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Carlos Amado da Silva, presidente da Federação Portuguesa de Râguebi: “Os espanhóis dizem que também denunciámos a situação, mas é mentira”

Carlos Amado da Silva, presidente da Federação Portuguesa de Râguebi: “Os espanhóis dizem que também denunciámos a situação, mas é mentira”
Zed Jameson/MB Media
O líder do râguebi português resume que o castigo de retirar 10 pontos à Espanha, por utilização de um jogador que falsificou o passaporte, "é uma justiça que se faz". Em entrevista à Tribuna Expresso, Carlos Amado da Silva lembra que esta "não é uma questão moral, mas legal", diz que já sabia da irregularidade e garante não ter feito qualquer queixa à World Rugby "porque não tinha provas nenhumas", nem "vontade de o fazer"
Carlos Amado da Silva, presidente da Federação Portuguesa de Râguebi: “Os espanhóis dizem que também denunciámos a situação, mas é mentira”

Diogo Pombo

Editor de Desporto

O escândalo do lado de lá da fronteira não espantou Carlos Amado da Silva, a quem sobrava sapiência, mas faltavam provas, de Espanha ter utilizado um jogador que não poderia ter estado em campo. “Estava à espera nos últimos tempos que acontecesse”, começa por resumir, sem atritos no discurso. O presidente da Federação Portuguesa de Râguebi diz que soube da irregularidade a 12 de fevereiro, quando a seleção nacional perdeu na Roménia e ele lá estava, a ouvir de responsáveis locais algo como: “Ó Carlos, não fiques chateado porque os espanhóis não sei quê, e não sei quê”.

Fez “orelhas moucas” e justifica-o com as provas que não dispunha e a asseveração dada por um delegado da Rugby Europe, entidade que manda na segunda divisão do râguebi europeu, de que “estava tudo legal”. Essa garantia envelheceu mal. Na quinta-feira, a federação espanhola anunciou antes da World Rugby que fora castigada com uma dedução de 10 pontos na qualificação para o Mundial de 2023, cinco por cada jogo onde Gavin Van der Berg esteve em campo sem poder: o passaporte do sul-africano naturalizado espanhol foi falsificado nas datas de uma viagem para não ultrapassar o máximo de 60 dias que podia estar fora do país e continuar elegível a cumprir os requisitos para jogar por Espanha.

Já esta sexta-feira, Alfonso Feijoo, presidente da Federação Espanhola de Râguebi, culpou três elementos do Alcobendas, clube do jogador, que já terão admitido terem forjado o documento que foi enviado à entidade. Anunciou a demissão em conferência de imprensa, dizendo que “vai com responsabilidade, mas sem culpa”. Ao telefone, Carlos Amado da Silva acrescentou que o seu homólogo também terá dito que Portugal apresentou igualmente uma queixa na World Rugby, à semelhança da Roménia, e por isso se defendeu na conversa com a Tribuna Expresso: “Fui incentivado a fazer queixa, mas não fiz, não denunciei ninguém, mas depois de ter saído publicamente nos jornais de Argentina, de França e de todo o lado, é claro que não poderia ficar indiferente”.

Acreditando o dirigente português que o recurso já feito pelos espanhóis “não vai dar em nada”, justificando-o por ser uma questão regulamentar e não moral, admite que já se virou para o torneio final de qualificação para o Mundial do próximo ano. Chegando lá, Portugal repetiria a façanha de 2007, quando virou a primeira seleção amadora a competir na prova. Na segunda-feira retornará o treinador nacional, Patrice Lagisquet, com quem o presidente “tem conversado”. Com esta “porta que agora se abre”, espera também que “o Governo, que tem apoiado, apoie mais um bocado”.

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