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O maravilhoso mundo de Iga Swiatek

O maravilhoso mundo de Iga Swiatek
TIZIANA FABI/Getty

A polaca, n.º1 do mundo, derrotou (6-2, 6-2) a tunisina Ons Jabeur na final do WTA 1000 de Roma, chegando às 28 vitórias seguidas e aos cinco títulos conquistados em 2022. Dominadora hegemónica dos últimos meses do ténis feminino, Swiatek deixa um aviso: "Vemo-nos em Roland-Garros"

O maravilhoso mundo de Iga Swiatek

Pedro Barata

Jornalista

As redes sociais são o palco virtual onde muito do que se passa na vida real é debatido, escrutinado, avaliado, adjetivado. O desporto é alvo preferencial dos comentários feitos nas diversas plataformas, ou não fosse fenómeno que concentra atenções em todo o mundo.

Nestes locais de idolatria e ódio tem-se cunhado, entre o nicho do ténis, uma frase ao longo dos últimos dias: "Este é o mundo de Iga Swiatek e nós só vivemos nele". A expressão, que já teve vários sujeitos como protagonistas, evidencia a importância da figura da n.º1 do ténis feminino. E o mundo de Iga Swiatek tem vivido tempos maravilhosos.

O estatuto de melhor raquete do planeta, que lhe caiu no colo depois da retirada de Ash Barty, foi um boost de confiança para a polaca, a capa de super-heroína de que Iga precisava. Desde que a vestiu não mais foi batida num encontro de ténis.

Na final do WTA 1000 de Roma, Iga Swiatek fez o que tem feito desde que é a n.º1: vencer. Derrotando (6-2, 6-2) a tunisina Ons Jabeur, que vinha de 11 vitórias seguidas — ganhou o Masters de Madrid —, a polaca chegou aos 28 triunfos consecutivos no circuito. É o quinto título da jovem de 20 anos em 2022 (junta-se a Estugarda, Miami, Indian Wells e Doha) e o quinto troféu nos últimos cinco torneios que disputou.

Em Roma, Swiatek não cedeu qualquer set, repetindo o que já tinha feito em Miami. Pelo meio, em Estugarda, só foi derrotada numa partida. O domínio da polaca assume contornos de ditadura autoritária.

Em 2021, foi em Roma que a tenista polaca venceu o seu primeiro Masters 1000. Agora sai da capital italiana tendo vencido os quatro torneios dessa categoria que disputou em 2022. E, para festejar, Swiatek promete, entre os seus risos meio constrangedores mas carismáticos e genuínos, "comer muito tiramisù".

Após vencer por 6-2 o primeiro parcial, a líder do ranking chegou ao break logo no primeiro jogo de serviço de Ons Jabeur. A tunisina, que tem protagonizado uma ascensão com passos firmes no ténis mundial, é uma adversária de respeito, levando a que Swiatek diga que o jogo de Jabeur é "diferente", sendo "muito bom" tê-la no circuito.

Com 4-2 no marcador da segunda partida, a 8.ª da hierarquia dispôs de três pontos para quebrar o serviço da polaca. Os três foram salvos por Swiatek, que no entanto enfrentou um quatro ponto que poderia permitir que Jabeur reentrasse na discussão da final.

O amorti é uma das armas preferenciais do arsenal da tunisina, que fez uso dele para tentar fechar o ponto. Swiatek, rápida, chegou à bola, prolongando-se a jogada numa troca de bolas. Subitamente, Jabeur voltou a tentar um amorti, conseguindo outra vez a polaca chegar à bola curta da tunisina. Iga, desta feita, ficou na rede, conquistando um ponto com um suave vólei. Velocidade para encher o court e inteligência para ler as intenções da adversária; consistência para aguentar trocas de bola e agressividade para atacar; jogo defensivo e mãos talentosas para atuar junto à rede: ali, naquele ponto tão importante, resumia-se a panóplia de qualidades que têm assentado a jovem de 20 anos no lugar mais alto do ténis.

Swiatek desistiu do Masters 1000 de Madrid para se concentrar em Roma e, sobretudo, em Roland-Garros, torneio que venceu no outono de 2020 e a catapultou para a ribalta. Agora a polaca garante ir "passo a passo", não parecendo o seu ar jovem acusar a dimensão do que tem atingido. Pelo meio agradece à sua equipa, porque "não é fácil lidar" consigo "todas as semanas".

Desde 2000 só Serena Williams e Justine Henin conseguiram erguer mais títulos de maneira consecutiva do que os cinco que Iga leva atualmente. A norte-americana e a belga chegaram aos seis troféus de seguida e, para as igualar, a polaca terá de vencer na catedral da terra batida, a próxima paragem do seu calendário. Ao terminar o discurso de vitória, Iga encolhe os ombros e, tímida mas assertiva, avisa: "Vemo-nos em Roland-Garros". Em França todos os olhares estarão centrados numa polaca que carregará o rótulo de indiscutível favorita.

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