Para jogar em Wimbledon, Daniil Medvedev poderá ser obrigado a dar “garantias” de que “não é apoiante de Vladimir Putin”
John Walton - PA Images/Getty
Nigel Huddleston, ministro britânico do desporto, anunciou estar em "conversações" com os organizadores do mítico torneio sobre as condições de participação dos tenistas russos. Segundo o "Times", os responsáveis dos Grand Slams têm discutido a hipótese de ir mais longe nas sanções aplicadas pela ATP, WTA e ITF aos tenistas russos e bielorrussos — que podem continuar a competir sem usarem bandeiras ou símbolos dos países, tendo sido excluídos somente das provas de seleções
A resposta do desporto à invasão da Ucrânia por parte da Rússia tem-se feito sob a forma do cancelamento de provas, suspensão de contratos de patrocínio ou exclusão de equipas e seleções do país de Vladimir Putin das mais variadas competições. O ténis, sendo uma modalidade individual, teve uma reação mais comedida, permitindo que os atletas russos e bielorrussos continuassem a jogar, desde que sem bandeiras ou símbolos dos respetivos países, que foram excluídos dos torneios por seleções — a Taça Davis para os homens e a Billie Jean King Cup para as mulheres.
No entanto, há quem esteja a pensar ir mais além nas medidas definidas pela ATP (organizadora do circuito masculino), WTA (responsável pelo circuito feminino) e ITF (a federação internacional). Quem o revelou foi Nigel Huddleston, ministro britânico do desporto.
Questionado numa audiência no comité da Cultura, Media, Digital e Desporto sobre a presença de Daniil Medveded, atual número um do ténis masculino — deixará de o ser na próxima segunda-feira —, no torneio de Wimbledon, o ministro avançou a possibilidade de uma "garantia" de que estes não defendem o regime de Vladimir Putin ser condição para atletas de modalidades individuais poderem competir no Reino Unido.
"Ninguém com uma bandeira da Rússia deveria poder participar", começou por Nigel Huddleston, considerando depois que são necessárias "garantias de que os atletas não são apoiantes de Vladimir Putin", estando o governo a "considerar que formalidades poderão ser precisas para tentar obter essas garantias".
"Em resumo, estaria eu confortável com atletas russos com a bandeira russa a competir? Não", vincou, assumindo estar "em conversações" com os organizadores de Wimbledon, que decorre de 27 de junho a 10 de julho. O ministro disse ainda que "a questão dos vistos" atribuídos a atletas russos poderia também "ser um problema".
Anastasia Pavlyuchenkova, a melhor tenista russa da atualidade (14.ª no ranking WTA), no torneio de Wimbledon de 2021
John Walton - PA Images
Pouco depois do começo da invasão da Ucrânia, Medvedev disse "querer a paz" e desejou "que houvesse o mínimo de perdas possível", mas não quis "falar de culpados ou do problema". Não teceu críticas diretas a Vladimir Putin. Já Andrey Rublev, russo que ocupa a 7.ª posição do ranking ATP, escreveu numa lente de câmara de televisão, após o triunfo num encontro no Dubai, "não à guerra".
Segundo o jornal "The Times", os organizadores do torneio de Wimbledon têm mostrado "preocupações" quanto à possibilidade de permitir que tenistas da Rússia e da Bielorrússia disputem a competição agendada para este verão.
De acordo com a mesma fonte, já há "conversações informais" entre os torneios do Grand Slam (Open da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e US Open) para "discutirem a possibilidade de ir mais longe do que as decisões iniciais" da ATP, WTA e ITF. Os quatro majors funcionam como entidades à parte dos organizadores dos circuitos do ténis, tendo autonomia para tomarem decisões à parte.
O Open da Austrália decorreu em janeiro. Roland Garros jogar-se-á de 22 de maio a 5 de junho, Wimbledon irá disputar-se de 27 de junho a 10 de julho e o US Open tem começo marcado para 29 de agosto e final agendado para 11 de setembro.