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João Sousa ainda serviu para vencer o 5.º título ATP, mas Ruud apareceu quando foi preciso em Genebra

João Sousa ainda serviu para vencer o 5.º título ATP, mas Ruud apareceu quando foi preciso em Genebra
GABRIEL MONNET/Getty

João Sousa teve o título na mão, mas no momento certo (ou errado, dependendo da perspectiva), a direita poderosa de Casper Ruud voltou a dar de si, adiando mais um título para o português, que teve na Suíça uma das melhores semanas dos últimos anos, seguro, confiante e coeso como há muito não se via

À hora que o marcador nos atirava um 5-4 no 3.º set, com João Sousa a servir para fechar o encontro, parecia que nada poderia afastar o português do seu 5.º título ATP. Desde que tinha quebrado o serviço a Casper Ruud no 5.º jogo do 2.º set que a final de Genebra era dominada pelo vimaranense, seguro e coeso como há muito não se via, a ganhar a batalha ao jovem norueguês, número 8 do ranking.

Mas foi nesse momento que voltou a surgir a direita poderosa de Ruud, desaparecida durante boa parte do encontro que foi uma espécie de espelho do que tem sido a temporada do jogador de 23 anos: cheio de altos e baixos, ele que tem pontuado derrotas surpreendentes com resultados de relevo como o título em Buenos Aires ou a final do Masters 1000 de Miami, que perdeu para Carlos Alcaraz.

Foi aí que Ruud conseguiu arrancar os primeiros pontos de break no serviço de Sousa no 3.º set: desaproveitou o primeiro, não desaproveitaria o segundo. Mesmo com o baque emocional, o português ainda levou o jogo para o tiebreak, onde mais uma vez as pancadas explosivas de Ruud fizeram mossa. No final, o norueguês revalidou o título do ATP 250 de Genebra, o segundo título do ano, num longo encontro de mais de três horas, com parciais de 7-6(3), 4-6 e 7-6(1).

Para João Sousa, que iniciou o torneio como 79.º do ranking, é o culminar de uma semana agridoce. Haverá a tristeza normal de ter deixado fugir um possível 5.º título ATP, que seria o segundo de 2022, depois de ter sido campeão em Pune, em fevereiro. Mas há muito que não se via o jogador de 33 anos tão sólido. Na final, não mostrou menos do que aquilo que apresentou ao longo da semana: um ténis de alto nível, com poucos erros, com a sua direita a ressurgir e perigoso na hora de subir à rede.

GABRIEL MONNET/Getty

O encontro até nem lhe começou de feição, deixando-se quebrar ao terceiro jogo, mas logo subiu o nível e colocou muitas dificuldades ao norueguês, que tem na terra batida a sua superfície preferencial. Foi somando break points e eventualmente devolveu o break a Ruud, igualando a 5-5. O primeiro set seguiu para tie-break, onde tenista nascido em Oslo se superiorizou.

No set seguinte, o equilíbrio foi constante, mas com um Sousa mais seguro, menos errático. O melhor português de todos os tempos, a jogar a sua 12.ª final ATP da carreira, quebrou o saque a Ruud no quinto jogo, salvou um ponto de break a 4-3 com uma grande subida à rede e deixou o norueguês em fúria consigo próprio. O encontro seria mesmo resolvido numa terceira partida.

E aí continuou o ascendente de Sousa, que quebrou novamente Ruud no quinto jogo. Parecia encaminhado mais um título para o português, num ressurgimento fantástico depois de há menos de um ano ter descido às catacumbas do top 200, tendo sido mesmo 182 ATP em outubro de 2021. Com Ruud a reaver o seu jogo, a final mudou de rumo.

“Foi uma final muito dura, tive o jogo na mão”, comentaria um desalentado mas sorridente português no final do encontro, em francês, uma das seis línguas que domina e que lhe deram o título de jogador mais poliglota do circuito. Já Ruud, no seu discurso de campeão, começou mesmo pelos elogios a João Sousa: “Uma final incrível com um lutador incrível. As batalhas contigo são sempre duras e espero que possamos jogar mais finais. Podias ser tu aqui como campeão, foi muito equilibrado”, reconheceu o norueguês, dirigindo-se ao tenista de Guimarães.

Genebra, onde já tinha sido finalista em 2015 (perdeu para o brasileiro Thomaz Bellucci), não se junta assim a Kuala Lumpur (2013), Valencia (2015), Estoril (2018) e Pune (2022), mas confirma que mesmo numa época onde tem tido algumas derrotas frustrantes, que o obrigaram a jogar mais fases de qualificação do que desejaria, nunca se pode dar João Sousa como acabado.

O português, que já foi número 28 ATP, deverá dar agora um salto no ranking para número 63, antes de encarar com outra confiança Roland Garros, onde vai encontrar o tenista de Taiwan Chun-hsin Tseng na 1.ª ronda.

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