo do teu ativismo climático. Quais foram as tuas primeiras ações? Em primeiro lugar, comecei a olhar para mim mesmo: cortar o consumo de carne, começar a conduzir um carro elétrico, andar de bicicleta quando possível, comprar menos coisas… Depois, comecei a ver o que era possível fazer em conjunto com o meu clube, o Heerenveen. Olhámos para o estádio e tomámos decisões para o tornar energeticamente mais eficiente, nomeadamente a colocação de painéis solares no estádio, processo no qual eu fiz parte de um grupo de trabalho envolvendo várias pessoas. Depois, os jogadores decidiram, quando possível, começar a ir de bicicleta para os treinos. Além disso, comecei a usar a minha voz, nomeadamente colocando informação nas minhas redes sociais. E, desde aí, foi um processo, sempre tentando fazer mais e mais.
E, até porque tu na alturas eras um jogador muito jovem, como foi a reação inicial dos companheiros? Claro que alguns se riram ao início ou acharam que eu era estranho, ou não entendiam. Mas noto imensa mudança nas pessoas nos últimos cinco anos. Agora, vejo cada vez mais pessoas que sentem que isto é importante, querem saber mais, entender e procuram informação. Cada vez mais gente entende que isto é um grande problema. Há seis ou sete anos, quando comecei a falar disto, as pessoas estavam muito menos conscientes, e isso já é uma mudança positiva. A reação é bem diferente, julgo que toda a gente se preocupa mais. No entanto, ainda assim, há falta de informação entre os jogadores de futebol. Muitos não sabem o suficiente para tomarem as decisões certas e não sabem as consequências do que estamos a fazer. Isso trava-os de tomarem ações.
Apresentação do “We Play Green”, uma “plataforma independente e confiável para que jogadores de futebol profissionais possam contribuir para a solução da crise climática”, que “recruta jogadores, angaria fundos e cria comunicação inspiradora com o objetivo de espalhar consciencialização climática pela família do futebol mundial”. Foi criada em 2020 por Thorsby.
No vídeo de apresentação de “We Play Green”, dizes que “não podemos mudar, se não tomarmos consciência”. Os futebolistas podem ajudar a que haja essa tomada de consciência? O papel dos jogadores de futebol poderia ser criar essa consciência. Esse deveria ser o principal objetivo do futebol, espalhar essa consciência e mostrar que se preocupa com o ambiente. Julgo que o futebol é seguido por 3,5 mil milhões de pessoas à volta do mundo, logo o futebol poderia ajudar muito a espalhar a mensagem a pessoas que ainda não estão suficientemente informados.
Temes que as pessoas achem que o que fazes são só palavras vagas, sem ação concreta? O ponto de partida é sempre sermos honestos connosco próprios. Eu tento sempre ser honesto comigo. Este é um trabalho que tem de ser feito em conjunto como sociedade, não é um combate que se possa ganhar sozinho. Se me disserem que sou um jogador de futebol que tem uma vida que não é muito amiga do ambiente, isso é verdade. Eu tento ser honesto e mostrar tudo o que faço e espalhar mensagens positivas, de maneira positiva, mostrando como é possível restaurar o equilíbrio com a natureza, e que isso seria algo que beneficiaria toda a gente. Claro que há quem considere errado que os jogadores de futebol se posicionem e falem sobre isto, mas são cada vez menos.
Uma das críticas que fazes ao próprio movimento ambientalista é que a mensagem, ao longo dos últimos 20 anos, foi passada em termos demasiado agressivos. Em que é que achas que essa transmissão da mensagem tem errado? Acho que esse ponto é muito importante e é um ponto em que o movimento ambientalista cometeu erros nos últimos 20 anos, o que levou a que não crescesse mais. A distância entre quem está informado e quem não está é muito grande, e é normal que quem esteja informado utilize linguagem muito forte e urgente, porque o tema é urgente. Mas, para resolver este tema, precisamos que muitas pessoas se juntem, e precisamos que se juntem pessoas que ainda não estão informadas ou não sabem do tema. E, para que elas se interessem, é preciso começar com mensagens mais simples, não tão agressivas ou urgentes, e ir construindo a partir daí. A linguagem, por vezes, é um pouco complicada também.
É por isso que, por vezes, eu a tento traduzir para linguagem mais simples, quase futebolística: nós queremos ar limpo, água limpa e comida limpa. É simples. Queremos que os nossos filhos possam jogar futebol e respirar ar puro e beber água não contaminada. Este tipo de conceitos são simples e é, na essência, aquilo por que lutamos. O futebol é o jogo dos direitos iguais, que toda a gente tem a possibilidade de jogar, mas, no futuro, milhões de pessoas tornar-se-ão refugiados climáticos se nada fizermos. E isso será um problema, também, para o futebol: são milhões de potenciais jogadores que terão de fugir dos seus países devido à crise climática, portanto isto também afeta o futebol. Também é importante falar da crise climática nestes termos simples. É importante dar à linguagem da luta climática um toque humano. Não se trata de salvar o planeta, trata-se de salvar-nos a nós, de salvarmos os nossos filhos e os filhos deles. É salvarmos as nossas famílias, é algo que está muito próximo de nós.
