Expresso

Histórico desde 1997: 25 anos depois de vencer o seu primeiro Masters, Tiger Woods continua pronto para ganhar

Histórico desde 1997: 25 anos depois de vencer o seu primeiro Masters, Tiger Woods continua pronto para ganhar
Stephen Munday

Tinha apenas 22 anos quando surpreendeu o mundo do golfe: venceu o seu primeiro Masters e bateu uma série de recordes. Na altura não sabia se chegaria a ser o melhor jogador do mundo, mas tinha a certeza que esse era o seu objetivo. Esta semana, no mesmo local, está muito perto de regressar ao desporto depois de um período difícil marcado pelas lesões e algumas polémicas

Abril de 1997, há precisamente 25 anos, foi um mês de transformação para o golfe, não só a nível desportivo, mas também social. Ao vencer o tradicional Masters, no Augusta National Golf Club, Tiger Woods estabeleceu recordes e quebrou barreiras culturais, uma vez que até aí todos os vencedores eram de cor branca. Mas se houve mudanças na própria modalidade, o que dizer em relação à vida daquele que se viria a tornar um dos maiores nomes do desporto?

Durante o primeiro dia do torneio poucos acreditavam que fosse possível Woods chegar à vitória. Afinal de contas, tratava-se de Augusta, um local onde geralmente são precisas pelo menos quatro tentativas para chegar à vitória - esta era apenas a terceira do norte-americano, a primeira como profissional.

No segundo dia, a sorte começou a mudar. O burburinho sobre Woods aumentou as expectativas em relação ao atleta e começou a provocar reações entre outros participantes com outra tarimba. Uma das histórias mais marcantes aconteceu com Colin Montgomerie. O jogador já tinha participado em 22 majors e estava no mesmo grupo que Woods na terceira ronda. No dia anterior tinha deixado um aviso: “A pressão está a aumentar e eu tenho muito mais experiência em campeonatos importantes do que ele”. Quando Butch Harmon, o treinador de Woods, lhe pediu para mostrar a Montgomerie quem ele realmente era, o jogador disse apenas: “Oh, não te preocupes”.

“O comentário de Colin motivou-me. Se ele já tivesse ganhado um grande torneio, eu talvez tivesse deixado passar, mas como ele não o tinha feito, imaginei que estávamos no mesmo patamar ao entrar nessa ronda”, recordou Woods, 10 anos mais tarde.

No último dia do torneio, o norte-americano surgiu com a camisola vermelha e calças pretas que viriam a tornar-se a sua imagem de marca. Antes de sair para o recinto conversou com o pai: “Filho, esta vai ser provavelmente uma das rondas mais difíceis que alguma vez tiveste de jogar na tua vida”. E já no campo recebeu a visita de Lee Elder, o primeiro jogador de golfe negro a jogar no Masters, em 1975. “Nada me ia impedir de chegar aqui. Fiz história aqui e vim aqui hoje para ver mais história ser feita. Depois deste dia, ninguém vai virar a cara quando um negro caminhar para o campo", afirmou Elder em 1997. Durante décadas o Augusta National Golf Club não aceitou membros de cor negra.

No final da derradeira ronda, Woods tornou-se histórico e transcendeu o próprio desporto. Venceu o torneio, estabeleceu uma série de recordes no Masters, incluindo o vencedor mais jovem de sempre e a maior margem de vitória (12 pancadas), e levou o público ao delírio.

Simon M Bruty

“O maior impacto do Tiger, de longe, foi na consciência pública do golfe. Ele tornou-se omnipresente: anúncios televisivos, capas de revistas, entrevistas, aparições na televisão. A consciência pública ultra elevada foi essencial para tudo o que o golfe conquistou: mais fãs, mais jogadores, mais campos, mais vendas de equipamento”, disse Joe Beditz, presidente da National Golf Foundation, ao “New York Times”.

Seguiu-se uma carreira de muito sucesso, com alguns momentos muito difíceis pelo meio envolvendo polémicas, lesões e acidentes de viação. Woods recuperou de todos os episódios menos bons e ainda não deu por terminado o seu percurso no golfe.

No dia 13 de abril de 1997, antes de deixar Augusta, Woods foi questionado sobre se iria ser o maior jogador de golfe do mundo. “Não sei. Eu sei que o meu objetivo é ser o melhor. Sei que esse é um objetivo muito grande, mas vou tentar alcançá-lo. Se o fizer, ótimo, se não o fizer, tentarei. Não espero mais nada senão o melhor para mim”. Seguiram-se mais 14 vitórias em majors e por isso é caso para dizer que depois de Augusta, o resto foi história.

“O Tiger estava destinado a vencer e destinado a ser grande. Para a minha geração, ele é o melhor jogador que alguma vez viveu”, afirmou, ao “The Guardian”, Paul Stankowski, um dos adversários de Woods no Masters em 1997.

Mas essa história pode voltar a repetir-se nos próximos dias. Woods chegou a Augusta no passado domingo, mas no mesmo dia avisou nas redes sociais que ainda não sabia se iria jogar. Esta terça-feira, em conferência de imprensa, aumentou as esperanças dos adeptos: "Por enquanto, sinto que vou jogar”. E quando lhe perguntaram se poderia vencer o torneio e vestir o mítico casaco verde, o mais desejado da modalidade e que se dá ao vencedor do Masters, não pensou nem por um segundo e disse apenas: “Acho que sim”.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt