Esta época, 129 dos 306 jogos do campeonato (42,1%) foram às 20h ou depois. E 72 ocorreram em dias de semana. Há três anos, a Liga de Clubes disse que os encontros à segunda-feira seriam uma exceção. A realidade portuguesa contrasta com o que se vê lá fora
“Na próxima época teremos jogos de sexta a domingo. Os jogos à segunda-feira só vão ocorrer por necessidade regulamentar.” A frase tem alguma poeira. É de junho de 2019, quando mais uma época desportiva se abeirava do seu começo e Sónia Carneiro, então diretora-executiva da Liga de Clubes, participava numa conferência que a Rádio Renascença organizou sob um tema vidente: “Que futebol queremos para Portugal?”. Ficava pública a aversão da entidade a partidas agendadas para o arranque da semana, quando há mais gente com afazeres inevitáveis no dia seguinte e com menor disponibilidade para ir ver a bola ao estádio.
Quase três anos volvidos, só um clube conseguiu nunca pisar o relvado à segunda-feira à noite durante as 34 jornadas do campeonato. O Benfica manteve os adeptos longe da azáfama de irem à bola no primeiro dia útil da semana, depois de horas de labuta e com outro ciclo à espera na manhã seguinte. No polo oposto, Boavista, Santa Clara e Tondela foram os que mais vezes tiveram a equipa a ir a jogo em algum horário a partir das 20h à segunda-feira, no tradicional contexto que se diz ser pouco amigo a ter gente nos estádios a assistir ao vivo — cada um teve cinco partidas feitas nesse dia.
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