Nasceu na Paraíba, no Brasil?
Não, isso sempre foi um erro. Eu sou de Araruna do Paraná e não da Paraíba.
É filho e irmão de quem? O que faziam os seus pais profissionalmente?
O meu pai tinha uma indústria, com os meus tios, de farinha de mandioca, e a minha mãe era dona de casa, sempre cuidou dos filhos. Eu nasci em 1986, mas tive duas irmãs, uma nasceu em 1984, no mesmo dia que eu, 6 de junho, e acabou por falecer com quase 15 dias de vida. A outra irmã nasceu em 1985, em agosto, mas acabou por falecer também, com o mesmo problema. Eu nasci em 1986 e fui salvo porque na época já havia a vacina para fortalecer o pulmão, o que não acontecera com as minhas duas irmãs. Mas esse é um assunto que nunca aprofundei muito porque mexe bastante com a minha mãe. O meu irmão nasceu em agosto de 1987.
Como era a aldeia onde cresceu?
Era uma aldeia, muito, muito pequenina, de 800 habitantes, em que não havia nada para fazer, era muito isolada, a estrada era de chão, não tinha alcatrão. Quando chovia não conseguíamos sair, os carros atolavam. Mas foi uma infância muito divertida porque só brincávamos. Na época não havia telemóvel. Eu brincava o dia todo, ficava livre e solto.
Foi uma criança calma ou gostava de aprontar?
Sempre fui calmo, muito responsável, porque como tinha muito rio e lagoas, os meus pais morriam de medo. Muitas vezes eu fui escondido, como é óbvio, mas era muito responsável, ia mais para cuidar, porque tinha rochas, tinha cachoeiras [cascatas], o pessoal queria pular lá de cima, fazer graça, e eu sempre tinha mais cautela, era mais tranquilo, até porque não sabia nadar bem. O meu irmão aprontava mais.
Recorda-se do que dizia querer ser quando fosse grande?
No começo queria ser cantor sertanejo [risos]. Era fã de Leandro e Leonardo. Mas um belo dia fui assistir a uma partida de futebol do meu tio e vi-o a dar uma entrevista para a rádio local. Era futebol amador, o meu tio era guarda-redes e eu fiquei com aquilo na cabeça, porque associei o microfone ao cantor e pensei que dá para jogar à bola e também dar entrevistas [risos]. Achei muito legal. E lembro que no meu aniversário de seis anos, ganhei 33 bolas de futebol.
Tantas? Porquê?
Eu dizia que já não queria mais ser cantor, mas jogador. Recebi 33 bolas e foi a maior felicidade, fizemos duas balizas no quintal de casa e então eu e o meu irmão ficávamos a chutar bolas um para o outro. Demorou um tempinho para acabar com aquelas 33, mas conseguimos acabar [risos]
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