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“E aqui estamos, a ganhar €280 num torneio”. O dinheiro não chega ao outro lado da rede

Gastão Elias, o 202º melhor tenista do mundo — já foi o 57º —, sai de muitos torneios com prejuízo financeiro
Gastão Elias, o 202º melhor tenista do mundo — já foi o 57º —, sai de muitos torneios com prejuízo financeiro
Adam Pretty/Getty Images

Os melhores jogadores ganham milhões em prémios monetários e patrocínios, mas a maior parte dos profissionais passa o ano a viajar pelo mundo em condições precárias

“E aqui estamos, a ganhar €280 num torneio”. O dinheiro não chega ao outro lado da rede

Pedro Barata

Jornalista

Sentado no aeroporto de Bolonha, à espera de um dos muitos voos que fazem parte da sua rotina anual, Gastão Elias desabafa: “O tipo que está aqui sentado ao meu lado se calhar ganhou mais dinheiro em apostas comigo hoje do que eu fiz por jogar.” Atual 202º do ranking ATP, o tenista fala com o Expresso depois de “três semanas más”, em que, competindo em Itália e em França, perdeu na primeira ronda de três torneios challenger, a segunda divisão do circuito profissional de ténis. Na competição que acabou de disputar Gastão levou para casa €280 de prémio monetário, o que, conjugado com os gastos que tem, o conduz a um triste cálculo: “Nestas três semanas, levo um prejuízo acumulado de cerca de €3 mil.”

O ténis de elite é conhecido pelos milhões que move e o glamour que arrasta. Diversos estudos colocam-no como a quarta modalidade mais vista do mundo. Segundo a lista ­anual da “Forbes”, as duas únicas mulheres entre os 50 atletas mais bem pagos de 2021 são tenistas: Naomi Osaka, com os €55 milhões que a posicionam à frente de estrelas como o basquetebolista James Harden ou Patrick Mahomes, da NFL, e Serena Williams, com os €37,75 milhões que a fazem ter lucrado mais do que Mbappé. Roger Federer, que liderou a tabela em 2020, foi o sétimo desportista que mais dinheiro ganhou no ano passado, com cerca de €82 milhões. Mas a vida fora do mediatismo dos campeões é bem diferente.

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