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Julgamento Rui Pinto. Advogada fala em “angústia e “murro no estômago” provocados pelo ataque informático ao seu e-mail

Rui Pinto no julgamento em que é acusado de 90 crimes, incluindo um de tentativa de extorsão à Doyen, no âmbito das publicações feitas entre 2015 e 2016 no blog Football Leaks
Rui Pinto no julgamento em que é acusado de 90 crimes, incluindo um de tentativa de extorsão à Doyen, no âmbito das publicações feitas entre 2015 e 2016 no blog Football Leaks
NUNO BOTELHO

Inês Almeida Costa, assistente no processo de Rui Pinto, foi uma das pessoas que viram as suas caixas de correio eletrónico atacadas. Embora os seus e-mails não tenham sido publicados no Mercado de Benfica, vários documentos de trabalho foram

Miguel Prado

Inês Almeida Costa, assistente no processo de Rui Pinto, foi uma das pessoas que viram as suas caixas de correio eletrónico atacadas. Embora os seus e-mails não tenham sido publicados no Mercado de Benfica, vários documentos de trabalho foram. “Foi horrível. Era um murro no estômago”, relatou a advogada, que em 2018 estava na PLMJ e agora na Vieira de Almeida. “Causou muita ansiedade”, acrescentou.

A advogada, 31 anos, disse ainda em tribunal que “a angústia continua”. “Muita gente terá feito o download de tudo o que foi publicado. Tenho informação minha e de terceiros nas mãos de pessoas que não conheço. Não é agradável”, testemunhou. “As coisas foram-se resolvendo, mas vir aqui faz-me reviver tudo outra vez”, contou.

Também Rui Costa Pereira descreveu o impacto traumático do ataque informático. “Quem não tenha passado por isto não faz ideia da sensação de violação da privacidade”, afirmou em tribunal. “Até dentro do escritório passámos a ser vistos quase como leprosos”, descreveu.

E contou o transtorno da noite de 23 de dezembro de 2018, logo após a publicação de diversos documentos da PLMJ no Mercado de Benfica. "Tive conhecimento a 23 de dezembro, estava eu em minha casa para dar o jantar de aniversário da minha mãe, tenho muito gosto em cozinhar. E depois acabo o jantar a olhar para o telemóvel. Foi um momento de caos e pânico, porque a dado momento não sabíamos o que vinha a seguir. Com bastante deselegância tive de mandar embora os meus pais e irmãos, porque era preciso ir à PLMJ desligar cabos de computadores", contou.

“Alguém há-de me explicar qual o interesse público da divulgação de ficheiros clínicos do filho do João [Medeiros]”, protestou, numa alusão ao facto de parte dos e-mails daquele ex-sócio da PLMJ terem documentos e informações pessoais. E notou também que os documentos então publicados na Internet ainda poderão vir a ser usados. “É evidente que o resultado da intrusão se sente hoje”, acrescentou.

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