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Liverpool-Real Madrid: uma final com a história às portas de onde a história começou

Liverpool-Real Madrid: uma final com a história às portas de onde a história começou
FRANCK FIFE/Getty
Reds e blancos somam, entre si, 19 títulos na competição, tornando esta a final cujos participantes mais conquistas têm. Entre o hábito tranquilo de Ancelotti e a energia de Klopp, a sede de vingança de Salah e o estado de graça de Benzema ou a mística espanhola e a precisão inglesa, o embate de Paris marca contrastes na elite do futebol
Liverpool-Real Madrid: uma final com a história às portas de onde a história começou

Pedro Barata

Jornalista

Em abril de 1955, culminando vários meses de reuniões e discussões entre clubes e federações, a Taça dos Clubes Campeões Europeus foi criada, com o Salon des Gobelins do Hotel Ambassador de Paris a ser uma espécie de sede simbólica do começo da que se tornaria a mais importante competição do continente. Com a Europa a tentar sarar as feridas do drama das guerras mundiais, a ideia partira de Gabriel Hanot, jornalista do “L’Equipe”, que a apresentou ao mundo a 16 de dezembro de 1954. Muitas das primeiras reações não foram especialmente entusiasmadas, mas houve alguém que entendeu imediatamente o potencial do embrionário torneio.

Raimundo Saporta era o braço direito de Santiago Bernabéu, presidente do Real Madrid. Como contado no livro “Noites Europeias: Uma História das Competições Europeias de Clubes”, de Miguel Lourenço Pereira e João Nuno Coelho, Saporta usou o seu “prestígio internacional” e “amizade com Hanot” para garantir a vaga do Real Madrid na edição inaugural da Taça dos Clubes Campeões Europeus, cujos participantes foram decididos por convite — apesar de “a fama do Barcelona ser ainda muito superior” à dos blancos, como escrito no livro.

Enquanto, em Madrid, se utilizava a influência para entrar na competição, a norte sucedia o oposto. O Chelsea foi convidado para participar, mas antes de responder pediu a opinião do secretário-geral da Football League, Alan Hardaker. “Homem da velha-guarda, isolacionista e anti-europeísta convicto”, como relatado em “Noites Europeias”, informou os blues que a sua participação seria sancionada a nível interno. E a primeira edição da Taça dos Clubes Campeões Europeus não teria clubes ingleses.

Indiferente às ideias contrárias às provas internacionais que vinham de Inglaterra, o Real Madrid deu, em campo, continuidade à vontade dos seus dirigentes em abraçar o torneio. E venceu-o em 1955/56. E no ano seguinte. E no outro. E no outro. E novamente em 1959/60, num até hoje inédito penta. Estava ali dado o tiro de partida para o começo de uma relação umbilical entre o Real e a competição que molda o clube, ao mesmo tempo que o clube a molda a ela.

A equipa do Real Madrid que venceria a primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus, em Paris, em 1956
Real Madrid/Getty

A somente sete quilómetros do Hotel Ambassador, onde se pode marcar o começo simbólico disto de colocar os melhores conjuntos da Europa uns contra os outros, disputar-se-á a 67.ª final da competição. Pela 20.ª vez, o Real Madrid estará na partida de atribuição do título, quase que dando um sentido de continuidade à vida de 1956 com a de 2022.

Do outro lado estará um clube que, fugindo às ideias de Alan Hardaker, deitou para o lixo as tendências isolacionistas inglesas para forjar uma relação igualmente especial com a 'orelhuda'. Com quatro vitórias entre 1977 e 1984, o Liverpool tornou-se num dos mais famosos clubes do mundo, com um conjunto de rituais e tradições que, tendo Anfield como santuário particular, enchem de magia aquelas camisolas vermelhas.

Os 19 títulos que Real Madrid (13) e Liverpool (6) somam entre si fazem da final de 2021/22 aquela, em toda a história da prova, cujos adversários colecionam mais triunfos no torneio. Pela primeira vez, os mesmos clubes defrontar-se-ão no desafio decisivo em três ocasiões: a deste sábado segue-se às de 2017/18 e 1980/81.

Mas, se ambas as instituições olham com gula para a glória internacional — até porque o Liverpool só foi uma vez campeão inglês nas últimas três décadas, não sendo, também, desconhecidas as temporadas em que o Real se desleixa na La Liga para se focar na Champions —, os caminhos traçados no passado recente para estar em Paris foram bem diferentes.

O “homem tranquilo” que se especializou a lidar com egos

Na conferência de imprensa de antevisão da final, perante uma sala cheia de jornalistas de todo o mundo, Carlo Ancelotti foi questionado sobre como prepararia o duelo. O italiano, pastilha elástica na boca e serenidade na face, foi claro: “Terei de lhes perguntar a eles [jogadores] como preparar a final. Não tenho nada que ensinar-lhes, muitos estão na quarta final. Esta equipa está habituada”.

