Inês Almeida Costa, assistente no processo de Rui Pinto, foi uma das pessoas que viram as suas caixas de correio eletrónico atacadas. Embora os seus e-mails não tenham sido publicados no Mercado de Benfica, vários documentos de trabalho foram. “Foi horrível. Era um murro no estômago”, relatou a advogada, que em 2018 estava na PLMJ e agora na Vieira de Almeida. “Causou muita ansiedade”, acrescentou.
A advogada, 31 anos, disse ainda em tribunal que “a angústia continua”. “Muita gente terá feito o download de tudo o que foi publicado. Tenho informação minha e de terceiros nas mãos de pessoas que não conheço. Não é agradável”, testemunhou. “As coisas foram-se resolvendo, mas vir aqui faz-me reviver tudo outra vez”, contou.
Também Rui Costa Pereira descreveu o impacto traumático do ataque informático. “Quem não tenha passado por isto não faz ideia da sensação de violação da privacidade”, afirmou em tribunal. “Até dentro do escritório passámos a ser vistos quase como leprosos”, descreveu.
E contou o transtorno da noite de 23 de dezembro de 2018, logo após a publicação de diversos documentos da PLMJ no Mercado de Benfica. "Tive conhecimento a 23 de dezembro, estava eu em minha casa para dar o jantar de aniversário da minha mãe, tenho muito gosto em cozinhar. E depois acabo o jantar a olhar para o telemóvel. Foi um momento de caos e pânico, porque a dado momento não sabíamos o que vinha a seguir. Com bastante deselegância tive de mandar embora os meus pais e irmãos, porque era preciso ir à PLMJ desligar cabos de computadores", contou.
“Alguém há-de me explicar qual o interesse público da divulgação de ficheiros clínicos do filho do João [Medeiros]”, protestou, numa alusão ao facto de parte dos e-mails daquele ex-sócio da PLMJ terem documentos e informações pessoais. E notou também que os documentos então publicados na Internet ainda poderão vir a ser usados. “É evidente que o resultado da intrusão se sente hoje”, acrescentou.
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