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Djokovic contra decisão de Wimbledon de banir russos e bielorrussos: “É uma loucura. Quando a política interfere no desporto não é bom”

Djokovic contra decisão de Wimbledon de banir russos e bielorrussos: “É uma loucura. Quando a política interfere no desporto não é bom”
Nikola Krstic/MB Media

O líder do ranking ATP condena a organização do evento por associar os atletas dos dois países à invasão russa da Ucrânia. É o primeiro torneio de ténis a proibir a participação de competidores individuais dos dois países. O russo Medvedev, número dois do mundo, ou a bielorrussa Sabalenka, número quatro WTA, ficarão assim afastados de Wimbledon

Novak Djokovic, número um do ranking ATP, anunciou que considera “louca” a decisão dos organizadores de Wimbledon de banir os atletas russos e bielorrussos devido à invasão da Ucrânia. O histórico torneio inglês é assim o primeiro a proibir a participação de competidores individuais das duas nacionalidades.

A guerra não é propriamente desconhecida para Djokovic, que cresceu numa Sérvia em grande parte destruída pelo conflito dos Balcãs. O tenista lembrou que os atletas nada têm a ver com a invasão da Ucrânia. “Sempre condenarei a guerra, nunca a apoiarei, sendo eu próprio uma ‘criança da guerra’. (…) Conheço o trauma que deixa. Na Sérvia, todos sabemos o que aconteceu em 1999”, disse Novak Djokovic aos jornalistas presentes no Open da Sérvia, em Belgrado.

A decisão dos organizadores significa as ausências de Daniil Medvedev, o russo que ocupa o segundo lugar do ranking ATP, ou da bielorrussa Aryna Sabalenka, quarta classificada na tabela da WTA, entre outros. Djokovic fez questão de deixar claro que não apoia a decisão de Wimbledon: “Penso que é uma loucura. Quando a política interfere no desporto, o resultado não é bom”.

A organização do torneio, a cargo do All England Lawn Tennis Club (AELTC), mereceu críticas das próprias ATP e WTA. Também a histórica Martina Navratilova se apressou a condenar a decisão inglesa. É a primeira vez, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, que atletas são impedidos de participar numa competição por causa da sua nacionalidade. Nessa altura, alemães e japoneses foram excluídos de vários torneios.

A AELTC argumenta com a intenção “de limitar a influência global da Rússia através de meios que sejam os mais fortes possível”.

“Reconhecemos que isto é duro para os indivíduos afetados. É com tristeza que eles vão pagar pelas ações dos líderes do regime russo”, reconheceu Ian Hewitt, presidente da AELTC, num comunicado. A organização prometeu “reconsiderar e responder apropriadamente” se as circunstâncias se alterarem entre abril e junho, mês em que se realiza a prova de Wimbledon.

A ATP, organismo que rege o ténis masculino a nível mundial, considerou que a “decisão unilateral” tomada por Wimbledon é “injusta” e pode abrir precedentes perigosos no desporto mundial. “A discriminação baseada na nacionalidade é ela própria uma violação do nosso acordo com Wimbledon, que diz que a entrada de cada jogador é baseada apenas no ranking ATP”, afirmou a organização, em comunicado.

Também os responsáveis da WTA, órgão incumbido da gestão do ténis feminino, se consideraram “muito desiludidos” com a decisão e admitiram estar a “avaliar os próximos passos e que atitudes podem ser tomadas” em relação a ela. “Os atletas individuais não devem ser penalizados ou impedidos de competir considerando as suas origens ou as decisões tomadas pelos governos dos seus países”, disse a WTA.

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