Carletto venceu a competição duas vezes como jogador. Enquanto técnico, pode tornar-se no primeiro a erguê-la em quatro ocasiões, desempatando com Zinedine Zidane e Bob Paisley. Pode tornar-se no primeiro treinador de sempre a vencer oito troféus europeus, desfazendo a igualdade que tem com Alex Ferguson e Giovanni Trappatoni. Mas, do alto de um palmarés de sonho, Ancelotti descontrai e, num mundo cheio de vaidades, não tem problemas em dizer que “não tem nada a ensinar” aos seus futebolistas.

Ancelotti erguendo a Champions conquistada pelo Real em 2014, em Lisboa
FRANCK FIFE/Getty

O hábito de partilhar liderança com quem treina ficou, também, visível quando terminou o tempo regulamentar do Real Madrid-Manchester City das meias-finais. A poucos metros de distância, Pep Guardiola gesticulava para com os seus jogadores, explicando-lhes ao milímetro o que queria. Ao pé do banco do Real Madrid, Ancelotti ouvia as opiniões de Kroos e Marcelo sobre o que deveria ser feito. “É um momento que o descreve na perfeição como treinador”, opinou, depois, o médio alemão.

Na final da Champions de 2003, o treinador italiano deu ouvidos a Shevchenko, passando o ucraniano para quinto rematador no desempate por penáltis contra a Juventus — e o avançado faria o golo que decidiria o título; no PSG, Zlatan Ibrahimovic contava que Ancelotti lhe pedia que fosse convencer Verratti para “deixar de passes frouxos”, porque o médio “dava ouvidos” ao sueco. “Carlo nunca quer fazer nada por ele próprio. É um sinal de grande inteligência. É por isso que ele ganha onde quer que vá”, explicou, em tempos, Paolo Maldini, que foi colega de Ancelotti no Milan e, depois, capitão da equipa que venceu a Champions em 2003 e 2007 sob o comando de Carletto.

Maldini alude à carreira do técnico de 62 anos, que foi passando pelos bancos mais quentes do continente sempre longe de polémicas. Diplomático e conciliador, Ancelotti não só lidou com Zidane e Del Piero, Shevchenko e Kaká, Drogba e Lampard, Ibrahimovic e Beckham, Cristiano e Sérgio Ramos, Robben e Ribéry; Carlo geriu também com mestria as relações com Berlusconi e Abramovich, Al-Khelaïfi e Florentino Pérez, Uli Hoeness e Aurelio De Laurentiis.

Ancelotti, Berlusconi e Maldini: treinador, dono e capitão de um Milan lendário
ALBERTO PIZZOLI/Getty

Em nenhum outro momento terá o transalpino tido necessidade de puxar pela sua habilidade nas relações humanas mais do que em 2013, quando chegou pela primeira vez em Madrid. O Real era um clube dividido depois do período de José Mourinho e Ancelotti fez o que faz melhor: normalizou relações, diminuiu tensões, acomodou estrelas e egos. Depois de ganhar por 4-0 em Munique, contra o Bayern de Guardiola, abrindo caminho para a deseja La Décima, a “Marca” descreveu-o na sua primeira página como “o homem tranquilo”.

Na segunda etapa no Bernabéu, Carletto voltou a ter de reparar estragos, herdando um plantel que mistura homens acima dos 30 anos — Nacho, Marcelo, Kroos, Modric, Benzema, Hazard, Bale — com jovens que precisavam de se consolidar na elite — Rodrygo, Militão, Vinícius, Valverde, Camavinga. Entre os 11 jogadores mais utilizados nesta época, só Courtois, Alaba e Casemiro estão entre os 27 e os 31 anos.

Mas Ancelotti voltou a “criar as relações certas para tirar o melhor de cada jogador”, como Shevchenko diz que o seu antigo técnico faz. Extraindo versões superlativas de Modric ou Benzema e conseguindo regularidade nunca vista em Militão ou Vinícius, de quem quase parece um simpático avô que fuma uns charutos de vez em quando, o título na La Liga e a final da Champions foram possíveis.

Tudo, claro, sem esquecer a mística das remontadas, dos minutos de tormenta em que o Real se move como em casa. Nos oitavos-de-final, contra o PSG, os madrilenos só estiveram 12 minutos em vantagem na eliminatória, marcando três vezes entre os 61’ e os 78’ para seguirem em frente; nos 'quartos', diante do Chelsea, Rodrygo levou o duelo para prolongamento aos 80’ e Benzema deu o triunfo no prolongamento; nas meias, contra o City, o Real esteve a perder desde o minuto 2 (quando De Bruyne fez o 1-0) da primeira mão até ao minuto 91 da segunda (quando Rodrygo ditou novo prolongamento).

