Depois de um ano de interregno, o poder do Lyon volta a reinar na Liga dos Campeões feminina
Chris Ricco - UEFA/Getty
A equipa francesa venceu a Champions feminina pela oitava vez, batendo o Barcelona por 3-1 na final em Turim. As espanholas terminaram há um ano com a série de cinco triunfos seguidos do Lyon na competição, mas agora caíram na teia de experiência e inteligência da equipa orientada por Sonia Bompastor, a primeira mulher a vencer a prova como jogadora e treinadora
Era uma final de sonho, não estivesse de um lado o Lyon, a mais titulada das equipas europeias do futebol feminino, vencedora de sete Ligas dos Campeões, e do outro o Barcelona, a equipa que veio precisamente carregar no botão de pausa no domínio avassalador das francesas: na época passada, a formação espanhola levantou o troféu depois de cinco vitórias seguidas do Lyon.
Em Turim, no estádio da Juventus, estavam também frente a frente Ada Hegerberg, a fabulosa avançada norueguesa, de volta aos grande palcos depois de ter falhado a temporada passada com uma grave lesão, e Alexia Putellas, a espanhola que foi limpando todos os troféus de melhor jogadora na ausência de Hegerberg, a melhor marcadora da história da Champions feminina.
Mas na final não houve lugar para passagem de testemunho, com o Lyon a reclamar de volta o estatuto de melhor equipa da Europa, com uma vitória por 3-1 construída ainda na 1.ª parte.
O Barcelona, equipa de toque, porque lhe está na história e no sangue, entrou com vontade de tornar o jogo seu, mas rapidamente deu de caras com a guerra-relâmpago do Lyon. Aos 6 minutos, e não tendo ainda nada feito para isso, as francesas já estavam na frente graças a uma obra de arte de Amandine Henry, que depois de roubar a bola a Putellas fletiu e lançou um remate de longe que foi planando como um avião de papel impecavelmente dobrado até ao canto superior esquerdo da baliza de Paños. A guarda-redes voou, mas nada podia fazer.
O Lyon, equipa mais madura e experiente, jogava então no erro do Barcelona, que podia ter empatado logo a seguir ao golo das francesas, com Hermoso a permitir a defesa de Endler. E aos 23’, o Lyon aumentou o resultado, com um remate de cabeça de Ada Hegerberg após cruzamento de Bacha. Em duas oportunidades, a equipa orientada por Sonia Bompastor marcava dois golos.
O terceiro chegaria dez minutos depois, após uma confusão na área do Barcelona. Hegerberg teve o sangue frio de colocar calma no caos e encontrou Catarina Macário junto à baliza para encostar para o 3-0.
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O resultado era duro para o Barcelona, que caiu na inexorável realidade de ter à sua frente um gigante, quando as espanholas ainda vão apenas a meio caminho desse destino. Ainda assim, o jogo ficou novamente em aberto antes do intervalo, com Alexia Putellas a reduzir num remate de primeira após cruzamento de Hansen.
Na 2.ª parte, o jogo colocou-se a jeito do Lyon. Foi faltoso, com muitas paragens. Moído e com pouca ligação. O Barcelona viu-se com dificuldades para ultrapassar a pressão das francesas, mas ainda assim poderia ter marcado. Aos 58’, Guijarro ganhou a bola a meio campo e foi dali mesmo que rematou: a bola bateu com estrondo na barra, com Endler batida.
Aos 75’, Oshoala, entrada na 2.ª parte, esteve também perto do golo, mas parecia fora de jogo. E Crnogorcevic teve também o golo nos pés aos 83’. Já nos descontos, foi Hegerberg a quase aumentar o pecúlio do Lyon, enviando a bola ao poste.
O Lyon continua a aumentar a sua glória europeia e já são oito os títulos na Liga dos Campeões. Nos primeiros dois estava Sonia Bompastor como jogadora, ela que é filha de pais nascidos na Póvoa de Varzim e tem mais de 150 internacionalizações pela França. Agora no banco, a técnica de 41 anos tornou-se na primeira mulher a vencer o troféu como jogadora e treinadora. É também apenas a 2.ª mulher treinadora a levantar o troféu, depois de Monika Staab o ter feito há 20 anos com o Frankfurt, na primeira edição da prova.