Problemas na Mercedes? O ano de Max ou Hamilton no topo do topo? Este é um guia rápido da nova temporada da F1, que já arrancou
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É já este fim de semana, com o GP Bahrain, que arranca a temporada 2021 do Mundial de Fórmula 1 e há recordes para bater mas também uma dúvida no ar: estará a Mercedes mais vulnerável que em anos anteriores? E num ano em que o GP Portugal volta a estar no calendário, a F1 vai ver de novo o nome Schumacher na grelha
Já se sabe que dos testes de pré-temporada da Fórmula 1, que esta época se mudaram de Barcelona para o Bahrain, se pode tirar um ou outro apontamento, mas nunca a big picture do que aí vem. Que o diga a Ferrari, que passou anos e anos a brilhar nos testes para depois ser irremediavelmente batida pela Mercedes quando a coisa interessava verdadeiramente.
Mas este ano, talvez pela primeira vez em muito tempo, viu-se uma Mercedes desconfortável. Valtteri Bottas teve problemas na caixa de velocidades logo no primeiro dia de testes, Lewis Hamilton pareceu sempre em luta com a parte posterior do W12 e fez dois atípicos piões, além de ambos terem sido dos pilotos com menos quilometragem no Bahrain - no total, a Mercedes fez 304 voltas face às 422 de Alfa Romeo e AlphaTauri, as equipas que mais rodaram.
O fim de semana de arranque da temporada servirá para tentar perceber se o que se passou nos testes teve o seu quê de bluff, algo a que a Mercedes também já nos habituou, ou se de facto a melhor equipa da última década está mais vulnerável do que nunca. E quem parece em posição de aproveitar essas fragilidades é a Red Bull, que deitou para trás das costas a fama de começar as épocas por baixo, ao ser a equipa mais forte nos testes do Bahrain, com o motor Honda e Max Verstappen a deixarem excelentes indicações.
Com 23 anos, mas a entrar já na 7.ª temporada na Fórmula 1, o holandês parece finalmente em posição de lutar com Hamilton e a Mercedes pelo título mundial e assim impedir o britânico de chegar ao topo do topo em 2021.
Já lá vamos.
Hamilton pode bater o recorde de Michael Schumacher e tornar-se no primeiro oito vezes campeão de F1
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Os centenários de Hamilton e o 8.º título (entre outros recordes)
Na última época, Lewis Hamilton conseguiu no GP Portugal a sua 92.ª vitória, deixando definitivamente para trás Michael Schumacher na lista de maiores vencedores da categoria. Até ao fim do ano reforçaria o recorde com mais três vitórias (95) e está agora a apenas cinco do centenário, do número redondo (e impressionante) de 100 triunfos na Fórmula 1. Antes, poderá chegar a outro centenário, o de pole positions: tem neste momento 98.
É claro que mais do que qualquer centenário, o recorde que verdadeiramente interessa é apenas um: o 8.º título de campeão mundial, algo absolutamente inédito na história da F1 e mais um registo que Hamilton poderá roubar a Michael Schumacher - ambos estão agora igualados no topo da lista, com sete títulos cada. O britânico pode chegar também pela primeira vez à marca de cinco títulos seguidos, algo que só Schumacher conseguiu, na Ferrari.
Mas há mais registos em que Hamilton poderá igualar ou mesmo roubar a Schumacher em 2021: bastar-lhe-á apenas liderar 12 voltas para se tornar no piloto que mais voltas passou na frente e uma única vitória vai permitir ao britânico igualar o alemão como os únicos pilotos a ganhar corridas em 15 temporadas seguidas. Caso vença o GP Hungria, lá mais para o verão, Hamilton tornar-se-á no primeiro piloto a conseguir nove triunfos no mesmo circuito, um recorde que partilha com Schumacher, que venceu oito vezes o GP França, quando este se disputava em Magny-Cours.
Mick Schumacher, cara chapada de Michael, aqui em primeiro plano ao lado do colega Nikita Mazepin
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O nome Schumacher de volta à grelha
E por falar em Schumacher: 2021 marca o regresso do sobrenome às pistas de F1. Mick Schumacher é o filho mais novo de Michael e fará a estreia este fim de semana pela Haas no GP Bahrain, depois de na última temporada já ter feito uma das sessões de treinos livres pela equipa norte-americana no GP Abu Dhabi.
