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Ons Jabeur, a tenista tunisina que chegou ao top 3 do ranking: “Vejo-me como se estivesse numa missão. Escolhi inspirar as pessoas”

Ons Jabeur, a tenista tunisina que chegou ao top 3 do ranking: “Vejo-me como se estivesse numa missão. Escolhi inspirar as pessoas”
Robert Prange/Getty

A atleta de 27 anos tem conquistado vários feitos, tornando-se em 2021 na primeira tenista do seu país a chegar ao top 10 do ranking e já este ano na primeira árabe e africana a vencer um torneio WTA 1.000. Agora, os olhos de Jabeur estão numa vitória em Wimbledon: "Significaria muito"

Em outubro, Ons Jabeur, tenista tunisina de 27 anos, não foi apenas a primeira atleta do seu país a entrar no top 10 do ténis mundial, feminino ou masculino, foi também a primeira árabe a fazê-lo. Jabeur foi também a primeira árabe a chegar aos quartos de final do Open da Austrália, em 2020, e aos oitavos de final de Wimbledon, em 2021. Já este ano, a tunisina venceu mais dois títulos, incluindo em Madrid, onde se tornou a primeira mulher árabe e africana a vencer um torneio WTA 1.000.

Prestes a regressar a Wimbledon, agora com o estatuto de número três do mundo, Jabeur tem primeiro de resolver um problema no joelho, que a levou a abandonar em Eastbourne, onde jogou no quadro de pares ao lado de Serena Williams. A atleta carrega a esperança de uma nação sobre os ombros e quer abrir caminho para outras mulheres africanas e árabes. Aquilo que chegou a ser um fardo, é agora um privilégio para Ons.

“Vejo-me como se estivesse numa missão. Digo-me que escolhi fazer isto. Digamos, escolhi inspirar as pessoas. Escolhi ser quem sou. Um dia, quero partilhar a minha experiência e trazer mais gerações para aqui”, disse Jabeur em entrevista ao jornal inglês “The Guardian”. “Não o vejo como um fardo, mas sim como um grande prazer e uma grande responsabilidade. Faz parte do trabalho, faz parte da razão que me leva a jogar. E eu acredito na partilha. Partilhar pode ajudar-me como jogadora e ajudar as próximas gerações”, explicou a tenista.

Depois de ter vencido Roland-Garros em 2011 como júnior, Jabeur demorou cinco anos a entrar no top 100 mundial e foi apenas em 2020 que chegou ao top 50. O sucesso veio recentemente, com a entrada nas 10 melhores, em outubro, e agora o terceiro lugar do ranking WTA. Para a tunisina, a poucos meses de fazer 28 anos, a progressão tem sido natural.

“Sinceramente não penso que algo tenha mudado. Mas a evolução que tenho alcançado de ano para ano, (…) os jogos que tenho ganhado, estão a dar-me cada vez mais experiência. Isso tem-me ajudado a ser a jogadora que sou atualmente”, disse Jabeur, que admitiu ainda: “Sinto que precisava de passar por muitas etapas para atingir [o estatuto atual] e ser quem sou hoje, porque não podia saltar da etapa um para a etapa 10. Sou o tipo de jogadora que leva o seu tempo a aprender sobre si própria e sobre outras coisas”.

A tunisina conta um episódio engraçado. Quando era júnior, chamavam-lhe “Roger Federer”, por causa do seu estilo de jogo. “Estou muito longe desses tempos”, diz Jabeur, rindo-se e recordando Wimbledon, em 2021. Ao atingir os quartos de final do torneio pela primeira vez, Ons foi felicitada pelo suíço, que quis tirar uma fotografia ao seu lado. A tenista confessa que ficou sem saber o que fazer: “Não consegui dizer nada”.

Em Roland-Garros, em maio, Ons Jabeur sentiu a pressão de ter vencido em Madrid e caiu na primeira ronda, quando era uma das favoritas. A vitória em Berlim recolocou-a nos eixos, tanto em termos de jogo como de mente. A tenista mostra-se grata ao seu psicólogo. Ainda pode perder a calma no court, mas sente-se melhor a afastar o nervosismo: “Não é fácil desligar durante os pontos, mas penso que te habituas a isso. Sinto-me mais e mais consciente de mim própria, do meu corpo, do meu lado mental. E isso ajuda-me a conhecer-me nalgumas situações mais difíceis”.

Em Wimbledon, Ons vai tentar ir além dos oitavos de final de um torneio do Grand Slam pela primeira vez, isto se a lesão no joelho o permitir. Jabeur pensa na vitória, sem cerimónias. “Significaria muito. (…) É um torneio tão importante. Lembro-me de que a multidão no ano passado era fantástica. É uma superfície em que consigo jogar bem e divertir-me. Por isso, adoraria conquistar o troféu de Wimbledon. Espero estar pronta. Os meus olhos estão em Wimbledon”, afirmou Ons Jabeur.

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