Primeiro foram a Ferrari e a McLaren que surpreenderam na primeira sessão de treinos da pré-temporada do Mundial de Fórmula 1, em Barcelona, mas a Mercedes decidiu que não queria ficar de fora e chegou ao Bahrain com uma novidade que pôs toda a gente a falar do mesmo. Na realidade, mesmo antes do início dos segundos treinos, já se especulava que a equipa campeã mundial estava a planear grandes mudanças no carro da temporada 2022. Isso revelou-se verdade na manhã da passada quinta-feira, quando o W13 foi apresentado com sidepods minimalistas - tão pequenos que mal se conseguem ver.
Os sidepods são utilizados na Fórmula 1 para orientar o ar no interior dos carros e proporcionar o arrefecimento do motor. A inovação da Mercedes foi desenvolvida para maximizar esse efeito e ao mesmo tempo ajudar na aerodinâmica.
"A verdade é que não antecipámos essa possibilidade quando elaborámos os regulamentos de 2022. Este conceito que a Mercedes desenvolveu é uma interpretação muito extrema das regras", afirmou Ross Brawn, diretor técnico do campeonato. "Não tenho dúvidas de que esta interpretação irá gerar debate. Tentamos sempre minimizar o mais possível as zonas cinzentas, mas a F1 é sobre inovação extrema”.
E o diretor técnico não se enganou: há mais de 24 horas que não se fala de outra coisa no paddock.
Na quinta-feira de manhã, a revista alemã "Auto Motor und Sport" informou que o chefe de equipa da Red Bull, Christian Horner, já tinha posto em causa a legalidade do carro à luz das novas regras. "Do nosso ponto de vista, a Mercedes foi longe demais", disse. "Isso não corresponde ao espírito do regulamento". A Red Bull apressou-se a negar que Horner tivesse feito qualquer tipo de comentários sobre o carro da Mercedes. No entanto, Toto Wolff, chefe de equipa da Mercedes, não perdeu a oportunidade de responder.
"Quando se segue uma direção de desenvolvimento específica, a FIA examina-a e torna-se parte do processo. Estávamos interessados em não correr sozinhos, mas em estar em contacto com a FIA, e é por isso que penso que não haverá problema. É evidente que quando se vem com uma inovação, isso cria o tipo de debate que estamos a ter aqui. Era o que se esperava", afirmou.
O chefe de equipa da Ferrari, Mattia Binotto, admitiu que a abordagem da Mercedes lhe tinha chamado à atenção, mas optou por não revelar se os profissionais que ficaram na fábrica, em Maranello, já estavam a considerar o mesmo. "Sem dúvida que é um grande carro, mas isso não deve ser uma surpresa para nós. É um conceito bastante diferente do nosso, bastante interessante o layout do arrefecimento e os sidepods", afirmou.
Se a inovação funcionou ou não, só se saberá na próxima semana, com a chegada da primeira ronda do Mundial de Fórmula 1. Por agora, no primeiro dia de testes, os pilotos da Mercedes George Russell e Lewis Hamilton foram o 9.º e 11.º mais rápidos. No segundo, Hamilton conseguiu o 4.º melhor tempo e Russell o 13.º.
"Tem um aspeto interessante, mas não se trata do seu aspeto, trata-se da rapidez com que anda. Atraiu o olhar de muitas pessoas esta manhã. Estou orgulhoso de fazer parte de uma equipa que está a impulsionar a inovação e ver algo tão espetacular a ser conseguido é bastante incrível", disse Russell sobre as novas características do seu carro.
Uma das opiniões que gerava mais curiosidade por parte dos adeptos e comunicação social era a de Max Verstappen, da Red Bull. O atual campeão mundial foi questionado sobre o carro da Mercedes, mas optou por brincar com a rivalidade entre as equipas e, entre sorrisos, responder: "É feio, não é?"
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