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Igor Denisov, antigo capitão da Rússia, pediu a Putin o fim da guerra: “Disse-lhe que até me punha de joelhos diante dele para que parasse”

Igor Denisov, antigo capitão da Rússia, pediu a Putin o fim da guerra: “Disse-lhe que até me punha de joelhos diante dele para que parasse”
GABRIEL BOUYS/Getty

O antigo médio é mais um desportista russo a insurgir-se contra a invasão do seu país à Ucrânia e escreveu ao presidente do país para que acabasse com a guerra. Numa rara entrevista, Denisov disse que até pode ser preso ou morto pelas suas palavras, mas que tem de dizer as coisas como elas são

Tempos houve em que Igor Denisov era conhecido por não dar entrevistas. A fama de mau-feitio também o acompanhava, mas em campo era um dos líderes do meio-campo da Rússia que esteve no Europeu de 2012 e no Mundial de 2014, chegando mesmo a envergar a braçadeira de capitão.

No Zenit venceu três campeonatos e fez parte da equipa que ganhou a Taça UEFA em 2007/08. Foram mais de 350 jogos pela equipa de São Petersburgo, a sua cidade natal, antes de continuar a carreira no Anzhi, Dínamo de Moscovo e terminar no Lokomotiv da capital russa.

Retirado desde 2019, a opção por não dar entrevistas parece não ter resistido a algo mais poderoso: a oposição de Denisov à invasão do seu país à Ucrânia. Numa conversa com o jornalista Nobel Arustamyan, publicada no canal de YouTube deste, o antigo médio chamou aos atos da Rússia “uma catástrofe” e um “horror completo”, revelando mesmo que escreveu a Vladimir Putin, nascido em São Petersburgo como ele, para acabar com a guerra que ele próprio iniciou.

“Se calhar vão meter-me na prisão ou matar-me por estas palavras, mas eu digo as coisas como elas são”, atirou o ex-jogador, de 38 anos, que frisou que “ama o seu país” e que não quer deixar a Rússia.

Na carta que escreveu a Vladimir Putin, ainda nos primeiros dias da invasão, iniciada a 24 de fevereiro, o antigo futebolista, que não é o primeiro a expressar as suas opiniões contrárias à narrativa russa (Nadya Karpova, jogadora da seleção feminina, tinha sido a última a denunciar o seu próprio presidente), mostrou-se disponível até a humilhar-se, se isso significasse o fim da guerra.

“Sou um tipo orgulhoso. E disse-lhe mesmo que até me punha de joelhos diante dele para que parasse com tudo”, sublinhou.

De acordo com a BBC, o som da entrevista de Denisov a Arustamyan parece ter sido alterado, surgindo distorcido em partes em que o antigo médio dizia palavras que neste momento valem prisão na Rússia, como “guerra” ou “invasão”.

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