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“Não estamos competitivos para ir atrás de vitórias”. Lewis Hamilton pouco otimista com o novo Mercedes. Ou é só areia nos nossos olhos?

“Não estamos competitivos para ir atrás de vitórias”. Lewis Hamilton pouco otimista com o novo Mercedes. Ou é só areia nos nossos olhos?
Mario Renzi - Formula 1/Getty

Pelo menos para já. Apesar das inovações no novo Mercedes, Hamilton garante que a equipa está atrás da Red Bull e Ferrari quando se concluíram os testes de pré-temporada. O construtor alemão costuma esconder o jogo antes do início da época, mas o sete vezes campeão mundial garante que os problemas do W13 "não são coisas às quais se dê a volta numa semana"

Há um engraçado termo que por esta altura, a cada ano, pede licença para entrar no léxico de quem acompanha a Fórmula 1. “Sandbagging”, é esse o vocábulo, que por cá significará algo como fazer crer que se é pior do que realmente se é, iludir, para mais tarde apanhar todos de surpresa.

É raro a Mercedes mostrar tudo o que tem nos testes de pré-temporada, não é sequer comum que tenha o desempenho mais cintilante, mas o certo é que no final do ano é o que se sabe: mesmo que Max Verstappen tenha sido campeão mundial com um Red Bull, os alemães vão com oito títulos mundiais de construtores consecutivos. E é por isso que o termo “sandbagging” é tantas vezes aplicado à Mercedes.

As novas regras e os novos carros de 2022 trarão seguramente um factor de imprevisibilidade ao Mundial, que arranca já na próxima semana, mas os testes de Barcelona e do Bahrain mostram-nos que os grandes deverão continuar a ser grandes, que a Red Bull está bem, que a Ferrari talvez tenha dado um passo à frente depois de duas temporadas fora da luta e que a Mercedes continua a saber ler nas entrelinhas dos regulamentos para inovar. Mas Lewis Hamilton, que no último dia de treinos no Bahrain terminou com um pouco condizente 17.º melhor tempo em 18 carros em pista, já avisou: não contem com vitórias da Mercedes no arranque do campeonato.

“É demasiado cedo para pensar no desfecho do Mundial, mas neste momento não acredito que estejamos competitivos para ir atrás de vitórias”, sublinhou o heptacampeão mundial, fazendo soar os alarmes a poucos dias de se ouvirem os primeiros roncos oficiais dos novos carros.

Mas é tudo isso, ou apenas a Mercedes atirar-nos areia para os olhos? Hamilton garante que as suas palavras são honestas.

“Dizem-nos que estamos a desvalorizar-nos, mas é diferente este ano”, disse o piloto no final dos testes no Bahrain. “Temos maiores desafios em mãos e não são coisas que às quais se dê a volta numa semana. Vão demorar mais tempo. Disseram-me que temos ainda um longo caminho para encontrar ritmo”.

MAZEN MAHDI/Getty

Há um ano, a Mercedes também parecia atrás da Red Bull nos testes de pré-temporada, mas o certo é que Lewis Hamilton começou o ano com três vitórias nas primeiras quatro corridas. O britânico e Max Verstappen lutaram pelo título de pilotos até à última volta do último grande prémio, com vitória para o mais jovem dos dois, mas a Red Bull ficou mais uma vez atrás da Mercedes entre os construtores.

Haja aqui jogo escondido ou não, o certo é que o discurso de Hamilton é prudente, para não dizer pessimista. “A Ferrari parece-me a equipa mais rápida, depois a Red Bull e depois talvez nós. Ou a McLaren. Atualmente não estamos na frente”, insistiu o piloto de 37 anos.

Verstappen na frente

Possíveis “sandbaggings” à parte, Max Verstappen foi o mais rápido no 3.º e último dia de testes da pré-temporada, dia em que a Red Bull trouxe para o circuito de Sakhir um novo pacote aerodinâmico. O campeão do mundo terminou com 1:31.720m, numa jornada em que completou 53 voltas ao traçado do Bahrain. Charles Leclerc (Ferrari) terminou com um tempo 0.695s mais lento, seguido de Fernando Alonso, que deu 122 voltas ao circuito com o seu Alpine. Só Nicholas Latifi teve mais quilometragem, ao fazer 124 voltas com o Williams.

É preciso ir ao 4.º posto para ver o primeiro Mercedes e é o George Russell - Hamilton, recorde-se, fez apenas o 17.º registo do dia.

“Acho que ninguém está ainda na maior capacidade de qualificação neste momento”, avaliou o neerlandês à F1TV no final do dia, sublinhando que mais do que o tempo, conseguido com pouco combustível e, consequentemente, pouco peso no carro, a análise mais importante da jornada foi feita aos pneus e seus diferentes compostos.

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