João Paulo Batalha, ex-presidente da associação Transparência e Integridade, defendeu esta quinta-feira no julgamento de Rui Pinto o mérito das revelações do Football Leaks e do Luanda Leaks, afirmando que "criaram um impulso político fundamental na União Europeia para o reforço do combate à corrupção e ao branqueamento de capitais".
Sublinhando que desses dossiês apenas conhece a informação publicada na comunicação social, João Paulo Batalha disse que "são de facto revelações fundamentais sobre a conduta suspeita de inúmeros atores".
Projetos como Football Leaks e Luanda Leaks, dos quais Rui Pinto já admitiu ser uma das fontes, "trouxeram dados e factos importantes para o funcionamento da justiça", acrescentou.
Confrontado pela advogada da Doyen, Sofia Ribeiro Branco, sobre que elementos concretos foram importantes, a testemunha lembrou os detalhes que Luanda Leaks forneceu sobre investimentos angolanos em Portugal e sobre a conduta de escritórios de advogados nesses negócios.
João Paulo Batalha notou que durante anos "não havia incentivo político" para responder ao tema da corrupção, mas as revelações de Football Leaks e Luanda Leaks, sobretudo esta última, acabaram por ter um impacto internacional, pressionando os decisores políticos para agir.
Questionado por Sofia Ribeiro Branco sobre se não é uma falha sistémica que um cidadão possa aceder a informação de outro cidadão, João Paulo Batalha começou por sublinhar que o foco da associação Transparência e Integridade é o combate à corrupção.
"Se foram cometidos crimes para aceder a essa informação é óbvio que isso não pode ser ignorado, mas é preciso verificar se houve crimes e depois verificar qual a resposta adequada face aos danos que foram causados e ao interesse das revelações", comentou.
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