Morten Thorsby chegou à Sampdoria em 2019. Desde então, fez 88 partidas pelo clube italiano (Foto: Getty Images)
Li que há companheiros teus que te chamam “Greta Thurnberg”. Gostas disso? Alguns colegas chamam-me assim, é verdade. Para mim, não é um problema, mas não me compararia a Greta. Ela tem vindo a fazer um trabalho muito importante, quase como cara do movimento, mas ela fala muito para pessoas que já estão sensibilizadas e informadas sobre a crise climática. Eu acho que temos de colocar toda a gente a bordo, temos de fazer o que a Greta diz, mas simplificar a mensagem e alargá-la a mais gente. Mas a Greta tem feito um trabalho incrível. Não há problema que me chamem assim.[Risos]
Fala-se de crise climática num balneário de uma equipa de futebol de uma liga de topo na Europa? Sim, fala-se. O que sucede agora é que as coisas estão a começar a acontecer em nosso redor. Temos fogos florestais, calor extremo, seca… Isto são coisas em que as pessoas reparam, não são efeitos para o futuro longínquo, são mudanças que as pessoas já sentem, e isso leva a que as pessoas falem disso. Sim, falamos disto no balneário.
Voltando um pouco ao envolvimento que o futebol pode ter no combate à crise climática. Achas que a iniciativa para que o futebol se junte à luta, para que tenha uma voz mais forte, deveria vir mais de Federações e entidades que regulam a modalidade ou de jogadores? Na minha opinião, estas mudanças começam sempre com pressão vinda de baixo. É preciso conseguir trazer jogadores e adeptos — as raízes do futebol — para a causa. Começando daí, isso irá criar pressão nas Federações e nos organismos que mandam para fazerem ações. Mas eu acredito que é preciso começar a pressionar de baixo neste movimento. Se tens um clube de futebol e os adeptos têm uma forte consciência e ativismo ambiental, eles vão forçar o clube a fazer algo ou não vão permitir que o clube faça certas coisas, e o mesmo se aplica para os jogadores. Se muitos futebolistas começarem a dizer o mesmo, algo irá acontecer, trata-se do efeito bola de neve que temos de começar a criar.
Thorsby começou no Stabaek, da Noruega. Em 2014 rumou ao Heerenveen, dos Países Baixos, e em 2019 à Sampdoria (Foto: Jonathan Moscrop/Getty Images)
Recentemente, em Inglaterra, houve notícias sobre clubes que iam em aviões privados para partidas que eram relativamente perto, ao invés de, por exemplo, de comboio, como é comum em Itália. Achas que, nesses casos, os jogadores deveriam tentar sensibilizar os clubes para a mudança? [Dá um suspiro profundo, como que a pensar] Buff… Essa é a parte mais difícil do envolvimento do futebol nisto. Viagens, transportes, é um tema complicado. No fim de contas, o futebol quer resultados, e para isso quer os jogadores nas melhores condições físicas possíveis. Nalguns casos, é difícil evitar voar. Mas em muitos casos há ótimas opções. Penso que, sempre que haja uma boa opção, se deve escolher a mais sustentável. Eu li sobre alguns casos de que falas e reparei que era positivo que se reparasse nisso… A verdade é que já começa a ser quase um tabu voar em jato privado se há boas ligações de comboio na mesma área, e isso é bom, não acontecia no passado. Se tens um clube e te preocupas, claro que o vais fazer, vais procurar soluções sustentáveis. Quanto mais os jogadores ou os adeptos pressionarem os clubes, menos irão acontecer alguns desses maus exemplos.
Normalmente, o futebol é associado a coisas que não são muito boas para o clima, como esses jatos privados, por exemplo. Sim, é verdade. Mas é o mesmo para todas as outras indústrias, nisso o futebol não é exceção, há imensas indústrias com muita pegada ecológica. Só que o futebol tem poder de fazer muitas coisas boas. Imagina se o futebol inspirasse 3,5 milhões de pessoas para se tornarem mais conscientes quanto à crise climática, como o fez, por exemplo, quanto ao racismo. Esse é o poder do futebol. Claro que o futebol tem o seu problema de pegada ambiental, mas o futebol pode também fazer a diferença para melhorar a pegada ambiental.
Recentemente, tiveste encontros com diversos políticos, como o ministro do ambiente italiano ou o primeiro-ministro da Noruega. Nesses encontros, sentes-te quase como um político? Não. Sinto-me como alguém com uma mensagem e que a quer espalhar. Sou um jogador de futebol que quer espalhar as mensagens e a informação que os cientistas nos dão. Eu simplesmente reencaminho essas informações científicas e digo que temos de fazer algo, que temos a possibilidade de fazer grandes mudanças e é o que devemos fazer. Mesmo quando me reúno com pessoas importantes, com políticos, sinto que somos só seres humanos a tentarem fazer o que está certo.