“Acho que ninguém imaginaria que o Real Madrid jogasse a final da Liga dos Campeões esta temporada. E aqui estamos nós”. Ancelotti explica o percurso com a simplicidade de quem entra no salão de sua casa.

Transferências escolhidas a dedo e inteligência artificial

Se é difícil falar do percurso do Real Madrid sem mencionar coisas dificilmente definíveis, como “a mística do Bernabéu” ou o “ADN” dos blancos, o caminho recente do Liverpool parece bem mais metódico e calculado, como uma escada cuja ascensão ao degrau seguinte foi sendo preparada no anterior. Em 2015, Jürgen Klopp chegou a Anfield para transformar os “descrentes em crentes”.

Para devolver a grandeza perdida a um gigante adormecido.

De mercado de transferências em mercado de transferências, o clube foi dando ao técnico germânico os recursos necessários para recolocar os reds no topo do futebol. Alisson, Van Dijk, Robertson, Fabinho, Mané ou Salah, potenciados por Klopp, tiraram o Liverpool da mediocridade e permitiram-lhe lutar pela Premier League com o City — um título e três segundos lugares nas últimas quatro campanhas — e pela Champions — três finais nas derradeiras cinco épocas.

Thiago deu outra pausa e capacidade em posse ao Liverpool
Michael Regan - The FA/Getty

Se o Real foi confiando na eternização de Modric, Benzema ou Kroos — sem esquecer o decisivo contributo de Courtois —, o Liverpool vai crescendo a cada mercado. Mesmo quando a equipa era já uma máquina de futebol, Klopp foi-lhe dando outros registos, através da incorporação da pausa de Thiago ou do drible de Luis Díaz.

No livro “Reading the game: a year in black and yellow”, Klopp assume que, quando era jovem, pretendia ser médico, acreditando ter “síndrome do ajudante”. Mas se algo caracteriza o Jürgen treinador é o gosto em rodear-se das melhores ferramentas, fugindo à ideia de treinador que tudo sabe e decide.

O Liverpool recorreu a uma empresa de inteligência artificial para criar uma ferramenta que permite ao staff detetar riscos de lesões ao longo da temporada e recomendar respostas físicas adaptadas às condições de cada atleta. Uma reportagem no “The Telegraph” detalhou como o software simula cenários baseados no trabalho diário para que os jogadores possam dirigir-se ao seu pico de forma e minimizar riscos de lesão. A ferramenta avalia aspetos como a força, a qualidade do sono, sinais de stress ou flexibilidade, combinando-os com os minutos jogados para criar “sinais de risco” que possam antecipar lesões.

Este software, conjugando com uma profundidade de plantel que levou Klopp a descrever os seus jogadores menos utilizados como “Ferraris na garagem”, foi chave para que o Liverpool disputasse todas as competições até ao final. Os reds venceram a Taça da Liga inglesa e a FA Cup, discutiram a Premier League até ao último minuto e estão na partida decisão da Champions, num total de 63 encontros numa temporada que uniu a cidade dos Beatles com a modernidade de Dua Lipa, cujo “One Kiss” tornou-se hino oficioso de 2021/22 para o clube.

Luis Díaz foi o melhor em campo em ambas as finais de Taça
Naomi Baker - The FA/Getty

Numa tentativa de não deixar nada ao acaso, o Liverpool conta com o apoio da Neuro 11, uma empresa alemã de “treino mental para atletas de elite” que ajuda os jogadores, particularmente nos penáltis. A equipa de Anfield venceu as duas taças domésticas inglesas após decisões por castigos máximos.

A “vingança” de Salah e a metamorfose de Benzema

Ainda pouco tinha acontecido na final da Champions de 2017/18 quando Sérgio Ramos levou Mohamed Salah ao chão. O egípcio vivia a sua temporada de consagração no mais alto nível global, com 44 golos no ano de estreia pelo Liverpool e na antecâmara do Mundial da Rússia, onde lideraria o seu país na primeira participação na competição desde 1990.

No entanto, as sequências daquela queda levaram Salah a abandonar o campo, em Kiev, em lágrimas, fazendo-o, também, disputar o Campeonato do Mundo em clara inferioridade física. Muito se discutiu sobre a intencionalidade de Ramos em lesionar o avançado, tendo mesmo havido um advogado egípcio que interpôs uma ação em tribunal para que o espanhol pagasse uma indemnização por “deliberadamente lesionar Salah e prejudicar as ambições do Egito no Mundial”.

Shaun Botterill/Getty

Certo é que, na primeira grande final da sua carreira, Mo praticamente não jogou. E o canhoto não esqueceu.

