A polaca de 21 anos, que já vencera o torneio em 2020, bateu Coco Gauff em apenas 68 minutos, com os parciais de 6-1 e 6-3. Depois da final de Roland-Garros, Swiatek elogiou a rival de 18 anos, falou em "pressão" e deixou uma palavra para a Ucrânia, que lhe valeu uma ovação de pé
A bola disparada pela raquete de Coco Gauff saiu demasiado comprida, pingou fora das fronteiras da jogabilidade, e Iga Swiatek ajoelhou-se, celebrou e berrou para a sua equipa na bancada. É o segundo triunfo da polaca em Roland-Garros, depois de 2020. Mal acabou o encontro, a número 1 do mundo correu para o túnel para desaguar onde moram os adeptos. Ali abraçou os seus e até Robert Lewandowski, o melhor futebolista da Polónia.
Gauff disputava a primeira final de um Grand Slam e aparentemente terá sido mordida pelos nervos. A direita foi sofrendo, as dúvidas entraram e o jogo de serviço capitulou. Swiatek foi garantindo o seu trabalhinho nos jogos de serviço e os breaks até ao esclarecedor 6-1, em 35 minutos. A melhor tenista da atualidade, apenas com 21 anos, apresentava-se como tem sido hábito, com um ténis super seguro, de altíssimo nível, com respostas incríveis. Imparável.
No segundo set, Coco Gauff, a norte-americana de 18 anos, até começou melhor, com uma quebra de serviço. Chegou ao 2-0 e havia a esperança de que poderia estar relançada a final do torneio parisiense, mas Iga voltou ao seu nível e acabaria por destroçar o ténis da adversária em menos tempo do que no primeiro set (33’), fechando o encontro com um 6-3. A polaca fez 18 winners e 16 erros não forçados.
Gauff, após cumprimentar a campeã de Roland-Garros, sentou-se na sua cadeira e o barulho da solidão foi desolador e ensurdecedor. As lágrimas corriam-lhe pelo rosto e os lábios mexiam, como se estivesse a dizer algo a si própria, talvez a tentar perceber o que aconteceu.
Ryan Pierse
Com o troféu de vice-campeã nas mãos, Coco Gauff apresentou-se no púlpito. “É a primeira vez para mim. Queria dar os parabéns à Iga, tens sido incrível, mereces. Espero que possamos defrontar-nos em mais finais e que eu possa ganhar num desses dias”, começou por dizer, trocando depois os risos pelas lágrimas e vice-versa. A seguir, agradeceu à equipa e aos adeptos e, finalmente, lamentou não ter vencido o torneio.
Swiatek agarrou no elegante pedaço de glória e desfilou triunfante até ao destino, onde ergueu a taça. Gauff ia olhando-a com ternura ou admiração, ou os dois. Depois de tanto, a tenista que adora Rafael Nadal só quebrou com o hino nacional polaco.
“Eu disse à Coco para não chorar e agora o que estou eu a fazer?”, disse, mal agarrou no microfone. E continuou a visar Gauff: “Queria dar-te os parabéns, tens feito um trabalho incrível, vejo que estás a melhorar a cada mês. Quando eu tinha a tua idade, estava no primeiro ano no circuito, não sabia o que estava a fazer. Vais descobrir e estarás lá [no topo], tenho a certeza disso.”
As palavras iam-se atropelando, os pensamentos pior ainda quem sabe, por isso admitiu que talvez precise de “mais experiência”, ou seja, ganhar mais para falar mais vezes para o mundo inteiro. A polaca reconheceu ainda que, depois do feito soberbo de 2020, desta vez havia mais pressão. Na nota final, exibindo-se com uma fita amarela e azul no chapéu, arrancou uma ovação de pé: “Queria dizer algo para a Ucrânia: mantenham-se fortes”.