São poucos metros que separam o balneário — nas paredes, lê-se “eles correm, nós voamos” e “nenhum jogador é tão bom como todos juntos” — do relvado onde o conto de fadas alcançou proporções inesperadas, culminando na subida à 1ª Divisão, 83 anos depois, do clube fundado em 1920. Antes desse glorioso desfecho, mesmo quando o futebol que saía das botas dos futebolistas era fiável, houve um momento decisivo a meio da época: a visita ao Centro Cultural Casapiano. Afinal, esta instituição não era só a tal que emprestou mais jogadores e o equipamento para a estreia da seleção portuguesa em Espanha, em 1921.
Foi Filipe Martins, o treinador dos casapianos, quem confidenciou esse clique emocional. Afonso Taira, médio que chegou a Pina Manique nos últimos suspiros de agosto, confirmou: “Todos sabíamos que o Casa Pia tinha muita história e não era um clube qualquer, mas é completamente diferente ir ver o quão grande é, a responsabilidade que tem, aquilo que pode influenciar, influencia e influenciou tantos anos, não sei quantas vidas, não sei quantos jovens que precisavam dessa ajuda. É marcante.” Vítor Franco, presidente do clube e ex-aluno da Casa Pia de Lisboa, recorda o baque na alma dos jogadores: “Perceberam que o Casa Pia não é só pontapés na bola. Tem um fundo de cultura e de solidariedade. Ficaram impressionados. As pessoas têm de perceber que o futebol não é tudo na vida.”
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