Resultados à parte, Tiger Woods voltou e só isso lhe importa: “Estou apenas grato, continuo a dizê-lo, por poder jogar”
Jamie Squire
A última semana foi de muita emoção para o universo do golfe e para Tiger Woods. Primeiro porque se assinalaram os 25 anos do Masters histórico ganho pelo jogador em 1997 e, depois, porque, no mesmo local, Woods regressou apó um acidente que quase o deixou sem uma perna. Em Augusta, não se tratou de resultados desportivos, mas sim do regresso do nome grande da modalidade
Há cerca de uma semana, as peças já se começavam a juntar e se avizinhavam dias especiais para o mundo do golfe. Primeiro, Tiger Woods chegou ao Augusta National Golf Club sem dar qualquer garantia de que iria participar no Masters, depois anunciou que se sentia pronto, mas iria decidir se jogava mais perto do início do torneio. E depois, jogou.
O dia do regresso do gigante do golfe, após recuperar de uma lesão sofrida num acidente de viação, foi na quinta-feira passada. Pouca coisa lhe correu bem a nível desportivo, terminou na 47.ª posição, bastante longe da liderança do norte-americano e número 1 do ranking mundial Scottie Scheffler.
Ficaram confirmadas as declarações do jogador, que já tinha avisado que as lesões poderiam ter influência a nível competitivo daqui para a frente, mas nada disso interessou e o sorriso que Woods tinha estampado no rosto poderia levar os mais distraídos a achar que tinha acabado de vencer o torneio. Até porque o vencedor de 15 majors garantiu que regressar foi “sem dúvida” uma das melhores conquistas da sua carreira.
“Foi uma sensação inacreditável. Não estava propriamente a dar o meu melhor, mas só ter o apoio e o apreço de todos os fãs, não creio que as palavras possam realmente descrevê-lo, dado onde eu estava há pouco mais de um ano, e quais eram as minhas perspetivas nessa altura. Acabar aqui e poder jogar nas quatro rondas, ainda há um mês não sabia se conseguiria fazer isto”, afirmou Woods no final do torneio.
Se em tempos vencer era o único objetivo, depois de Augusta ficou claro que as coisas mudaram no seguimento do acidente de carro que por pouco não levou à amputação da perna direita do jogador. "Estou apenas grato, continuo a dizê-lo, mas estou. Estou mesmo. Estou mesmo. Só de chegar a este ponto. Só por poder jogar", garantiu Woods e o público presente, através dos vários aplausos para marcar simplesmente a presença do jogador.
Gregory Shamus
O regresso, e o regresso em Augusta, coincide com o aniversário de 25 anos do primeiro Masters de Woods. O que só tornou as coisas mais especiais, até porque o local reúne várias páginas importantes da história do golfe.
“Este torneio significou tanto para mim e para a minha família, todo este torneio. Voltamos ao ano em que nasci, que foi o ano em que o primeiro negro jogou no Masters, Lee Elder. Ele estava lá quando eu ganhei em 1997. 25 anos mais tarde aqui estou eu a jogar novamente”, disse.
O “efeito Woods” fez-se logo notar quando as redes sociais começaram a reagir à antecipação de um possível regresso, mas ao longo do torneio ficou ainda mais claro. A multidão que se reuniu para o ver no passado domingo foi sem dúvida a maior que um jogador no 47.º lugar conseguiu juntar. As audiências televisivas subiram mais de 20% em relação ao Masters do ano passado e até quando estavam em jogo os líderes do torneio, as câmaras apontaram para a caminhada de Woods para a cabine de comentários.
A boa notícia é que, seguindo esta tendência, a modalidade vai continuar em alta, visto que Woods já confirmou a sua presença no Open de St Andrews, em julho, um local que considera importante por ser “a casa do golfe”. Pelo caminho pretende tentar participar em outros torneios, à medida que for conseguindo manter o ritmo de treinos e dar mais tempo de recuperação à sua perna.