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A segunda juventude de Gastão Elias em Oeiras

A segunda juventude de Gastão Elias em Oeiras
Martin Keep/Getty

O tenista português derrotou, por 7-6 (4) e 6-1, Alessandro Giannessi, vencendo o Oeiras Open 2, título que soma à conquista da semana passada, também obtida no Jamor. Elias, que chegou aos 10 troféus na carreira ao nível Challenger, completou uma quinzena cheia de vigor e frescura física e mental, que o deixa na melhor posição do ranking desde 2018

A segunda juventude de Gastão Elias em Oeiras

Pedro Barata

Jornalista

O centralito é mais do que um normal court de ténis. Por entre aquelas escadas de pedra e pilares que fazem lembrar palestras gregas está um terreno de jogo de personalidade singular, com as árvores em redor a serem serenas espetadoras de tantos e tantos duelos que já por ali se deram. No meio daquele court único, que facilmente apaixona quem por lá passa, ergue-se um novo herói.

Gastão Elias (atual 173 do ranking ATP) é o rei incontestado do centralito, depois de uma quinzena em que ergueu dois troféus no Jamor. Após ter conquistado, na semana passada, o Oeiras Open 1, o tenista da Lourinhã impôs-se no Oeiras Open 2. Batendo o italiano Alessandro Giannessi (178 do mundo) por 7-6 (4) e 6-1, Elias fechou da melhor forma duas semanas perfeitas, nas quais somou 10 vitórias seguidas.

Elias chegou a Oeiras com um registo em 2022 que não era particularmente positivo. Nos sete duelos disputados antes da quinzena no Jamor, Gastão só vencera dois. Em declarações à Tribuna Expresso, no final de fevereiro e após perder em três primeiras rondas de torneios Challenger de forma consecutiva, o português reconheceu que não vivia o seu melhor momento de forma.

No entanto, nestes dois torneios tudo foi diferente. Com muita frescura física e, sobretudo, mental, Elias superou todas as adversidades e chegou aos 10 títulos Challenger na carreira, mais do que qualquer outro tenista nacional — Pedro Sousa e Rui Machado ficam atrás com oito.

Na semana passada, o lourinhanense bateu na final o croata Nino Serdarusic para ganhar o Oeiras Open 1. Agora, foi o italiano Giannessi o derrotado no embate de atribuição do título.

O primeiro set foi muito equilibrado, com Elias a servir por duas vezes para fechar a partida, mas a não conseguir superar o competitivo transalpino. Ainda assim, no tie-break, a força mental do português foi decisiva. Gastão tem falado, nos últimos dias, sobre a confiança que os bons resultados lhe têm dado e esse conforto psicológico foi evidente na decisão do primeiro parcial.

Na segunda partida, o cenário foi bem diferente. Se o primeiro set durou uma hora e nove minutos, o segundo foi decidido em somente 28 minutos. Giannessi passou a cometer muitos erros e Elias, sólido, aproveitou para selar a vitória com relativa tranquilidade.

Voltando a deixar vários passing shots que levantaram o muito público do centralito — uma constante ao longo da quinzena —, Gastão Elias provou continuar com condições para voltar a ascender na hierarquia mundial.

O português já foi, em 2016, o 57.º melhor do mundo, mas nos últimos anos foi caindo na hierarquia, tendo mesmo saído dos 500 primeiros durante 2020. 198.º antes do arranque dos dois torneios em Oeiras, Elias sairá do Jamor bem próximo das 150 melhores raquetes do mundo. Desde outubro de 2018, quando foi 153.º colocado, que não estava tão bem colocado.

Gastão Elias poderá ter tido momentos de dúvida em 2022, mas as 10 vitórias seguidas em solo nacional mudam a perspetiva da temporada para o português. Num grande momento físico — rápido e ágil — e mental — forte nos momentos decisivos e pleno da confiança que só os triunfos dão —, voltar a apresentar um nível mais próximo dos seus melhores momentos parece, aos 31 anos, uma possibilidade. 2022 continua a ser um ano feliz para o ténis português.

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