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“Sou gay e sinto-me preparado para ser eu mesmo”. Jake Daniels é o primeiro futebolista britânico a assumir a homossexualidade em 30 anos

“Sou gay e sinto-me preparado para ser eu mesmo”. Jake Daniels é o primeiro futebolista britânico a assumir a homossexualidade em 30 anos

O avançado do Blackpool, de 17 anos, torna-se no primeiro futebolista britânico a assumir a homossexualidade desde Justin Fashanu, em 1990. O jovem garante que teve todo o apoio do clube e dos colegas de equipa e que se sente preparado para possíveis reações adversas dos adeptos

Esta temporada foi especial para Jake Daniels, um jovem de 17 anos formado no Blackpool, clube do Championship, a segunda divisão do futebol britânico. “Estreei-me na equipa principal, marquei 30 golos na equipa de juniores, assinei o meu primeiro contrato profissional e partilhei sucesso com os meus colegas de equipa”, diz o futebolista.

Mas fora dos relvados, Daniels escondia quem verdadeiramente era. “Soube toda a minha vida que era gay e agora sinto-me preparado para me assumir e ser eu mesmo”, escreveu o avançado, numa declaração publicada no site do Blackpool, um momento histórico acompanhado também pela Sky Sports.

O momento é histórico porque Jake é o primeiro futebolista profissional britânico a assumir a homossexualidade em mais de 30 anos, o primeiro a fazê-lo depois de Justin Fashanu em 1990. O jogador agradeceu à “família, ao clube”, ao seu agente e à Stonewall, uma organização de apoio à comunidade LGBTQ+, pelo “apoio e pelos conselhos”.

“Também confessei aos meus colegas de equipa na equipa de juniores do Blackpool e eles também me apoiaram na decisão de chegar-me à frente”, revelou ainda Daniels, esperando ser um “modelo a seguir” para aqueles que, tal como ele, não querem viver numa mentira.

A mensagem de Jake Daniels é acompanhada por uma declaração do Blackpool, que diz estar a trabalhar com a Stonewall e todos os organismos do futebol inglês para apoiar o jogador. “Estamos muito orgulhosos que o Jake tenha atingido um patamar em que se sente forte para se expressar dentro e fora do relvado”, diz o Blackpool, frisando o clube que é “vital” que todos os agentes do futebol promovam “um ambiente em que as pessoas se sintam confortáveis para serem elas próprias” e lembrando também a necessidade do futebol remover “qualquer forma de discriminação e preconceito”.

À Sky Sports, Jake Daniels confessou que durante muito tempo pensou que teria de esconder a verdade, um efeito colateral para chegar ao objetivo de se tornar futebolista profissional. “Perguntei-me a mim próprio se não deveria esperar até me retirar. Não há neste momento mais ninguém que se tenha assumido”, disse, explicando também que a mãe e a irmã foram as primeiras pessoas a quem contou que era gay. No dia seguinte, num jogo dos sub-18 do Blackpool, Daniels marcou quatro golos: “Mostra bem o peso que eu tinha nos ombros e o alívio que foi contar a verdade”.

No Blackpool, reforçou, todos “têm sido fantásticos”

“Estou com os meus colegas todos os dias e sinto-me seguro. Eles têm sido um grande apoio e toda a gente tem estado comigo. Têm perguntado montes de questões, ficaram intrigados, mas a reação tem sido fantástica. É o melhor que poderia ter pedido”, sublinhou.

Daniels diz ainda que quer quebrar tabus, provar que a ideia que “ser gay é ser fraco” não passa de um preconceito e acredita estar preparado para os insultos e críticas que poderá receber, nomeadamente dos adeptos: “Eu vejo as coisas desta maneira: eu estou a jogar futebol e eles estão a berrar para mim. Mas eles estão a pagar para me ver a jogar futebol e eu estou a viver a minha vida e a ganhar dinheiro com isso. Por isso podem gritar o que quiserem, isso não vai fazer diferença. Não posso evitar que as pessoas me insultem, tenho de aprender a lidar com isso de uma forma que as palavras não me afetem”.

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