O ato de viajar com um saco cheio de raquetas de ténis às costas por esse mundo fora consome tempo e paciência aos tenistas, mas Andy Murray tem cabeça para mais do que lançar a bola para o outro lado da rede.
Dele, sabemos, vem sempre um pouco de humanidade: já era uma estrela quando contratou uma mulher para ser sua treinadora, a antiga número 1 mundial Amélie Mauresmo, mesmo perante os esgares de desconfiança e mesmo de sexismo dos colegas de circuito. Amiúde defende o legado de Serena Williams quando os jornalistas insistem em manter o ténis masculino como bitola para feitos e recordes (a norte-americana tem 23 títulos em torneios do Grand Slam, mais que Nadal, Djokovic ou Federer) e ainda recentemente apelidou de “um grande passo atrás” o facto do torneio do Dubai pagar cinco vezes mais aos homens face ao torneio feminino.
Mas Murray, de 34 anos, não é só de palavras. O atual número 88 do ranking mundial, que tenta voltar a um nível superior depois de uma grave lesão na anca que o levou mesmo a uma primeira retirada em 2019, anunciou no Twitter que vai doar todo o prize money conquistado daqui até final do ano à UNICEF, valor que será encaminhado para as crianças vítimas da guerra na Ucrânia.
Além de “ajudar a providenciar bens médicos”, o dinheiro dos ganhos de Murray nos torneios de 2022 será direcionado também para que “a educação essencial continue”, diz o tenista, que sublinha que a UNICEF está a “trabalhar para tornar possível o acesso à educação por parte das crianças refugiadas, bem como a apoiar a reabilitação de escolas atingidas” pela violência que todos os dias nos chega do país, de onde já saíram perto de dois milhões de pessoas, que procuraram refugio em outros países da Europa após os ataques do exército russo.
O britânico, vencedor de três títulos do Grand Slam e duas medalhas de ouro olímpicas, já chegou a uma final esta temporada, no ATP de Sydney, e recentemente anunciou que vai voltar a trabalhar com Ivan Lendl.
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