Acabadinho de fazer 22 anos, o jovem sucede ao pai, sete vezes campeão do Mundo, e também ao tio Ralf, que teve uma carreira bem mais modesta que o irmão mais velho, mas ainda assim bastante respeitável, com seis vitórias em GPs. Com o pouco competitivo Haas, Mick terá dificuldades em conseguir bons resultados, mas chega à F1 com as credenciais de campeão de F2 e F3, as duas principais fórmulas de acesso à categoria máxima.
E, principalmente, com o peso de um nome.
Algo que não parece assustar Mick, cara chapada do pai, semelhante até nos gestos e na maneira de falar e que até começou a correr nos karts com sobrenome da mãe. Agora diz ter “orgulho” em usar o nome Schumacher. “Sinto-me muito confortável com a posição que tenho. Tenho orgulho no nome que carrego e em trazê-lo de novo para a Fórmula 1”, disse já no Bahrain à ESPN.
Curiosamente, Mick vai partilhar a pista com vários pilotos que ainda correram com o pai. Lewis Hamilton, Sebastian Vettel, Fernando Alonso, Kimi Raikkonen, Sergio Perez e Daniel Ricciardo, todos na grelha de 2021, estavam no Mundial na última temporada de Michael Schumacher, em 2012, então com a Mercedes.
A McLaren foi há um ano a melhor equipa do segundo pelotão
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Qual será a 3.ª equipa?
Tal como em 2020, Mercedes e Red Bull estarão na frente e na discussão do título e isso não é novidade nenhuma. Também não será novidade que o chamado segundo pelotão será muito competitivo, já o foi há um ano. Mas talvez não tão competitivo como em 2021.
À entrada para o primeiro fim de semana do ano, é impossível dizer quem será a 3.ª melhor equipa da grelha, com McLaren, Ferrari, Aston Martin, Alpine (nova designação da Renault) e AlphaTauri a aparecerem com um nível aparentemente semelhante e com a própria Alfa Romeo a querer entrar para este segundo grupo de equipas, depois de nos últimos anos ter andado mais próxima da Williams e da Haas na cauda do pelotão.
Nos testes de pré-temporada, a McLaren apareceu coesa e a Ferrari aparentemente muito melhor que há um ano, um dos piores da história da escuderia italiana. A AlphaTauri surpreendeu com a rapidez do motor Honda, com a Aston Martin e a Alpine a deixarem mais dúvidas. Mas tudo poderá mudar quando a competição começar a sério.
Corridas mais rápidas, para novos públicos e maior audiência: será já este ano?
Clive Mason - Formula 1/Getty
A possibilidade da introdução de corridas sprint
Os últimos anos (talvez com uma ajudinha da Netflix) trouxeram um público mais jovem à Fórmula 1, mas o formato do fim de semana com treinos à sexta-feira, qualificação ao sábado e uma corrida que muitas vezes se aproxima das duas horas ao domingo parecem coadunar-se pouco com os novos públicos, à procura de conteúdos mais imediatos.
A introdução de corridas mais curtas, as chamadas corridas sprint, ideia que terá a aceitação da generalidade das equipas, é uma possibilidade já para 2021, num formato experimental em três dos grandes prémios, uma espécie de teste para aquilo que poderá ser o futuro da disciplina que procura não só dar mais um elemento de imprevisibilidade como um boost às audiências televisivas de sexta-feira e sábado.
Apesar de nada estar para já oficializado, a ideia passaria por fazer uma corrida sprint ao sábado, com cerca de um terço da duração de um grande prémio normal e que serviria de qualificação para a prova de domingo. Os primeiros classificados receberiam também pontos, para aumentar a competitividade.
A 2 de maio, a F1 está de regresso às colinas do traçado de Portimão
Dan Istitene - Formula 1
O regresso do GP Portugal
Com o calendário esticado para 23 corridas (o mais longo da história) e a saída do GP Vietname e GP China, abriu-se a possibilidade para que o regresso de Portugal ao calendário em 2020 não fosse apenas uma vez sem exemplo, uma contingência destes tempos de pandemia.
Assim, o GP Portugal está de regresso em 2021. O traçado dançante de Portimão agradou a pilotos e equipas e é já no dia 2 de maio que motores voltam a roncar no Algarve, desta vez, presumivelmente, sem a presença de público - ao que tudo indica, e ao contrário do ano passado, o GP Portugal irá disputar-se à porta fechada.