Quase quatro voltas ao sol depois de Kiev, o Liverpool tinha acabado de bater o Villarreal para regressar a uma final da Champions. Questionado pela “BT Sport” logo após o apito final, em Espanha, sobre se preferia defrontar o Real Madrid ou o Manchester City em Paris, o egípcio escolheu, sem hesitação, os espanhóis. E, para matar dúvidas, no dia seguinte reforçou a sua mensagem no jantar da associação de jornalistas de futebol em Inglaterra: “Perdemos contra eles na final em 2018. Foi um dia triste para todos. É tempo de vingança”.

Entretanto, Klopp e Sadio Mané recusaram a ideia de vingança pelos acontecimentos de 2018, mas a mensagem do egipcian king foi passada. Mesmo sem Sérgio Ramos do outro lado, Salah tem contas para ajustar.

Quase sempre indiferente a estas polémicas parece estar o grande protagonista do outro lado. Desde a saída de Cristiano Ronaldo, Karim Benzema tornou-se líder incontestado do Real Madrid, deixando de ser escudeiro para tornar-se em protagonista, perdendo a timidez para passar a capitão vocal. E, conservando a inteligência de movimentos e técnica de seda, explodiu na dimensão goleadora.

Autor de 30, 27 e 30 golos nas três primeiras temporadas sem CR7 em Madrid, o francês elevou ainda mais o rendimento nesta campanha, com 44 golos e 15 assistências. Cada vez mais fiel à história da camisola branca que veste, foi herói das remontadas para estar em Paris: três golos em 17 minutos ao PSG, quatro na eliminatória contra o Chelsea, outras três bolas no fundo das redes contra o City, incluindo o golo no prolongamento que decidiu a meia-final.

NurPhoto/Getty

Ao marcar 15 vezes na prova, só Cristiano Ronaldo festejou mais vezes que Karim numa edição da Champions — o português fez 16 golos em 2015/16 e 17 em 2013/14, quando no ataque do Real voavam um madeirense e um galês coadjuvados por um francês.

Reencontros no lugar de sempre

Em Paris, duas equipas que há pouco mais de um ano estiveram entre os fundadores da Superliga, que tinha como premissa fundacional o anacronismo e desinteresse da Champions, disputarão com todas as forças um troféu que há 13 meses disseram desprezar. Florentino Pérez, volta e meia, reitera a ideia inicialmente dita no “Chiringuito de Jugones”, defendendo que “é preciso salvar o futebol” com uma nova competição, porque a Liga dos Campeões “está a perder o interesse” e a “UEFA não tem uma boa imagem”.

Sentado na tribuna presidencial, esperando para consagrar uma das equipas como nova rainha do futebol europeu, estará Aleksander Čeferin, o homem que acusou os ideólogos da Superliga de “viverem num mundo paralelo”. “Da mesma forma que há quem ache que a terra é plana, há quem continue a achar que a Superliga existe”, disse o presidente da UEFA ao “Le Journal di Dimanche", em fevereiro.

Para o Real Madrid, ganhar esta Champions seria derrotar, simultaneamente, dois inimigos de Florentino Pérez: os “petro clubes”, como o seu presidente apelida City, Chelsea ou PSG — dias depois de Mbappé ter renovado com os parisienses; e a UEFA, recebendo a 'orelhuda' — pelo qual o Real é obcecado, diga o que disser Florentino — das mãos do esloveno que está em guerra aberta com Real Madrid, Barcelona ou Juventus, os principais guardiões do espírito da Superliga.

Alexander Hassenstein - UEFA/Getty

Voltando a 1954, a ideia inicial de Hanot estava “muito mais próximo do fantasma que hoje assombra o futebol europeu”, como se lê em “Noites Europeus”. O jornalista francês, escrevem Miguel Lourenço Pereira e João Nuno Coelho, queria “uma superliga europeia, fechada, com jogos a duas mãos, entre as 16 melhores equipas do continente”.

Familiar, não?

Quase 70 anos depois de a ideia de Hanot ter sido adaptada para uma prova aberta e que se decide a eliminar, a Liga dos Campeões, não sendo a Superliga, é cada vez mais a coutada dos mais ricos e poderosos. Desde 2004, só conjuntos das big 5 disputaram finais; desde 2010, só ingleses, alemães e espanhóis ergueram o título; o Real Madrid disputará a sua quinta final em nove temporadas e o Liverpool a terceira em cinco. A estrutura económica do jogo no continente eterniza posições de poder, tornando quase impossível a queda do pedestal dos que, num determinando momento, são os mais fortes.

Em Paris, onde tudo começou nos anos 50, Liverpool e Real discutirão uma final entre duas abordagens diferentes ao futebol de 2022. No Stade de France, a sete quilómetros do hotel onde a competição foi desenhada; no Stade de France, a 13 quilómetros do Parque dos Príncipes, onde em 1956 o Real Madrid venceu a edição inaugural e, em 1981, o Liverpool bateu os espanhóis, na última final da prova que os blancos perderam.

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