Meeting with the environmental minister of Italy @SergioCosta_min in Rome yesterday. Speaking about football and environment, and how football can contribute with education, engagement and concrete action. pic.twitter.com/BP7ivphRPd
Prémios como o “player activism award”, que recebeste da FIFPro [a união internacional dos sindicatos de jogadores de futebol], dão força para continuar? Sim, claro. Motiva-me e inspira-me para continuar com o meu trabalho. A FIFPro é uma boa organização, muitos jogadores inspiradores ganharam esse prémio antes de mim, logo é muito cool que ele me seja atribuído. É, sobretudo, uma motivação para prosseguir.
Falas muito nessa motivação para espalhar a mensagem através do futebol. Achas que o poder de transformação do futebol está a ser pouco utilizado, está ser desvalorizado? Sim, acho que o poder do futebol tem sido desvalorizado. O futebol é o maior fenómeno social do mundo, tem um poder gigantesco. É maior do que qualquer religião ou atividade cultural. Acredito mesmo que o futebol pode salvar o mundo se tomar uma posição sobre a crise climática. Claro que é difícil, porque há muito dinheiro sujo no futebol, dinheiro que não é propriamente verde ou sustentável. Mas isso também faz com que tente que valha mais a pena, porque um futebol verde mudaria o mundo. É por isso que trabalho nisto, porque o potencial está lá.
Falas de dinheiro sujo. Alguns patrocinadores importantes que investem no jogo, como empresas poluentes, não ficariam muito satisfeitos se vissem muito ativismo climático no futebol… Claro. Algumas pessoas que estão do outro lado, do lado errado, vão ficar muito zangadas, mas isso é o que temos de fazer, temos de criar o mercado do futebol verde. Só que este mercado só será criado se os adeptos quiserem. Os adeptos irão decidir que direção tomará o futebol e o melhor exemplo disto é como a força dos adeptos travou a Superliga. A Superliga foi uma iniciativa tomada pelos donos de certos clubes que viram nela uma possibilidade de ganhar muito dinheiro, mas os adeptos gritaram “não!”, disseram claramente que não queriam que o jogo fosse naquela direção. Os adeptos podem decidir para onde irá o futebol, daí ser tão importante convencermos e trazermos estes adeptos para a causa climática. Se conseguirmos fazer com que eles se preocupem com soluções verdes, o futebol irá preocupar-se com soluções verdes. E aí entra o papel dos jogadores, que podem influenciar os adeptos e colocar mais gente dentro do barco. Em conjunto, jogadores e adeptos têm o poder de definir o rumo do futebol.
Morten Thorsby tem 12 internacionalizações pela seleção principal da Noruega (Foto: Jose Breton/Pics Action/NurPhoto via Getty Images)
Os adeptos têm o poder de fazer ouvir a sua voz, por exemplo, dizendo que não querem que o seu clube seja patrocinado por tal marca porque ela não é verde. Sim, exatamente. Estou convencido que é para aí que temos de caminhar.
Sentes-te sozinho às vezes nesta luta dentro do futebol? [Suspira profundamente] Bem… Talvez, neste momento, não haja tantos que falem de maneira tão clara como eu no futebol, mas há cada vez mais gente a dizer coisas pequenas, usando a sua voz e dizendo que se preocupam. Acho que é uma questão de tempo, está muito a acontecer. Eu tento acender a chama para que os jogadores falem mais, porque sei a importância e a diferença que isso pode fazer.
Qual é o teu objetivo final? Que legado gostarias de deixar? O meu grande objetivo é que seja possível resolver a crise climática. Isso é a coisa mais importante. Eu sinto os efeitos da crise climática agora e continuarei a sentir no futuro, mas quero que os meus filhos e netos tenham as mesmas possibilidades que tenho hoje. Esse é o grande objetivo e eu quero utilizar o futebol para isso. Como já disse, o futebol tem uma possibilidade enorme de fazer a diferença. Eu amo o futebol e quero que os meus filhos cresçam num mundo em que possam jogar futebol e fazer tudo o que eu posso fazer.
Gostarias de ser reconhecido como quem ajudou a que o futebol atingisse esse objetivo? Eu não me importo muito por isso. A única coisa aqui que importa é a causa. Mas sei como isto funciona neste mundo, nós agarramo-nos mais a pessoas do que a causas, e eu sei que as pessoas me seguem porque sou um jogador de futebol. Aproveito isso para espalhar a mensagem e inspirar mais jogadores a falarem sobre isto.
Queres deixar alguma mensagem final? A solução para isto é conseguir o engajamento de cada vez mais pessoas. Jogadores de futebol, falem e usem as vossas vozes. Adeptos, pensem no que podem fazer na vossa área, no vosso clube de futebol local ou na vossa comunidade. Isto é algo que não estamos a fazer individualmente, estamos a fazer juntos, coletivamente. O que é preciso é criar movimentos sociais. Tragam a vossa família e amigos para a causa e comecem a ver o que podem fazer à vossa volta. Essa é a melhor maneira de solucionar. Da minha parte, deixo a promessa de que continuarei.