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A tímida Naomi Osaka vai juntar-se a Lebron James para criar uma nova empresa de media. O objetivo é “empoderar os atletas criadores”

A tímida Naomi Osaka vai juntar-se a Lebron James para criar uma nova empresa de media. O objetivo é “empoderar os atletas criadores”
TPN

A “Hana Kuma”, expressão japonesa, irá produzir séries de televisão, documentários, anime e conteúdos de marcas. Osaka diz que quer ajudar a erguer histórias que gostaria de ter visto em criança. "Eu sempre quis ver alguém como eu", frisa a tenista, a atleta mais bem paga do mundo, mas que tem passado por momentos atribulados em court

Tem 24 anos, venceu quatro torneios do Grand Slam e é a atleta feminina mais bem paga do mundo. E apesar de Naomi Osaka não estar no melhor momento da sua carreira dentro do court, uma vez que se encontra a recuperar de uma lesão, a tenista continua a somar vitórias do lado de fora do campo. A mais recente foi a criação de uma empresa de media com o nome “Hana Kuma”, em parceria com a “SpringHill”, empresa de marketing e entretenimento do basquetebolista LeBron James.

A empresa foi batizada com um nome japonês, língua materna da tenista, que em português significa “urso flor”. O objetivo é que, através dela, sejam produzidas séries de televisão com e sem guião, documentários, anime e conteúdos de marcas, segundo contou Osaka em entrevista ao “New York Times”.

"Sinceramente, não posso dizer se estarei pessoalmente em algum projeto neste momento. O que me entusiasma é ser capaz de inspirar as pessoas e contar novas histórias, particularmente aquelas que eu teria gostado de ver quando era criança. Eu sempre quis ver alguém como eu", afirmou.

Quem assistiu ao momento em que Osaka desistiu do torneio de Roland Garros depois de ter sido multada por boicotar as conferências de imprensa, por considerá-las um momento que serve para "pontapear uma pessoa enquanto ela está no chão", poderá ter mais facilidade em associar a tenista a um lado mais tímido e reservado do que este de contadora de histórias, mas a verdade é que este projeto de entretenimento não é uma surpresa total.

No seguimento do sucedido em França, Osaka escreveu uma carta aberta na revista “Time” onde se pode ler: “Nunca se tratou da imprensa, mas sim do formato tradicional da conferência de imprensa. Eu adoro a imprensa, não adoro todas as conferências de imprensa. Sempre gostei da relação incrível que tenho com os meios de comunicação social e dei várias entrevistas aprofundadas e individuais. No entanto, na minha opinião, o formato da conferência de imprensa está desatualizado e com grande necessidade de uma atualização. Acredito que podemos torná-lo melhor, mais interessante e mais agradável”.

Crente na necessidade de mudança, Osaka decidiu arregaçar as mangas para contar histórias à sua maneira. Até porque, segundo avançou o “New York Times”, os fãs podem mesmo esperar que a tenista contribua para algumas dos conteúdos da empresa de media.

Osaka tem falado abertamente sobre tópicos que nem todos os desportistas abordam. Foi uma das defensoras do movimento “Black Lives Matter”, iniciou uma discussão a nível mundial sobre o tema da saúde mental no desporto e não evita falar dos momentos em que lutou contra a ansiedade e depressão.

“Tento sempre obrigar-me a falar pelo que acredito estar certo, mas isso muitas vezes tem o custo de muita ansiedade. Sinto-me desconfortável por ser a porta-voz ou o rosto da saúde mental do atleta, pois ainda é tão novo para mim e não tenho todas as respostas. Espero que as pessoas se possam identificar e compreender que está tudo bem em não estar bem, e que não faz mal falar sobre isso. Há pessoas que podem ajudar e normalmente há luz ao fundo de qualquer túnel”, disse na mesma carta aberta.

Estes são alguns dos temas que irão surgir nos projetos da “Hana Kuma”, sendo que o primeiro projeto será sobre Patsy Mink, a primeira mulher de cor eleita para o Congresso. Mas haverá também outros temas. Em desenvolvimento está já um projeto que envolve culinária e a comunidade haitiana. "Vejo muitos programas relacionados com comida, concursos de culinária, porque gosto de cozinhar”, confessou a tenista.

James, contactado pelo mesmo jornal, disse que a “graciosidade e poder” de Osaka fizeram dela uma boa aposta para a sua empresa, que existe para “empoderar os atletas criadores”.

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