Rogério Bravo, inspetor-chefe da Polícia Judiciária que participou na investigação para apanhar o autor do blog Football Leaks, após uma queixa da Doyen e outra do Sporting, revelou ter sido constituído arguido num outro processo relacionado com a conduta da PJ nesta investigação.
Em causa está uma certidão extraída do processo em que Rui Pinto está a ser julgado, que fez reabrir um processo no qual Rogério Bravo foi constituído arguido. A informação foi avançada pelo inspetor-chefe responsável pela área de cibercrime da PJ numa declaração inicial para defender o direito a não responder a todas as perguntas de forma que o possa incriminar nesse outro processo.
Questionado pelo advogado do arguido Aníbal Pinto, Rogério Bravo descreveu como "normal" a atuação da PJ em 2015.
Admitiu ter sugerido ao advogado Pedro Henriques, que trabalhava com Nélio Lucas e a Doyen, que poderia apresentar uma queixa sobre a divulgação dos contratos da empresa na Internet, mas negou que posteriormente tenha dado aos queixosos indicações de como responder a Aníbal Pinto, que então representava o autor de Football Leaks, que se apresentava com a identidade digital Artem Lobuzov, e não como Rui Pinto.
Rogério Bravo justificou o seu envolvimento direto na investigação com a perceção de que a PJ poderia estar perante um flagrante delito de extorsão. "Tenho alguma experiência em extorsões. Estávamos perante a possibilidade de haver um flagrante delito", recordou o inspetor-chefe.
No seu depoimento como testemunha, Rogério Bravo também desvalorizou o facto de ter tratado na segunda pessoa o advogado Pedro Henriques, notando que trata por "tu" a maior parte das pessoas com que contacta, e que esse tratamento mais próximo é muitas vezes usado como estratégia de relacionamento para promover resultados mais eficazes na investigação.
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