A Procuradora Marta Viegas questionou o inspetor José Amador, da Polícia Judiciária, sobre um documento encontrado nos discos apreendidos a Rui Pinto que indicia que o arguido terá tido acesso, em 2016, a dados de uma reunião da Europol sobre si.
O inspetor confirmou a existência de um documento que circulou num canal interno das polícias europeias, relativo ao agendamento de uma reunião a 16 de setembro de 2016, que visava abrir uma cooperação entre Portugal, Espanha e Hungria sobre o autor do Football Leaks.
Em tribunal, José Amador garantiu que a segurança informática da Polícia Judiciária não foi comprometida, mas não soube explicar como terá o acesso a essa informação.
O desfecho da reunião da Europol acabou por ser negativo, porque a polícia húngara não quis abrir nenhuma investigação uma vez que a PJ também não tinha quaisquer elementos sobre potenciais ilícitos do autor de Football Leaks relativos a entidades da Hungria.
Rui Pinto deu acesso à PJ, mas não deu as senhas
Na sessão desta quinta-feira, o inspetor José Amador também esclareceu que Rui Pinto aceitou colaborar com a Polícia Judiciária para dar às autoridades portuguesas acesso à informação dos seus discos que estavam protegidos, mas optou por ser ele a introduzir as senhas e não as revelar à PJ.
Relativamente à colaboração de Rui Pinto, José Amador disse, no entanto, que desde a sua extradição para Lisboa, em março de 2019, a PJ tentou a colaboração do autor de Football Leaks, que “não foi possível chegar, porque o arguido assim o entendeu”.
José Amador foi também questionado sobre uma outra colaboração, a ocorrer no quadro do Eurojust. O inspetor reconheceu que Rui Pinto propôs essa colaboração, mas segundo José Amador esse quadro de colaboração não seria possível à luz das regras do Eurojust. “Era uma pretensão condenada à nascença”, defendeu o inspetor.
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