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Iga Swiatek: “As pessoas enviarem mensagens abusivas a atletas, nas redes sociais, é inaceitável e um problema enorme da nossa sociedade”

Iga Swiatek: “As pessoas enviarem mensagens abusivas a atletas, nas redes sociais, é inaceitável e um problema enorme da nossa sociedade”
TPN
A número um do mundo, de apenas 20 anos, reflete sobre o “ódio” na internet, sobre o facto de o mediatismo fazer dela uma espécie de “porta-voz” e elogia Ashleigh Barty, a sua antecessora no topo do ranking WTA, que abandonou o ténis. A polaca avisa ainda que vai continuar a usar as cores da Ucrânia, em solidariedade, durante os seus jogos

Iga Swiatek tem apenas 20 anos, mas é a tenista número 1 do mundo e alguém que lê “muitos livros”, reflete sobre o seu tempo e tem a sua própria coluna no site da "BBC". Numa crónica em jeito de conversa, por estar a disputar o mítico Roland-Garros, a jovem fala sobre os perigos das redes sociais, algo que, em 2022, está presente no quotidiano de grande parte dos desportistas, adeptos e malfeitores.

A jogadora polaca afirmou que “as pessoas enviarem mensagens abusivas aos atletas, nas redes sociais, é inaceitável e um problema enorme da nossa sociedade”. “Joguei recentemente com a Andreea Priscariu (…) e sei que ela disse ter recebido mensagens más por ter perdido. Não sei o que aconteceu exatamente, mas sei que o ódio está lá e que esse é um problema grave que tem de ser combatido”, disse Swiatek.

“Muitas vezes trata-se de alguém que perdeu dinheiro em apostas (…), mas eles deviam ter consciência de que muitas destas mensagens são mesmo lidas. (…) Eles não sabem o que se passa nas nossas vidas. (…) É fácil escrever uma mensagem e carregar em ‘publicar’. Mas, a maior parte das vezes, eles não o diriam nas nossas caras”, considera a tenista, que confessa apenas ler as mensagens provenientes de pessoas que conhece.

Iga é adepta de “tomar posições”, embora admita: “Não sei tudo sobre o mundo, tenho apenas 20 anos e ainda estou a aprender”. Uma das diferenças de ser número um do ranking WTA, diz a polaca, é “ser vista como uma porta-voz”. “Na minha conferência de imprensa, depois de ter batido a Lesia Tsurenko, perguntaram-me sobre a decisão de Wimbledon e eu estava a tentar dizer o que penso sem ofender ninguém, porque quero que o desporto ligue as pessoas”, explicou, acrescentando: “Não há uma solução fácil para essa situação”.

“Geralmente, sinto que, no meu lugar, devo tomar uma posição e dizer o que sinto sobre as questões. Mas, por outro lado, quero fazê-lo de forma inteligente e que não interrompa a minha preparação para os jogos”, afirmou Iga Swiatek.

A tenista confessou também: “Leio muitos livros e estou a tentar educar-me para falar mais sobre diferentes temas”. Um deles é a guerra na Ucrânia. Iga diz: “Usar um laço com as cores da Ucrânia no meu equipamento é algo que vou continuar a fazer para mostrar o meu apoio. (…) Muitos jogadores já deixaram de usar os laços, apenas o fizeram quando a guerra começou”. “Os ucranianos vão sentir o impacto do conflito durante muitos, muitos anos, por isso eu quero ser consistente no que faço e mostrar o pequeno apoio que posso dar”, afirmou.

A terminar, Iga dedicou algumas palavras da coluna à sua antecessora no comando do ranking WTA, Ashleigh Barty. A australiana abandonou recentemente o ténis, aos 25 anos, por se sentir realizada e querer dedicar-se “à vida”. Sobre Barty, Iga Swiatek disse: “Ela diz com honestidade o que sente, o que pensa e como lida com essas coisas. A Ash é perfeita para me aconselhar porque já não é minha adversária, claro. (…) Respeito-a pela classe que ela tem e espero manter-me no lugar número um do mundo da mesma forma que ela fez”.

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