Football Leaks

Football Leaks: Auditora da Doyen foi substituída em 2019 mas ainda aparece em documentos de 2021

Football Leaks: Auditora da Doyen foi substituída em 2019 mas ainda aparece em documentos de 2021
Horacio Villalobos

O atual administrador da Doyen Sports Investments, Melvin Roberts, diz não saber explicar porque é que um documento recente da empresa que processou Rui Pinto aponta a Nexia como auditora

Football Leaks: Auditora da Doyen foi substituída em 2019 mas ainda aparece em documentos de 2021

Miguel Prado

Jornalista

Apesar de ter perdido a licença para fazer auditoria em Malta, a Nexia BT surge ainda como auditora da Doyen Sports Investments num documento que esta empresa publicou no registo comercial de Malta, apresentado esta quinta-feira em tribunal durante o julgamento de Rui Pinto.

O documento foi apresentado pela defesa de Rui Pinto durante o testemunho de Melvin Roberts, consultor da empresa Maitland, que trabalha como administrador de 25 empresas em Malta, entre as quais a Doyen Sports Investments.

No seu testemunho por videoconferência, Melvin Roberts explicou que a Nexia foi auditora da Doyen entre 2017 e 2019, ano em que a foi substituída por uma auditora mais pequena, a NC.

Questionado sobre o porquê dessa troca de auditora, Melvin Roberts disse que se deveu apenas a uma poupança de custos. "A NC é uma pequena empresa que usamos com os nossos clientes, presta um bom serviço a um preço razoável, e não víamos razão para continuar com os custos elevados de uma auditora maior", explicou.

Foi então que o advogado de Rui Pinto, Francisco Teixeira da Mota, confrontou com um documento de janeiro de 2021 da Doyen que aponta ainda a Nexia como auditora. "Não tenho explicação para isso, mas haverá alguma coisa errada nos registos", comentou.

No seu depoimento, Melvin Roberts confirmou ainda que a Doyen Sports Investments é uma empresa sem funcionários e cujo objetivo hoje é apenas cobrar um conjunto de dívidas, para depois ser encerrada.

Roberts declarou ainda que não existe juridicamente nenhum Doyen Group e que as empresas Doyen Sports Investments, Doyen Capital e Doyen Global não têm nenhuma ligação societária entre si.

O processo em que Rui Pinto está a ser julgado, acusado de 90 crimes (entre os quais tentativa de extorsão à Doyen), resulta de uma investigação do Ministério Público a partir de uma queixa crime da Doyen Sports Investments, que em setembro de 2015 viu dezenas de contratos seus expostos no blog Football Leaks.

Questionado sobre o beneficiário efetivo da Doyen Sports Investments, Melvin Roberts confirmou tratar-se de Malik Ali. Mas disse desconhecer um conjunto de elementos da família Arif (que financiou a criação da Doyen há cerca de uma década), nomeadamente Refik Arif e Tevfik Arif.

No seu testemunho Melvin Roberts disse ainda desconhecer o antigo porta-voz da Doyen, Francisco Empis, e disse também não ter conhecimento de nenhum processo judicial em Espanha envolvendo a Doyen.

Questionado pela advogada da Doyen, Sofia Ribeiro Branco, sobre se alguma vez a empresa foi condenada por algum crime, Melvin Roberts disse que não. "Tanto quanto sei, e fizemos uma avaliação antes de assumirmos a gestão, não havia nada nos registos. Estou convencido de que não aconteceu nada", comentou.

A advogada da Doyen perguntou ainda se os factos que levaram a Nexia a perder a licença para fazer auditoria em Malta tiveram alguma coisa a ver com a Doyen, Melvin Roberts também respondeu negativamente. "De todo", referiu o gestor da Maitland e administrador da Doyen.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: mprado@expresso.impresa.pt