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É um Haas ou um Ferrari branco? Rivais pedem a intervenção da FIA e Günther Steiner fala de “inveja” e garante que “são sempre bem-vindos”

É um Haas ou um Ferrari branco? Rivais pedem a intervenção da FIA e Günther Steiner fala de “inveja” e garante que “são sempre bem-vindos”
ANP

Entre as conversas fora das pistas de Fórmula 1, o tema é “um Ferrari branco”. É isso que algumas equipas estão a chamar ao novo e melhorado, de acordo com os resultados obtidos ultimamente, carro da Haas. Alguns chefes de equipa consideram que as semelhanças entre os carros da Haas e Ferrari requerem mesmo a intervenção da Federação Internacional do Automóvel

Fórmula 1 não era Fórmula 1 sem o campeonato de bastidores que leva várias teorias a circular pelo paddock. A nova temporada começou com boatos pouco polémicos, como o suposto bluff da Mercedes que se revelou tudo menos bluff, mas nos últimos dias uma outra teoria ganhou força e levou já algumas equipas a pedir a intervenção da Federação Internacional do Automóvel (FIA).

A equipa norte-americana Haas não tem obtido grandes resultados nos últimos anos. Foi, aliás, a última classificada dos campeonatos de construtores e pilotos no ano passado. Também não teve um início de época fácil, visto que após a invasão russa na Ucrânia terminou contrato com um dos seus pilotos, Nikita Mazepin, e o seu principal patrocinador, a empresa Uralkali de Dmitry Mazepin, magnata alegadamente próximo de Putin. Houve até quem questionasse a continuidade na equipa no Mundial de Fórmula 1, depois de perder o patrocinador, mas a equipa não só continuou como tem sido uma das maiores surpresas da temporada.

Na primeira corrida da época, o recém-regressado Kevin Magnussen conseguiu chegar logo ao quinto lugar, na segunda voltaram a terminar nos pontos e a terceira foi a única a não correr tão bem. Neste momento a Haas é a sétima classificada, com 12 pontos, à frente da AlphaTauri, Williams e Aston Martin. A nível de pilotos, Magnussen está no 9.º lugar e Mick Schumacher em 17.º.

Dan Istitene - Formula 1

No paddock o carro da equipa foi batizado de “White Ferrari” (Ferrari branco) e é por isso que alguns chefes das equipas rivais acham necessária a intervenção da FIA. É que ao longo de 2021, a Haas instalou-se numa nova base, situada na fábrica da Ferrari, em Maranello. Uma vez que é impossível negar que a Ferrari foi a equipa que melhor entendeu como construir um carro com o novo regulamento, será esta ligação o segredo do sucesso da Haas?

"Isso foi um pouco uma surpresa", afirmou Otmar Szafnauer, chefe de equipa da Alpine, à "Auto Motor und Sport". "Não esperava que o equilíbrio de potência mudasse com uma alteração tão grande de regras, porque favorece as equipas com mais know-how e melhores infraestruturas. Mas estou certo de que a FIA investigará e chegará às conclusões certas sobre a semelhança entre estes dois carros [Ferrari e Haas]".

Andreas Seidl, chefe de equipa da McLaren, também teve algo a dizer sobre o assunto ao website “motorsport.com”: “Do nosso ponto de vista, a F1 deve ser um campeonato de 10, 11 ou 12 equipas onde as únicas coisas que devem ser permitidas partilhar são realmente as unidades de potência e as caixa de velocidades. Tudo o resto tem de ser feito pela própria equipa. Porque sabemos que assim que se vai mais longe há definitivamente uma mudança ou transferência de IP que é relevante para o desempenho do carro, e não é sobre isso que a F1 deve ser. É por isso que estamos a trazer continuamente este tópico à discussão em conjunto com outras equipas que têm as mesmas preocupações. É por isso que também estamos em diálogo com a FIA”.

Segundo os regulamentos é possível, sim, que algumas informações sejam partilhadas entre as equipas, mas nem todas as peças podem ser copiadas entre elas, tendo a própria equipa que as construir, como é o caso do chassis. Neste caso, a Haas usa o túnel de vento e o motor Ferrari.

Após uma das corridas, também Toto Wolff já tinha notado a evolução que a Haas conseguiu assegurar nos últimos tempos. "A Haas deu um enorme salto. Este é um passo interessante. Para nós, é um exercício de aprendizagem, porque como organização temos 2 mil pessoas e fomos bem sucedidos no passado, e de repente estamos a lutar contra uma equipa que é muito mais pequena em tamanho. Por isso, devem ter feito um grande trabalho", disse.

Günther Steiner é o chefe de equipa da norte-americana Haas
picture alliance

Confrontado com estas alegações, Günther Steiner, chefe de equipa da Haas, já reagiu a tudo o que tem sido dito. “Nós fazemos tudo de acordo com os regulamentos”, disse ao canal RTL. E deixou ainda uma mensagem diretamente para a FIA: “Verifiquem o que quiserem, podem vir quando quiserem, são sempre bem-vindos".

Mais recentemente, em entrevista ao “F1 Insider”, Steiner mostrou-se calmo com toda esta situação: “Estas alegações sempre existiram e sempre existirão. Eu mantenho-me calmo. Se formos bons, chamam ao nosso carro um 'Ferrari branco'. Se formos maus, então não. Começo a achar isso ridículo. É preciso trabalhar muito para a inveja. A pena é de graça. Quem me dera que os outros estivessem verdes de inveja porque isso significaria que fizemos um trabalho muito bom".

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