Ao empatar (0-0) contra o Atlético, Pep confirmou a passagem às meias-finais da Liga dos Campeões, tornando-se no primeiro treinador a estar nove vezes na penúltima fase da competição. Mas a segunda parte do City foi cheia de sofrimento e longe do futebol que a equipa quer praticar — “esquecemo-nos de jogar”, assumiu o catalão após mais um episódio da sua conturbada relação mental com a Champions
Ter um encontro de futebol plenamente controlado é um objetivo que roça a utopia, tal a dificuldade de amarrar todas as condicionantes e variantes de um jogo disputado por 22 almas, que decorre durante duas partes de 45 minutos sem pausas técnicas nem tempos de desconto que permitam recolocar o guião dos duelos mais perto do pretendido. Mas já dizia o mestre Eduardo Galeano (que morreu faz sete anos) que a utopia estava no horizonte e, portanto, servia para caminhar, para que fôssemos andando na sua direção, por muito que esta se afastasse sempre, qual sonho inalcançável.
É atrás da utopia do controlo no futebol que Pep Guardiola caminha. Aquela mente despida de pelos à custa de tanto pensar em futebol — como disse Martí Perarnau, seu mais reputado biógrafo — esfarrapa-se para tentar que, ao longo de 90 minutos, tudo se realize como imaginado e planeado, tudo seja uma extensão no mundo dos factos do que já se passou no universo dos pensamentos brotados da sua mente. Mas, lá está, estamos no mundo da utopia.
Em Madrid, contra o Atlético, o 0-0 final permitiu ao Manchester City fazer valer o triunfo em casa, por 1-0, e passar às meias-finais da Liga dos Campeões. Guardiola tornou-se no primeiro treinador da história a estar nove vezes na antecâmara da final da Champions, superando José Mourinho e Carlo Ancelotti, mas fê-lo depois de uma segunda parte de caos e sofrimento, de desconforto e sustos. Longe do futebol que Pep quer, o Manchester City foi “empurrado para trás” e “esqueceu-se de jogar”, admitiu o técnico catalão.
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